+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org
Estudo Vincula Perfuração de Gás Natural a Problemas de Saúde em Crianças e Residentes na Pensilvânia

Estudo Vincula Perfuração de Gás Natural a Problemas de Saúde em Crianças e Residentes na Pensilvânia

Comunidades Locais Sofrem Impactos à Saúde devido à Exploração de fracking na Região

Pensilvânia, EUA – Um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia trouxe à tona preocupações alarmantes sobre a extração de gás natural por meio de fracking na região e seus impactos potenciais na saúde das crianças e residentes locais. O estudo, que analisou dados abrangentes ao longo de vários anos, revela uma ligação preocupante entre a extração de gás natural e problemas de saúde que afetam diretamente a população local.

Enquanto a indústria de fracking cresceu, cresceram também as preocupações sobre os seus impactos na saúde das comunidades locais. O estudo, que envolveu uma análise de dados de saúde de milhares de crianças e adultos que vivem perto de poços de fracking, estabelece uma série de problemas de saúde que parecem estar relacionados à perfuração de gás.

Principais descobertas do estudo:

Nos relatórios, os pesquisadores identificaram o que descreveram como ligações substanciais entre a atividade da indústria de fracking e duas condições de saúde: a ocorrência de asma e linfoma em crianças, estas sendo normalmente pouco comuns com esse tipo de câncer.

No estudo sobre o câncer, os pesquisadores constataram que crianças que residiam a uma distância de 1,6 milhas de um poço tinham entre cinco e sete vezes mais chances de desenvolver linfoma em comparação com aquelas que moravam a 8 milhas ou mais de um poço. Isso se traduz em uma incidência de 60 a 84 casos de linfoma por um milhão de crianças que vivem nas proximidades de poços, em contraste com 12 casos por um milhão entre as crianças que vivem em locais mais distantes.

Quanto à asma, os pesquisadores chegaram à conclusão de que indivíduos com distúrbios que residiam nas proximidades de poços de gás eram mais expostos a experiências  de reações graves durante a extração de gás, em contraste com aqueles que não viviam nas imediações dos poços.

Uma variante altamente incomum de câncer ósseo, denominada sarcoma de Ewing, foi descoberta em grupos de crianças e jovens adultos que residiam numa região fortemente afetada pela perfuração de poços nos arredores de Pittsburgh.

Fracking May Be Hazardous to Your Child's Health

Foto: Moms Clean Air Force

Fracking, resultou na perda de vidas de aproximadamente 20 indivíduos na Pensilvânia entre 2010 e 2017.

A Pensilvânia ocupa a posição de segundo maior produtor de gás natural nos Estados Unidos, superado apenas pelo Texas. Durante o período de 2010 a 2017, o estado viu a autorização de aproximadamente 20.677 poços de fracking, com cerca da metade deles efetivamente perfurados. Um dos subprodutos notáveis ​​de fracking é a poluição por partículas, especificamente como PM 2,5, composto por minúsculas partículas de produtos químicos que são transportados pelo ar. Quando inaladas, essas partículas alcançam os pulmões e a corrente sanguínea, aumentando os riscos de câncer e desencadeando problemas cardíacos e respiratórios. A exposição ao PM 2,5 resultou na perda de cerca de 20.000 vidas de cidadãos americanos a cada ano.

Estudo aponta que as comunidades profundamente afetadas enfrentariam taxas mais elevadas de diversos impactos à saúde, tais como nascimentos prematuros, gestações de alto risco, casos de asma e doenças cardiovasculares. No entanto, este estudo em particular se destaca por ser o pioneiro na exploração direta da relação entre o local do PM 2,5, causado pelo fraturamento, e as mortes decorrentes de problemas respiratórios e cardíacos que podem ser diretamente direcionados a esse incremento de partículas no ar.

