+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Parnarama relata pesquisas de exploração de gás de xisto

Vereadores e vice-prefeito da cidade maranhense dizem que as ações de empresas petrolíferas foram realizadas de forma silenciosa

 

O que é o fracking?

O fracking – também chamado de fraturamento hidráulico – é um processo que envolve a injeção de grandes volumes de água, produtos químicos e areia, a alta pressão, em camadas de rocha do subsolo para liberar o gás natural que está preso. Apesar de ser uma técnica já utilizada em vários países, ela é controversa por causar danos ambientais e ecológicos, incluindo contaminação da água subterrânea, liberação de gases de efeito estufa, terremotos induzidos etc.

 

Parnarama, Maranhão, participou de uma capacitação, no dia 12 de setembro de 2022, no plenário da Câmara Municipal que tratou dos riscos e problemas causados pelo fracking. O evento contou com a presença de vereadores do município e das cidades vizinhas, representantes dos agentes comunitários de saúde, quilombolas e membros do sindicato de trabalhadores e trabalhadoras rurais. Além do vice-prefeito e membros da sociedade civil, que acompanharam atentamente a audiência. Além de integrantes da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pela Água e Vida, uma campanha do Instituto Internacional Arayara.

Após a realização da audiência, os vereadores se pronunciaram a respeito de empresas que haviam realizado pesquisas no município durante a gestão anterior. Eles relataram que um grande comboio composto por diversas caminhonetes, jipes e cinco caminhões de nove eixos, transportando equipamentos de perfuração, percorreram a região. Os caminhões transportavam os equipamentos, que foram montados em um complexo contendo contêineres para o pernoite dos funcionários, uma ambulância para casos de emergência, guinchos e outros equipamentos necessários.

Segundo os vereadores, todo o processo foi realizado de forma rápida, sem consultar a população. Um dos parlamentares, que anteriormente não ocupava um cargo público, relatou ter questionado um dos funcionários da empresa, porém as respostas foram evasivas. “Assim como chegaram e realizaram suas ações, partiram em silêncio.”

O vice-prefeito do município, Gilson Moura (Gilson Da Silva Leite), do PCdoB, relatou à equipe da COESUS ter avistado diversos jipes da empresa circulando tanto pela cidade quanto pelas áreas rurais. Ao abordá-los, não obteve nenhuma explicação satisfatória. Além disso, o vice-prefeito informou que tanto ele quanto o prefeito irão aprovar uma lei contra a técnica de fraturamento hidráulico no município.

A vereadora Querida Moura (Eliane Geisteira de Moura Leite), do PP, afirmou estar ciente da presença dos caminhões e enviou um vídeo à equipe da COESUS, datado de 18 de janeiro de 2008, mostrando a comunidade de Paiol do Centro, localizada a 50 km da sede do município, durante uma enchente. O vídeo revela um transbordamento do rio que se assemelha a uma explosão, elevando o nível da água em 2 metros, segundo a vereadora. O técnico Isaías Lima da Silva, da Trat’Água, esteve presente no local juntamente com professores da comunidade de Paiol do Centro.

Três anos antes do vídeo, no mesmo local, 40 cabeças de gado desapareceram no chão em uma espécie de areia movediça. Tentaram resgatar alguns animais, mas estavam sem vida. Foram observadas várias rachaduras e uma grande cratera com água no local. De acordo com a explicação do técnico responsável pela coleta de materiais no local, as rachaduras e as crateras são consequências de explosões provocadas pela produção de gás carbônico, proveniente de um processo natural de decomposição de matéria orgânica de animais e plantas.

Esse gás penetra nas fissuras das rochas e, na ausência de oxigênio, ocorrem explosões anaeróbicas, liberando o gás para a atmosfera. Como resultado, o solo cede, causando rachaduras e crateras. O técnico recomendou o isolamento da área para evitar acidentes e afirmou que a cratera poderá engolir a floresta ao seu redor. Até o momento da gravação do vídeo, nenhuma medida havia sido tomada.

Esses eventos alarmantes evidenciam a necessidade de um cuidadoso monitoramento e planejamento das atividades realizadas no município, a fim de proteger o meio ambiente, a população e a fauna local. É fundamental que as autoridades locais estejam atentas aos impactos potenciais dessas ações e promovam a participação da comunidade nas decisões que afetam diretamente suas vidas e o ecossistema em que estão inseridos.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA lança estudo sobre carvão mineral em Candiota, no RS, estado que concentra 90% das reservas do país

No próximo dia 16 de dezembro, o Instituto Internacional ARAYARA lançará oficialmente o Monitor de Energia, plataforma online com estudos, dados, infográficos e legislações sobre a matriz energética do Brasil. Na ocasião será apresentado o estudo UTE Candiota 2050 – O futuro insustentável da produção de energia elétrica a partir do carvão mineral subsidiado. O evento será na Assembleia Legislativa

Leia Mais »

Nota de repúdio aos jabutis do PL 576/21

O PL 576/21, que deveria regulamentar as Eólicas Offshore, representa o maior retrocesso para a transição energética justa e sustentável no Brasil, pois dentre os benefícios concedidos ao setor dos combustíveis fósseis, garante subsídios até 2050 para as usinas termelétricas a carvão mineral da Região Sul — as maiores emissoras de gases de efeito estufa na geração de energia elétrica

Leia Mais »

Transição energética: organizações debatem soluções para uma matriz energética sustentável no Brasil

A Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados discutiu, no último dia 12/12, a construção da matriz energética ideal para o Brasil até 2050. Anton Schwyter, Gerente de Energia, Clima e Geociências do Instituto Internacional ARAYARA e representante da Coalizão Energia Limpa, participou ativamente do debate, que é considerado crucial para o futuro energético do país. Realizado no

Leia Mais »

Uma cúpula contra o gás: Críticas ao gás natural liquefeito (GNL) e suas consequências

Uma cúpula anti-gás teve lugar na Rosa-Luxemburg-Stiftung, em Berlim, nos dias 8 e 9 de Dezembro, em resposta à Cúpula Mundial de GNL. Nesta cúpula, os participantes internacionais destacaram a falta de informação sobre os perigos associados ao transporte, armazenamento e processamento, bem como os efeitos prejudiciais para o ambiente do gás natural liquefeito (GNL). 11/12/24– Por Roland Herzig –

Leia Mais »