por Comunicação Arayara - Nívia Cerqueira | 04, nov, 2024 | Indígenas |
Em um esforço para reafirmar a resistência e a proteção de seu território, o povo Mura, da região do Baixo Rio Madeira, realizou esta semana, entre os dias 30 de outubro e 1º de novembro, o VII Encontro do Povo Mura da Resistência, na aldeia São Félix, em Autazes (AM). O evento reuniu lideranças indígenas e organizações parceiras em uma mobilização contra as ameaças ambientais e as pressões sobre as terras Mura, impulsionadas pelo avanço de projetos de mineração e pela crise climática.
“Este encontro se consolida como um esforço de resistência, proteção e celebração da cultura Mura e dos povos da floresta, com um apelo a todos os aliados para a preservação da Amazônia”, declarou o assessor técnico da Resistência Mura, Herton Mura.
Atuando no espaço público nacional e internacional, o Povo Mura da Resistência busca apoio contra a invasão e exploração de suas terras. Durante o evento, o grupo denunciou os impactos negativos desse projeto de exploração de silvinita pela mineradora Potássio do Brasil, alegando que ele desrespeita o Protocolo de Consulta Mura e pressiona as lideranças locais. O projeto afeta diretamente a aldeia Soares, localizada a menos de um quilômetro do local previsto para a mineração.
Fazem parte da Resistência Mura: Rede de Comunicadores(as) Indígenas Mura – RECIM; Organização de Lideranças e Povos Indígenas de Manaquiri – OLPIMA; Associação do Povo Indígena Mura – APIM; Juventude Indígena Mura – JIM; Comunidade Indígena Lago do Soares; Coordenadora da Organização de Lideranças e Povos Indígenas de Careiro – OLPIC; Organização de Lideranças Indígenas Mura do Careiro da Várzea – OLIMCV; e a Organização de Mulheres Indígenas Mura.
Apoio Institucional e Alerta Ambiental
O Instituto Internacional Arayara tem buscado ser um importante aliado do Povo Mura da Resistência contra a expansão das fronteiras de exploração de petróleo na região. A coordenadora do Departamento de Florestas, Comunidades, Clima e Restauro Ecológico da ARAYARA, explica que embora o foco do grupo esteja na questão da mineração de potássio, há também diversos blocos de exploração que ameaçam sobrepor-se às terras indígenas.
“Diante dos impactos da mineração de potássio e dos conflitos internos que ela gera, é essencial barrar esses empreendimentos antes que causem danos ainda mais profundos,” ressaltou.
Durante o encontro, a representante da ARAYARA, apresentou dados preocupantes sobre os impactos ambientais e sociais das atividades de petróleo e gás na Amazônia, com destaque para os efeitos do fracking, ou fraturamento hidráulico – um método que permite a extração de combustíveis líquidos e gasosos do subsolo. Estudos indicam que mais de 90% dos fluidos resultantes do fracking podem permanecer no subsolo. O fluido que retorna à superfície, normalmente armazenado em lagoas abertas ou tanques próximos ao poço, causa impactos como a contaminação do solo, do ar e dos lençóis de água subterrânea.
Segundo a bióloga, a extração de petróleo tem causado sérios danos à fauna e à flora locais, ameaçando diretamente as comunidades. “Os povos indígenas têm direito à consulta prévia, livre e informada, como previsto na Convenção nº 169 da OIT, e esse direito precisa ser respeitado diante do avanço da exploração em áreas sensíveis,” destacou.
Mobilização em Defesa da Amazônia
A Comissão Organizadora do encontro fez um apelo para que representantes de órgãos públicos, organizações ambientais e a sociedade civil se unam em defesa da Amazônia. O evento também debateu a crise climática e a preservação da floresta, buscando estratégias de mitigação para os efeitos globais das mudanças climáticas.
Juliano Bueno de Araújo, diretor-presidente do Instituto Internacional Arayara, alerta que a expansão das fronteiras de exploração de petróleo e gás representa uma ameaça crescente aos territórios indígenas no Brasil. Segundo Araújo, essa pressão é intensificada pelos leilões regulares de concessão realizados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que oferecem blocos para exploração tanto em terra quanto no mar.