Os pesquisadores empregaram informações de satélite fornecidas pela NASA para estimar as emissões diárias de PM 2,5 geradas por todos os poços de fraking no estado da Pensilvânia ao longo do período de sete anos compreendido entre 2010 e 2017. A fim de determinar o número de óbitos decorrentes da exposição a essas emissões, eles utilizaram dados de mortalidade desagregados por condado, disponibilizados pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, e aplicaram metodologias condicionais para calcular a contribuição das mortes ocorridas na Pensilvânia durante esse intervalo de tempo, que poderia ser diretamente atribuído aos aumentos na exposição ao PM 2,5.

O condado de Washington foi o mais impactado no estado, registrando um total de 4,26 óbitos atribuídos às emissões de PM 2,5 resultantes de fraturamento hidráulico no período compreendido entre 2010 e 2017.

A poluição por partículas provenientes dos poços de fraturamento hidráulico na Pensilvânia teve um custo humano alarmante, resultando na perda de aproximadamente 20 vidas. Este cenário dramático evidencia os impactos devastadores que a indústria do gás natural pode ter sobre a saúde pública, à medida que a exposição constante ao PM 2,5, composta por minúsculas partículas químicas transportadas pelo ar, desencadeou problemas de saúde, incluindo câncer, doenças cardíacas e respiratórias.

Study: Fracking emissions pose health risks | Upstream Online

Foto: Upstream Online

A campanha Não Fracking Brasil é um apelo à ação em prol do meio ambiente e da saúde pública. Juntos, podemos fazer a diferença e exercer uma proibição do fraturamento hidráulico no Brasil, protegendo nossas águas, nosso ar e nossas comunidades. Assine a petição, compartilhe essa mensagem com seus amigos e familiares, e envolva-se em sua comunidade para promover a transição energética justa. 

Por Dálcio Costa – Instituto Internacional ARAYARA | COESUS – Coalizão Não fracking Brasil

Fracking e a Agricultura: Como a Prática Ameaça a Segurança Alimentar

Fracking e a Agricultura: Como a Prática Ameaça a Segurança Alimentar

Brasília – O fracking, uma técnica de extração de gás de xisto que tem se espalhado rapidamente em várias partes do mundo, trouxe uma série de preocupações ambientais e de saúde pública. Além dos riscos conhecidos, uma questão crítica vem à tona: como essa prática impacta a agricultura e a segurança alimentar? 

O fraturamento hidráulico, conhecido como fracking, é um método de extração de gás de xisto (Shale Gas) que envolve injeção de água potável, areia e produtos químicos a alta pressão no subsolo para liberar o gás aprisionado nas rochas. O processo deixa o subsolo destroçado, como explica a Coordenadora Nacional da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil, Nicole Oliveira na audiência pública “Efeitos do fracking para extração de gás xisto – 24/10/2023”

A contaminação de recursos hídricos e solos representa uma ameaça séria para a agricultura e a segurança alimentar. Os produtos químicos tóxicos no processo de fracking têm o potencial de infiltrar-se nos aquíferos, que desempenham um papel crucial na irrigação e no abastecimento de água potável para comunidades agrícolas. Esse comprometimento da qualidade da água não apenas coloca em risco a saúde dos agricultores e dos consumidores, mas também prejudica a produtividade das colheitas, afetando a oferta de alimentos e aumentando a dependência de recursos hídricos alternativos, muitas vezes escassos.  Um exemplo é a produção de maçãs na região de Neuquén, na Argentina, onde a produção está cercada de poços de fracking, o que fez o Chile vender “Maçãs Livre de Fracking”.

Contaminação por fracking faz produtores da Argentina perderem mercado -  FUNVERDE

Foto: COESUS

O consumo intensivo de água associado ao fracking é um fator crítico que gera preocupações substanciais. Em regiões já propícias à escassez de água, o uso significativo de recursos hídricos pela indústria de extração de gás pode agravar ainda mais a situação, deixando as comunidades locais vulneráveis ​​à falta desse recurso vital. A competição crescente entre a indústria de fracking e a agricultura pelo acesso à água exacerba os desafios enfrentados pelos agricultores, pois as operações agrícolas dependentes da água para a segurança e a produção de alimentos. 

