Médicos da Academia Americana de Oftalmologia (AAO, na sigla em inglês), na Califórnia, alertaram que um dos sintomas de coronavírus em algumas pessoas pode ser conjuntivite
Os especialistas se basearam em dados da China, segundo os quais um em 30 pacientes com COVID-19 foi diagnosticado com conjuntivite.
Outro estudo, citado pelos médicos americanos, diz que 19 de 1.099 (0,8%) pacientes com coronavírus na China também apresentaram conjuntivite. Os dados foram recolhidos em 30 hospitais de todo o país asiático.
A recente estratégia de confinamento adotada em vários Estados brasileiros, para combater o avanço da curva do contágio do novo corona vírus fez com que milhões de pessoas precisassem se adaptar ao dia a dia dentro de suas próprias casas, em regimes de homeoffice ou simplesmente afastamento total, para aqueles de nós que apresentamos sintomas que podem colocar em risco até entes queridos.
Pensando nisso, o Jornal Diáspora Negra preparou uma lista com 22 cursos de História e Cultura afro-diaspórica que podem ser assistidos gratuitamente pelo Youtube. Já que não temos muita escolha (nós, que levamos a sério o novo corona vírus), que usemos nosso tempo para nos reconectarmos com nossa ancestralidade preta.
Preocupado em evitar uma forte retração econômica, o presidente Jair Bolsonaro contraria a orientação de epidemiologistas e tenta convencer a maioria dos brasileiros a abandonar a quarentena contra o novo coronavírus. Na sua avaliação, apenas os mais idosos e portadores de outras doenças deveriam ficar em casa.
Médicos e economistas críticos a essa proposta têm argumentado, no entanto, que essa estratégia levaria à rápida expansão da doença no Brasil — o que também provocaria danos à economia, além de um número maior de mortes.
Um estudo sobre os efeitos da epidemia de gripe espanhola sobre cidades americanas em 1918 indica que, ao menos um século atrás, medidas preventivas de isolamento social foram positivas não apenas para prevenir mortes, mas também amenizar o impacto da pandemia sobre a economia.
Ao analisar como se deu a recuperação econômica em 43 cidades americanas após o fim do surto de gripe espanhola, seus autores concluíram que a atividade voltou a crescer mais rápido onde as autoridades municipais adotaram medidas para conter a expansão da epidemia, em comparação com locais que não atuaram para reduzir o contágio.
A pesquisa publicada na útima quinta-feira (26/03) é assinada pelos economistas Sergio Correa, do Banco Central americano, Stephan Luck, do Banco Central de Nova York, e Emil Verner, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
Segundo eles, diversas cidades americanas adotaram em 1918 estratégias de distanciamento social similares às que têm sido usadas hoje ao redor do mundo contra o coronavírus, como “fechamento de escolas, teatros e igrejas” e “a proibição de reuniões de massa”.
Além disso, também aplicaram outras ações como “uso obrigatório de máscara, isolamento de pessoas infectadas, tornar a gripe uma doença notificável e medidas públicas de desinfecção e higiene”.
A adoção dessas políticas contra a gripe espanhola, no entanto, não foi uniforme em todo país. “As autoridades da cidade de Filadélfia intervieram apenas muito tarde e até permitiram a realização de grandes reuniões públicas, como o Liberty Loan Parade (um desfile patriótico para angariar fundos para os esforços militares americanos na 1ª Guerra Mundial), amplamente frequentado”, diz o estudo.
“Como consequência, a Filadélfia teve um aumento considerável na mortalidade relacionada à gripe espanhola durante o outono de 1918. As autoridades da cidade de Saint Louis, por outro lado, intervieram rapidamente, e a taxa final de mortalidade foi substancialmente mais baixa.”
Recuperação mais rápida da indústria e dos bancos
Ao comparar a forma como 43 cidades usaram essas medidas, os economistas notaram que ações preventivas precoces e com mais intensidade não agravaram a crise econômica.
