+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

PDOT 2025: ARAYARA alerta para riscos ambientais em área de usina termelétrica

No dia 29/3, o Instituto Internacional ARAYARA participou da Reunião Pública de apresentação de propostas para o Macrozoneamento do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) 2025. O evento, promovido pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Distrito Federal (SEDUH), foi realizado no Centro de Ensino Médio Elefante Branco, na Asa Sul, e reuniu cerca de 150 pessoas para discutir 32 pré-propostas que impactam o futuro do DF.

O encontro integra o processo participativo de revisão do PDOT, conduzido em quatro etapas: Diagnóstico, Prognóstico, Propostas e Consolidação. Até o momento, já foram realizadas 54 oficinas em todas as Regiões Administrativas, além de encontros temáticos. A estrutura institucional do processo conta com o Comitê de Gestão Participativa (CGP) e um Grupo Técnico Interministerial (GTI).

O objetivo da revisão do PDOT é estabelecer diretrizes para a ocupação e desenvolvimento do território, incluindo definição de novas áreas de moradia, estratégias de combate às mudanças climáticas, proteção ambiental e hídrica, infraestrutura urbana, mobilidade e regularização fundiária.

Durante o encontro, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), representado pelo promotor Dênio Moura, questionou a ordem em que os temas foram apresentados. Segundo ele, o debate deveria começar pelo Macrozoneamento de Proteção Integral, e não pelo Urbano, como proposto:

“A metodologia poderia começar pelo Macrozoneamento de Proteção Integral para que a questão ambiental norteie o debate do ordenamento territorial, ou estamos aqui dialogando para regularizar cada vez mais áreas que não deveriam estar ocupadas como estão”, afirmou.

O Macrozoneamento Rural foi dividido em seis zonas, sendo uma de Uso Diversificado e cinco de Uso Controlado. A mobilizadora socioambiental da ARAYARA, Raíssa Felippe, chamou a atenção para a Zona Rural de Uso Controlado IV, que inclui áreas de alta sensibilidade ambiental como as bacias do Baixo Rio Descoberto, Alagado e Santa Maria. Segundo ela, a região é marcada por encostas íngremes e solos rasos, o que exige ações como reflorestamento e recomposição da vegetação nativa para controle de erosão e proteção dos recursos naturais.

O diretor técnico da ARAYARA, Juliano Bueno de Araújo, destaca que essa mesma região é o local pretendido para a instalação da Usina Termelétrica (UTE) Brasília, projeto da empresa Termo Norte Ltda. Segundo Araújo, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) elaborado pela consultoria Ambientare menciona que já foi feito um pedido de Certidão de Uso e Ocupação do Solo à SEDUH – justamente o órgão responsável pela revisão do PDOT.

“Essa certidão não deve ser aprovada, pois entra em contradição direta com as diretrizes propostas para o zoneamento. Além disso, há inúmeros impactos negativos associados ao projeto da termelétrica, já identificados por meio de pesquisas técnicas”, afirmou o engenheiro ambiental.

Sobre o PDOT

O Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) é o principal instrumento de planejamento do território do Distrito Federal. Ele orienta ações públicas e privadas para promover o desenvolvimento sustentável, a organização do espaço urbano e rural, e a qualidade de vida da população.

A versão atual, de 2009 (Lei Complementar nº 803), deveria ter sido revista em 2019, conforme prevê o Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257/2001), que exige revisão a cada 10 anos. O processo foi iniciado naquele ano, mas acabou suspenso devido à pandemia, sendo retomado em 2023.

Há uma atualização intermediária feita pela Lei Complementar nº 854, de 2012. A revisão abrange temas como urbanismo, meio ambiente, habitação, mobilidade e economia nas 35 regiões administrativas do DF. Os focos principais são:

-Enfrentamento às mudanças climáticas;

-Proteção dos recursos hídricos;

-Descentralização do desenvolvimento urbano.

As pré-propostas estão disponíveis para leitura, sugestões e votação por meio do link:  https://sistemas.df.gov.br/PDOTSEDUH/Propostas

 

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: STJ:audiência pública discute fracking e impactos ambientais na exploração de gás de xisto

Por Gabriela da Cunha Rio, 8/12/2025 – O Superior Tribunal de Justiça (STJ) analisará nesta quinta-feira, 11, a possibilidade de uso do fraturamento hidráulico (fracking) na exploração de óleo e gás de xisto, durante audiência pública convocada pela Primeira Seção sob relatoria do ministro Afrânio Vilela. No primeiro bloco, apresentarão argumentos o Ministério Público Federal, a Agência Nacional do Petróleo,

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: After COP30, Brazilian oil continues its rush towards the global market

A decision to drill at the mouth of the Amazon drew criticism at the UN summit. But Brazil’s oil production still soars, as it hopes to consolidate its role as an exporter decision to approve oil exploration off the coast of Brazil weeks before the country hosted the COP30 climate conference signals the country’s intention to increasingly target the international market, despite

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Brasil escolhe trilhar o mapa do caminho do carvão mineral

Enquanto defende no plano internacional a transição para longe dos combustíveis, o Brasil segue aprovando medidas que dão sobrevida à indústria do carvão mineral Segunda-feira, 24 de novembro, primeiro dia útil após o fim da COP30, a conferência do clima das Nações Unidas. Dois dias depois de lançar ao mundo o mapa do caminho para longe dos combustíveis fósseis, o Brasil sancionou a Medida

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Leilão expõe contradição da política energética e afasta Petrobras da transição justa

Oferta de áreas do pré-sal pela PPSA ignora tendência global de queda do petróleo e compromete estratégia climática brasileira O Primeiro Leilão de Áreas Não Contratadas do pré-sal representa mais um passo na contramão da transição energética que o Brasil afirma liderar, ampliando a entrega de recursos estratégicos a empresas privadas nacionais e estrangeiras. Enquanto o mundo se prepara para

Leia Mais »