O uso significativo de água na prática do fracking é evidenciado pelo fato de que a quantidade de água necessária para o poço pode variar consideravelmente, oscilando entre cerca de 1,5 milhão de galões e surpreendentes 16 milhões de galões, como aponta o United States Geological Survey. Essa ampla gama de consumo de água é um reflexo da complexidade da extração de gás natural por fraturamento hidráulico, uma vez que varia de acordo com a localização geográfica, a profundidade do poço e as condições locais.

Impactos nas Cadeias Alimentares Locais

A agricultura representa o sustento de inúmeras comunidades rurais em todo o mundo, gerando empregos, fornecendo alimentos e sustentando a economia local. À medida que as terras agrícolas são convertidas em locais de exploração de gás, as comunidades rurais perdem uma parte significativa das suas áreas cultiváveis. Esse processo de conversão coloca em risco a colocação de cadeias de fornecimento de alimentos locais, afetando as qualidades na produção agrícola. A redução na produção de alimentos locais pode levar a uma maior dependência de alimentos importados, muitas vezes sujeita a flutuações de preço e disponibilidade, prejudicando assim a segurança alimentar dessas comunidades.

Além disso, a conversão de terras agrícolas em áreas de exploração de gás pode resultar em perturbações ambientais significativas, incluindo a manipulação do solo, a poluição do ar e a contaminação da água. Isso pode afetar a qualidade dos produtos agrícolas remanescentes, tornando-os potencialmente menos seguros para o consumo. 

Além dos impactos diretos no meio ambiente e na produção de alimentos, os agricultores que residem nas proximidades de poços de fracking frequentemente relatam preocupações alarmantes quanto à exposição a produtos químicos tóxicos e à poluição do ar. A inalação de substâncias químicas contaminantes e poluentes atmosféricos pode resultar em problemas de saúde graves para esses trabalhadores, que desempenham um papel fundamental na produção de alimentos. Essas preocupações não afetam apenas o bem-estar dos agricultores, mas também têm implicações diretas para a segurança alimentar das comunidades em que vivem e trabalham, destacando a urgência de medidas que protejam a saúde daqueles que alimentam a nação e garantam alimentos seguros e saudáveis ​​para todos.

Cientistas da Escola de Saúde Pública Harvard TH Chan analisaram registros de saúde de 15 milhões de beneficiários do Medicare, o programa de seguro de saúde que abrange pelo menos 95% dos americanos com 65 anos ou mais, que residem em áreas de significativa exploração de petróleo e gás entre 2001 e 2015. Além disso, eles coletaram dados abrangentes sobre aproximadamente 2,5 milhões de poços de petróleo e gás que abrangem os principais estados de exploração, de Montana ao Texas e Pensilvânia. Segundo o estudo publicado na revista Nature Energy, quanto mais próximo as pessoas vivem de uma operação de petróleo e gás, maior é o risco de mortalidade precoce, mesmo após a consideração de fatores socioeconômicos, ambientais e demográficos, como gênero e raça.

Fracking the Poor - In These Times

Foto: In These Times

O fracking, apresenta uma ameaça real. Diante dessas preocupações, apoiar a campanha Não Fracking Brasil torna-se essencial para a preservação do nosso meio ambiente e da vitalidade da nossa agricultura. Acesse o site Não Fracking Brasil para obter mais informações sobre como você pode se envolver e apoiar esforços que visam proteger nossas terras, nossa água e nossa segurança alimentar. A ação coletiva é fundamental para garantir um futuro sustentável para as gerações vindouras.

Por Dalcio Costa – Instituto Internacional ARAYARA | COESUS –  Coalizão Não Fracking Brasil