“Essa política de concessões impõe uma pressão contínua sobre esses territórios, comprometendo ecossistemas frágeis e ameaçando culturas ancestrais que dependem desse equilíbrio para garantir sua continuidade e preservação”, alertou Araújo.
A comissão também destacou a necessidade de ações práticas diante do desmatamento ilegal e desordenado, que considera uma das maiores ameaças ao território e à cultura Mura.
“Os governos vão ao exterior para falar sobre esses assuntos em espaços como a ONU, mas ninguém está verdadeiramente preocupado com a nossa realidade,” lamentou. “Precisamos agir nós mesmos, porque, se não agirmos, as coisas só vão piorar,” concluiu.
Durante o encontro, foi definida a realização de uma assembleia para criar uma federação que reunirá o povo Mura de toda a região do Baixo Rio Madeira. A federação terá como missão lutar pelos direitos do povo Mura, com foco especial na defesa e proteção de seus territórios.
por Comunicação Arayara - Nívia Cerqueira | 27, ago, 2024 | Defensores Ambientais |
A Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (CONFREM), realizou o Encontro de Planejamento e Articulação Interinstitucional, durante os dias 16 e 22 de agosto de 2024, em Brasília (DF). O evento tem o propósito de formular estratégias que assegurem o reconhecimento e a proteção dos territórios extrativistas tradicionais costeiros e marinhos.
O Instituto Arayara participou ativamente da reunião, reforçando seu compromisso com a defesa do meio ambiente. Durante o encontro, Vinicius Nora, Gerente de Oceanos e Clima da instituição, apresentou dados da ferramenta e ressaltou sua relevância para a preservação dos ecossistemas marinhos, assim como para a sustentabilidade das comunidades tradicionais que dependem desses recursos.
“Nossa presença neste encontro marca o início de um processo de formação de lideranças para o uso do Monitor Oceano. Vamos dar continuidade a esse esforço, visitando as comunidades e realizando encontros online. É essencial que esse movimento social se aproprie da ferramenta”, enfatizou Nora.
A reunião contou ainda com palestras sobre diversos outros temas relacionados ao oceano, como a Estratégia Nacional do Oceano sem Plástico,Programas de Conservação dos Manguezais e Corais,Planejamento Espacial Marinho,e o papel da pesca artesanal. Houve também discussões sobre mudanças climáticas, preparando o Brasil para a COP 30, e a apresentação da Cartilha da Mulher Pescadora, demonstrando a relevância das políticas de inclusão e proteção às mulheres nas comunidades pesqueiras.
Sobre o Monitor Oceano
O Monitor Oceano foi lançado no último dia 14, no mês em que se completam cinco anos do devastador derramamento de petróleo que atingiu a costa nordestina e dois estados do sudeste em 2019. O desastre foi considerado o maior vazamento de petróleo da história do nosso país e um dos maiores do mundo.
A ferramenta foi criada pelo Instituto Internacional Arayara em parceria com o GT Clima e Oceano do Observatório do Clima, Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Povos Tradicionais Extrativistas Costeiros e Marinhos (CONFREM Brasil), Rede de Mulheres Pescadoras da Costa dos Corais, Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), Painel Brasileiro para o Futuro do Oceano (PainelMar) e Instituto Linha D’água.
por Comunicação Arayara | 13, set, 2022 | Fracking |
NOTA
13 de septiembre de 2022
¿Qué es el fracking?
El fracking, también conocido como fracturamiento hidráulico, es un proceso que implica la inyección de grandes volúmenes de agua, productos químicos y arena a alta presión en capas de roca subterránea para liberar el gas natural atrapado. Aunque es una técnica utilizada en varios países, es controvertida debido a los daños ambientales y ecológicos que causa, como la contaminación de las aguas subterráneas, la liberación de gases de efecto invernadero, los terremotos inducidos, entre otros.
La COESUS – Coalición No al Fracking Brasil por el Agua y la Vida, una campaña del Instituto Internacional Arayara, estuvo presente en el Quilombo de Faveira, ubicado en São João dos Patos, en el estado de Maranhão, para llevar a cabo una importante capacitación con 32 residentes. El objetivo del encuentro fue informar y concientizar a la comunidad sobre los impactos del fracking.
