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Últimas partes do Oceano Ártico cobertas de gelo podem não sobreviver às mudanças climáticas

Últimas partes do Oceano Ártico cobertas de gelo podem não sobreviver às mudanças climáticas

Um novo estudo descobriu que a “última área de gelo”, uma região ártica conhecida por sua espessa cobertura de gelo, pode ser mais vulnerável às mudanças climáticas do que os cientistas suspeitavam.

Esta zona congelada, que fica ao norte da Groenlândia, ganhou este nome porque, embora seu gelo cresça e diminua sazonalmente, grande parte do gelo marinho era considerado espesso o suficiente para persistir durante o calor do verão.

Mas durante o verão de 2020, o Mar Wandel – na parte oriental da área – perdeu 50% de sua concentração de gelo, trazendo a cobertura ao seu nível mais baixo desde que os registros começaram.

No novo estudo, desenvolvido por cientistas da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, os pesquisadores descobriram que as condições meteorológicas estavam causando o declínio, mas as mudanças climáticas tornaram isso possível, diminuindo gradualmente o gelo da área ano após ano. Isso sugere que o aquecimento global pode ameaçar a região mais do que sugeriam os modelos climáticos anteriores.

Ursos polares, focas e morsas correm risco de perderem a última região coberta de gelo nesta área do Oceano Ártico. À medida que a mudança climática derrete outras regiões do Ártico, isso pode significar problemas para os animais que dependem do gelo do mar para se reproduzir.

A área se estende por mais de 2.000 quilômetros, da costa norte da Groenlândia até a parte oeste do arquipélago ártico canadense. Lá, o gelo marinho tem tipicamente pelo menos 5 anos de idade, medindo cerca de 4 metros de espessura.

Como em outras partes do Oceano Ártico, o gelo ali tem se tornado cada vez mais fino.

O estudo, que utilizou dados de satélite e modelos de gelo marinho para descobrir o que criou essa diminuição, apontou que cerca de 80% foi devido a fatores relacionados ao clima, como ventos que quebram e movem o gelo.

Os outros 20% vieram do afinamento a longo prazo do gelo marinho devido ao aquecimento global.

O modelo descobriu que ventos incomuns moveram o gelo marinho para fora da área, mas que a tendência de diluição de vários anos também contribuiu, permitindo que mais luz solar aquecesse o oceano. Então, quando os ventos aumentaram, essa água quente foi capaz de derreter os blocos de gelo próximos.

Em gelo fino

Observações de satélite e modelos climáticos revelaram que, em 2020, ventos incomuns que se moviam para o norte quebraram o gelo marinho e o empurraram para longe do Mar Wandel. Na verdade, a cobertura recorde de gelo marinho em 2020 teria sido menor ainda se não fosse pelo gelo espesso que se infiltrou na área durante os meses de inverno daquele ano.

As extensões mais baixas da cobertura de gelo do Ártico ocorreram nos últimos 15 anos, e as projeções climáticas sugerem que o gelo marinho de verão em todo o Ártico, exceto nesta área, pode desaparecer completamente em 2040.

No ano passado, o Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo (NSIDC), nos Estados Unidos, descobriu que o mínimo de gelo marinho do Ártico atingiu seu segundo ponto mais baixo de todos os tempos (depois de 2012). E embora o novo estudo tenha investigado apenas o Mar Wandel, os dados sugerem que no verão o gelo marinho em toda a última área de gelo também pode estar em risco.

Embora o novo estudo não diga se ou quando a Última Área de Gelo pode derreter completamente, a tendência de derretimento acelerado deve continuar.

As descobertas foram publicadas ontem na revista científica Communications Earth and Environment.

Com informações da Universidade de Washington e Live Science.