“Pelo contrário, cidades que intervieram antes e mais agressivamente experimentam um aumento relativo do emprego na indústria, da produção industrial e dos ativos bancários em 1919, após o fim da pandemia”, dizem os autores.
Para essa análise, foram cruzados dados como a duração das medidas adotadas, as mortes por gripe espanhola registradas nestas cidades e seus indicadores econômicos.
Ações preventivas adotadas dez dias antes da chegada da doença contribuíram para um aumento de 5% no emprego industrial das cidades no período posterior à pandemia de 1918, por exemplo.
Da mesma forma, implementar essas medidas preventivas por mais 50 dias resultaram em um crescimento de 6,5% do emprego na indústria após o fim da pandemia.
Segundo os autores, medidas preventivas que restringem a interação social realmente deprimem a atividade econômica. Mas eles ressaltam que a expansão da epidemia quando essas medidas não são adotadas também impacta negativamente a economia, já que as famílias reduzem por conta própria seu consumo e trabalho para diminuir a chance de contrair a doença.
“Assim, enquanto as medidas preventivas diminuem a atividade econômica, elas (ao mesmo tempo) podem resolver problemas de coordenação associados ao combate à transmissão de doenças e mitigar a ruptura econômica relacionada à pandemia”, observam os economistas.
Ações para reduzir a expansão da doença “podem reduzir a mortalidade e, ao mesmo tempo, serem economicamente benéficas”.
O que o estudo sinaliza para a pandemia de 2020?
Os autores do estudo afirmam que “há lições importantes da gripe de 1918 para a pandemia atual de covid-19 (nome da doença causada pelo coronavírus)”. Eles reconhecem, porém, que há alguns limites na comparação do contexto atual com o de um século atrás.
Estimativas indicam que a taxa de mortalidade da gripe espanhola é maior que a da covid-19, especialmente entre trabalhadores mais jovens, o que sugere que o impacto econômico da pademia de 1918 pode ter sido maior.
Além disso, elementos importantes da economia atual — como o avanço de tecnologias de comunicação, o crescimento do setor de serviços e a grande complexidade da cadeia mundial de fornecedores — não estavam presentes em 1918 e, por isso, não são capturados na análise econômica da pandemia de gripe espanhola.
O pesquisador Marcelo Medeiros, professor visitante na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, também aponta limitações no estudo para entender a crise do coronavírus no Brasil, já que a economia do país de hoje é muito diferente da americana em 1918.
“Estamos vivendo uma crise sem precedentes. Por isso, nada do passado serve de referência exata para o nosso futuro. A gente ainda sequer conhece os detalhes dessa epidemia, que pode progredir em várias direções diferentes”, pondera.
Feita essa ressalta, Medeiros considera que devemos “prestar atenção no recado que o estudo dá”, em especial para analisar como diferentes países estarão posicionados para se recuperar após a pandemia.
“O país que tomar a decisão de se proteger bem agora, controlar a epidemia o máximo possível, vai ter uma vantagem em termos globais. Ao sair mais rápido e menos abalado da crise, vai entrar numa posição de vantagem na economia internacional”, afirma ele.
Medeiros cita como exemplo a Alemanha, que já anunciou medidas contra crise que somam mais de 30% do seu PIB.
“A Alemanha está agindo massivamente para combater a epidemia e os efeitos da recessão causada por ela. Está claramente com uma estratégia de avançar em posições na geopolítica global, no seu poder econômico, saindo de uma crise em boas condições”, avalia.
Para Medeiros, é um processo semelhante com o que ocorreu com os Estados Unidos após a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), conflito que devastou especialmente as potências europeias.
“Em alguma medida a gente já observou isso no passado. Foi o que aconteceu quando os Estados Unidos saíram da 2ª Guerra sem destruição do seu capital físico. Eles se tornaram rapidamente a maior potência mundial”, compara.
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