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“Sem Mulher Não Tem Clima”: mulheres lideram debate sobre justiça climática na COP 30

O ARAYARA Amazon Climate Hub sediou na tarde desta segunda-feira (17/11) o painel “Sem Mulher Não Tem Clima”, que discutiu o papel central das mulheres na construção de soluções para a crise climática. 

O evento reuniu ativistas indígenas, negras, quilombolas, periféricas e representantes institucionais, destacando como meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade são desproporcionalmente afetadas pelas mudanças climáticas.

A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG), primeira indígena eleita por Minas Gerais, chamou atenção para os impactos da mineração e da exploração de petróleo e gás sobre mulheres e territórios. Segundo dados da Fiocruz citados pela parlamentar, em áreas afetadas pela expansão fóssil, a violência contra mulheres aumentou, assim como o uso de ansiolíticos e soníferos. Ela relatou ainda que mães de Brumadinho ainda aguardam notícias de parentes desaparecidos.

“Quando se explode um território, nada mais pode viver ali. Não se trata apenas de deslocamento climático, mas de consequências de políticas que legalizam a devastação e a morte”, afirmou Célia.  Presidenta da Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres, Célia defendeu o Projeto de Lei 3640/2025, que propõe a organização e divulgação de dados sobre os impactos da crise climática na vida de mulheres e meninas brasileiras. Ela também destacou a campanha “Sem mulher não tem clima”, que promove o protagonismo feminino na luta por justiça climática.

A parlamentar também mencionou a PEC que reconhece a natureza como sujeito de direitos, ampliando a proteção ambiental e fortalecendo o papel dos povos indígenas na conservação da biodiversidade.

Mariana Galdino, advogada e cofundadora do Instituto Decodifica, representou territórios de favelas do Rio de Janeiro e destacou a importância de reconhecer as favelas como bioma. Ela ressaltou o papel das mulheres negras na reconstrução e preservação ambiental, afirmando que são elas quem enfrentam diretamente os impactos das mudanças climáticas e das violências sociais.

“Nossa luta é por justiça social, que abrange justiça ambiental, de gênero e racial”, disse Galdino, lembrando que mais de 16 milhões de mulheres afrodescendentes vivem em favelas e periferias no Brasil, mas sua representação nas negociações internacionais ainda é limitada. “Não há como construir uma transição energética justa e antirracista sem que as mulheres estejam presentes, cuidando das casas, dos biomas e liderando grande parte do enfrentamento.”

Ela também destacou a importância da participação masculina para fortalecer essas lideranças e do acesso de parlamentares indígenas e negras a espaços de decisão política. “Sem nós nesses lugares, não é possível falar de justiça climática de forma verdadeira.”

Caterin, ativista colombiana, destacou a importância da participação das mulheres em sua comunidade“Crescemos em comunidade e buscamos envolver mulheres de todas as idades. Represento as mulheres do meu território e acredito que mulheres empoderadas são fundamentais para transformar realidades. Se queremos levar essa pauta para a construção de políticas públicas, é essencial nos fortalecermos em rede.

Pamela, estudante boliviana de Biologia, Ecologia e Meio Ambiente, compartilhou sua experiência com o ecofeminismo. “Como podemos cuidar do planeta se nossos próprios corpos e territórios estão sob ataque? Sem mulheres, não há justiça climática. Precisamos trabalhar como irmãs, unidas na luta por justiça climática e proteção dos nossos territórios”, afirmou, lembrando que em seu país já foram registradas cerca de 40 mil denúncias de abusos contra mulheres.

Foto: Oruê Brasileiro/ ARAYARA

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