Durante la capacitación, representantes de COESUS presentaron información y evidencia científica que demuestra los riesgos asociados al fracking, además de compartir experiencias de otras regiones donde la técnica ya está en funcionamiento. El objetivo fue proporcionar herramientas para que los residentes del Quilombo de Faveira puedan comprender los impactos potenciales y tomar decisiones informadas sobre la preservación de sus territorios.
COESUS destacó la importancia de la unidad y movilización de la comunidad para enfrentar los desafíos planteados por el fracking, enfatizando que la defensa del hogar común y la protección del medio ambiente son responsabilidades de todos. Los residentes del Quilombo de Faveira mostraron un gran interés y compromiso durante la capacitación, demostrando su determinación en proteger su territorio y garantizar un futuro sostenible para las generaciones futuras.
El intercambio de información y experiencias fortaleció los lazos entre la comunidad y COESUS, reafirmando la importancia de las alianzas para construir un movimiento cada vez más sólido en defensa del medio ambiente.
por Comunicação Arayara | 13, set, 2022 | Fracking |
NOTA
Date: September 13, 2022
What is fracking?
Fracking – also called hydraulic fracturing – is a process that involves injecting large volumes of water, chemicals and sand at high pressure into underground rock layers to release trapped natural gas. Despite being a technique already used in several countries, it is controversial because it causes environmental and ecological damage, including contamination of groundwater, release of greenhouse gases, induced earthquakes, etc.
COESUS – Coalition No Fracking Brazil for Water and Life, a campaign by the Arayara International Institute, was present at Quilombo de Faveira, located in São João dos Patos, in the state of Maranhão, to carry out an important training course with 32 residents. The objective of the meeting was to inform and make the community aware of the impacts of Fracking.
During the training, COESUS representatives presented information and scientific evidence that demonstrate the risks associated with Fracking, in addition to sharing experiences from other regions where the technique is already in operation. The aim was to provide subsidies so that the residents of Quilombo de Faveira could understand the potential impacts and make informed decisions about the preservation of their territories.
COESUS highlighted the importance of uniting and mobilizing the community to face the challenges brought by Fracking, emphasizing that defending our common home and protecting the environment are everyone’s responsibility. Residents of Quilombo de Faveira showed great interest and engagement during the training, demonstrating their determination to protect their territory and ensure a sustainable future for generations to come.
The exchange of information and experiences strengthened the ties between the community and COESUS, reaffirming the importance of partnerships for building an increasingly solid movement in defense of the environment.
por Comunicação Arayara | 04, jul, 2022 | Fracking |
NOTA
Data: 13 de setembro de 2022
O que é o fracking?
O fracking – também chamado de fraturamento hidráulico – é um processo que envolve a injeção de grandes volumes de água, produtos químicos e areia, a alta pressão, em camadas de rocha do subsolo para liberar o gás natural que está preso. Apesar de ser uma técnica já utilizada em vários países, ela é controversa por causar danos ambientais e ecológicos, incluindo contaminação da água subterrânea, liberação de gases de efeito estufa, terremotos induzidos etc.
A COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pela Água e Vida, uma campanha do Instituto Internacional Arayara, esteve presente no Quilombo de Faveira, localizado em São João dos Patos, no estado do Maranhão, para realizar uma importante capacitação com 32 moradores. O objetivo do encontro foi informar e conscientizar a comunidade sobre os impactos que o Fracking.
Durante a capacitação, representantes da COESUS apresentaram informações e evidências científicas que demonstram os riscos associados ao Fracking, além de compartilhar experiências de outras regiões onde a técnica já está em operação. O intuito foi fornecer subsídios para que os moradores do Quilombo de Faveira possam compreender os impactos potenciais e tomar decisões informadas sobre a preservação de seus territórios.
A COESUS destacou a importância da união e mobilização da comunidade para enfrentar os desafios trazidos pelo Fracking, ressaltando que a defesa da casa comum e a proteção do meio ambiente são responsabilidades de todos. Os moradores do Quilombo de Faveira manifestaram grande interesse e engajamento durante a capacitação, demonstrando sua determinação em proteger seu território e garantir um futuro sustentável para as próximas gerações.
A troca de informações e experiências fortaleceu os laços entre a comunidade e a COESUS, reafirmando a importância de parcerias para a construção de um movimento cada vez mais sólido em defesa do meio ambiente.