Com a pandemia de Covid-19 se alastrando dia após dia, há um grande alarde entre as pessoas e, consequentemente, um aumento gradual na demanda por mecanismos de prevenção. Além do álcool em gel, as máscaras de proteção também são um dos itens mais procurados e, a prova disso, é que ambos estão em falta no mercado.
Mas a pergunta que cabe é: quem realmente precisa usar máscaras, tendo em vista que a procura está maior que a oferta? A reportagem entrou em contato com o médico Enrique Falceto de Barros, que é Médico de Família e Comunidade na Clínica da Família Teewald, em Santa Maria do Herval, para entender há quem se estende a necessidade prioritária do uso do equipamento.
De acordo com Enrique, de forma geral o usa de máscaras é restrito para os ambientes da saúde. “A Organização Mundial da Saúde recomenda que as pessoas deixem o uso de máscaras para os profissionais da saúde”, disse, destacando que o pico da pandemia ainda não chegou no Brasil. “Há uma onda de pânico entre as pessoas, até entre os profissionais da saúde. Eu até entendo o temor, mas se continuar assim, vai faltar máscaras para quem trabalha na saúde e nós ainda nem chegamos no pico da proliferação do vírus. E se isso acontecer, haverá um colapso no sistema da saúde”, explicou.
De acordo com a OMS, as máscaras faciais descartáveis devem ser utilizadas por profissionais da saúde, cuidadores de idosos, mães que estão amamentando e pessoas diagnosticadas com o coronavírus. As demais pessoas devem utilizar lenço descartável para higiene nasal. Deve-se cobrir o nariz e a boca com um lenço de papel quando espirrar ou tossir e jogá-lo no lixo.
Prioridade
“Quem está usando máscaras indevidamente nesse momento, está queimando a máscara de um profissional da saúde”, alerta o médico, ressaltando que, na Itália, 10% dos contaminados (de acordo com os dados mais recentes da Federação Nacional da Ordem dos Médicos) são dos profissionais que atuam na área da saúde já em consequência da falta de equipamentos de proteção. O médico teme que a mesma situação possa acontecer no Brasil, devido à falta de material para os profissionais que terão que trabalhar desprotegidos, sem equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados.
“Quem está usando máscaras indevidamente nesse momento, está queimando a máscara de um profissional da saúde”
Colapso
Enrique destaca que até mesmo a própria equipe médica dos profissionais de Saúde da Família só deve usar máscaras caso estejam diante de um paciente sintomático. “Se não fizermos algo o sistema de saúde vai entrar em colapso. Vai ser um ‘salve se quem puder’. E se isso acontecer, teremos que adotar a Medicina de Guerra, na qual os médicos terão que escolher quem vai para o respirador e quem vai morrer”, disse, dando como exemplo novamente a situação da Itália.
Máscaras de pano
O médico orienta que, quem se sentir mais seguro usando uma máscara, pode faze-las de forma manual. “As pessoas podem produzir máscaras em casa, usando pano ou, até, filtro de café”, disse ele, enfatizando que todos os procedimentos para evitar o alastramento do vírus são importantes pois apesar de a maioria ser assintomática, podem contaminar mais pessoas, inclusive que possuem algum tipo de vulnerabilidade. “Todos precisam ajudar para que o sistema de saúde não entre em colapso”, disse.
O médico destaca que quem tiver alguma dúvida relacionada ao assunto, pode buscar esclarecimentos no Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus, que segue em anexo no final da reportagem.
Produção de máscaras parada
A reportagem entrou em contato com uma das principais empresas de fabricação desses materiais de segurança na área da saúde do país, que possui sua matriz em Limeira-SP e fornece o material para todo o Brasil. Na entrevista, se confirmou o temor do médico Enrique. De acordo com a empresa, a produção de máscaras – assim como de outros produtos, está parada devido à falta de matéria prima. A empresa informou ainda que não há prazo de quando as atividades serão retomadas.
Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus: Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus
Fonte: O Diário