Entre os dias 6 e 8 de junho, o Instituto Internacional ARAYARA participou da oficina presencial do projeto Conexões Oceânicas Sudeste, realizada em Vila Velha (ES).
O encontro marcou o encerramento do ciclo de oficinas virtuais e presenciais do projeto, reunindo representantes de comunidades tradicionais, pescadores, surfistas, pesquisadores, ativistas e organizações da sociedade civil comprometidas com a defesa dos ecossistemas costeiros e marinhos.
O objetivo central da oficina foi promover o debate sobre os impactos da indústria petrolífera, da poluição marinha e das mudanças climáticas nos modos de vida das populações costeiras, incentivando também estratégias de enfrentamento à desinformação e fortalecimento da comunicação ambiental.
Representando a ARAYARA, George Mendes, coordenador técnico de Geociências, apresentou o trabalho desenvolvido pela organização, com destaque para as ferramentas de monitoramento ambiental como o Monitor da Amazônia Livre de Petróleo e o Monitor Oceano. Durante sua fala, Mendes fez um chamado ao engajamento coletivo no ato nacional contra o 5º Leilão de Petróleo, previsto para o dia 17 de junho.
A programação contou ainda com a participação especial da jornalista Cristina Serra, que compartilhou reflexões sobre os desafios enfrentados pela comunicação ambiental no Brasil, especialmente diante da crescente desinformação sobre temas socioambientais.
O evento reforçou a importância do diálogo entre ciência, comunidades e políticas públicas na construção de soluções sustentáveis para os territórios costeiros. Ao final do encontro, os organizadores anunciaram a produção de um relatório em formato policy brief, com recomendações voltadas a jornalistas e tomadores de decisão. O documento será apresentado durante a COP30, que ocorrerá em Belém (PA), em 2025.
Mobilizações contra o 5º leilão de petróleo e gás
Como parte das mobilizações do projeto, no domingo (8), Dia Mundial dos Oceanos, cerca de 30 nadadores e caiaqueiros realizaram um ato simbólico na Prainha da Ilha do Frade, em Vitória (ES). A manifestação alertou sobre os riscos da perfuração de poços de petróleo no litoral capixaba e defendeu a regulamentação da profissão de salva-vidas.
O protesto também se posicionou contra o avanço de empreendimentos predatórios, como resorts, sobre áreas sensíveis dos ecossistemas costeiros.
“Este evento é parte de um esforço coletivo para barrar o leilão da ANP, que ameaça áreas de extrema sensibilidade ambiental”, afirma George Mendes, do Instituto Internacional Arayara.
Ele alerta que o 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão (OPC) ocorre em um momento crítico, com a inclusão inédita de 47 blocos na Bacia da Foz do Amazonas, em águas profundas entre o Amapá e o Pará — uma região de alta relevância ecológica. “Não podemos ficar inertes diante de um ataque tão grave à biodiversidade e aos territórios tradicionais.”
Mendes destaca ainda que a ARAYARA entrou com cinco ações civis públicas, pedindo a retirada de 117 dos 172 blocos ofertados, com base em estudos técnicos que apontam riscos significativos a terras indígenas, unidades de conservação e ecossistemas marinhos e continentais em regiões como a Foz do Amazonas, Fernando de Noronha, Mato Grosso e Rondônia.