A exploração do petróleo na região é uma das ameaças evidenciadas no documento, que contou com a presença de lideranças do Pará, Maranhão e Amapá
A Associação dos Usuários das Reservas Extrativistas Marinhas do Estado do Pará (AUREMs) lança “Os Caminhos Para O Bem Viver: Demandas Das Reservas Extrativistas Costeiras E Marinhas Do Estado Do Pará (2023-2025)” nesta sexta, 3 de novembro, ao vivo no Youtube.
Se você se interessa pela pauta socioambiental certamente já ouviu falar sobre a questão da agenda de avanço do Petróleo na costa Amazônica nos últimos tempos. Essa região é a área com maior cobertura de manguezais do país (80%), proprietária do Grande Sistema de Recifes Amazônicos (56 mil km2) e territórios e maretórios de inúmeras comunidades extrativistas. Mas o que querem as comunidades?
Em julho, dias antes dos Diálogos Amazônicos, lideranças de doze reservas extrativistas do Pará, quatro do Maranhão e da Colônia de Pesca do Oiapoque (AP), se reuniram para buscar delinear o protagonismo de suas histórias e construir um livro de demandas almejando “existir para produzir e viver o melhor que a vida tem a oferecer” em seus territórios.
Por que este documento?
“Por representar a vontade coletiva dos pescadores, pescadoras, extrativistas e marisqueiras, os quais atuam cotidianamente nos rios e bosques de florestas que compõem o ecossistema de manguezal amazônico. Homens e mulheres, sujeitos de direitos civis que se organizaram e expuseram neste ato suas reais necessidades, seu clamor por visibilidade e acesso aos mais básicos direitos fundamentais resguardados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, sendo estes pilares basilares da Constituição da República Federativa do Brasil, como a vida bem vivida, a partir do acesso a políticas públicas organizadas pelo Estado brasileiro e direcionadas aos territórios dos povos e comunidades tradicionais.”
As famílias extrativistas que habitam essa região anseiam por algo muito além do “ouro negro” que promete prosperidade, mas traz mudanças impactantes e destrutivas. Em vez disso, clamam por energia limpa e acessível, como a energia solar, que poderia transformar suas vidas e a sustentabilidade de suas atividades econômicas, como o fornecimento básico de energia, essencial para o armazenamento do peixe de forma correta.
Duas representantes da ARAYARA participaram apoiando a elaboração do documento juntamente com diversos parceiros da sociedade civil e citam a importância do lançamento dessa publicação:
“Ter participado desse planejamento trouxe uma forte admiração por todos aqueles que dedicam suas vidas à defesa de seus territórios, dos quais eu também faço parte. Muitos estão na linha de frente desta luta, antes mesmo de compreenderem o que é uma Resex. Acredito que muitos manguezais ainda pulsam com vida, devido ao incansável esforço de todos que fizeram parte deste encontro. E a partir disso, reconheço meu papel em contribuir para ampliar este material, pois presenciei o esforço coletivo em construí-lo.” Kerlem Carvalho, oceanógrafa e mobilizadora social no Instituto ARAYARA.
“São inúmeras as demandas elencadas pelas comunidades extrativistas, mas me parecem pequenas frente o trabalho incansável de proteção ao mangue e a vida feito por esses guardiões e guardiãs, não é exagero quando as mulheres das RESEXs são chamadas de mães do mangue. É pela resistência e trabalho dessas pessoas que esse território tão distante de mim, que vim do sul do Brasil, permanece vivo. Tive o prazer de ouvir as histórias contadas, seja pelo Ataíde, seja cantadas pelo carimbó, de ver e sentir o mangue, de me alimentar dele com o aratu, com o caranguejo, com o açaí, com o turu. As demandas apresentadas pelas RESEXs, são uma chance do Brasil olhar e proteger esse território, de olhar e proteger os guardiões do mangue, de olhar e proteger o nosso país.” Winnie Dobal, geógrafa e mobilizadora social no Instituto ARAYARA.
Baixe aqui o documento completo.
Lista de parceiros dessa construção:
ASSOCIAÇÃO RARE DO BRASIL
COMISSÃO NACIONAL DE FORTALECIMENTO DAS RESEX MARINHAS – CONFREM
GRUPO DE ESTUDOS PAISAGEM E PLANEJAMENTO AMBIENTAL – GEPPAM – UFPA
INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE – ICMBIO
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ – IFPA CAMPUS CASTANHAL
INSTITUTO INTERNACIONAL ARAYARA
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL MAMIRAUÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO RURAL E GESTÃO DE EMPREENDIMENTOS AGROALIMENTARES – PPDRGEA – IFPA CAMPUS CASTANHAL
SECRETARIA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO E DA PESCA – SEDAP
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – UFPA WWF – Brasil