+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

O Globo: Manifestações marcam início do leilão de petróleo no Rio

EC – Rio, 06/11/2019, Megaleilão de Petróleo – Na foto, movimentação do lado de fora do hotel. Foto: Gabriel de Paiva / Agência 

A movimentação na área de desembarque do hotel Grand Hyatt, na Barra da Tijuca, onde acontece o leilão de quatro áreas de petróleo, a  chamada  cessão onerosa , na manhã desta quarta-feira. Representantes de sindicatos de petroleiros chegaram para tentar se credenciar, a uma hora do evento, foram orientados a permanecer na área externa.

Do lado de fora, ativistas seguravam faixas com mensagens “Mar Sem Petróleo”, “Salve Abrolhos” e “Nem um poço a mais” em defesa do meio ambiente. Dentre eles, uma indígena tinha maquiagem que simulava manchas de petróleo no rosto, em alusão ao vazamento que atingiu as praias do Nordeste.

Outros manifestantes, representantes das ONG 350.org, Arayara e COPUS, vestidos de macacões e capacetes também com tintura preta pelo corpo, carregavam mensagens pelo fim da exploração de combustíveis fósseis.

Carta à ANP

A ONG 350.org encaminhou uma carta ao presidente da Agência Nacional de Petróleo,
Décio Odone, solicitando o cancelamento do leilão junto com uma petição com mais de 50 mil assinaturas de signatários endossando o pedido.

Para a diretora regional da organização, Nicole Oliveira, a exploração de combustíveis fósseis não condiz com a crise climática que o mundo está enfrentando.

– Está evidente que o governo brasileiro não está preparado para lidar com contingências em caso de vazamento de petróleo. O impacto que o petróleo traz a comunidades pesqueiras, marisqueiras e no turismo é imenso. Do ponto de vista climático, se queimarmos todo o petróleo que está previsto para ser explorado, o Brasil vai emitir gases de efeito estufa substanciais – diz Nicole Oliveira – Estamos em uma crise climática seríssimas e não podemos continuar fazendo leilões fósseis, mas investir em energia limpa.

Segundo a dirigente, a organização ambiental deu entrada em uma ação civil que reinvindica um terço da verba arrecadada seja direcionada para limpeza das praias do nordeste e para as comunidades impactadas.

Choque de realidade

As comunidades indígenas no litoral brasileiro são as primeiras impactadas com os efeitos das mudanças climáticas, de acordo com a presidente do conselho nacional de saúde indígena, Andrea Takua.

– A extração do petróleo não nos atinge só na questão de vazamento, mas influência o nosso sustento, nossa subsistência. Nos preocupamos com esse mega leilão, pois o impacto não será só quando o peixe morrer, mas com as mudanças climáticas, quando o nível do mar subir, quando os animais começarem a morrer. E seremos os primeiros atingidos – conta Takua, integrante da etnia Guarani.

O protesto realizado nesta quarta-feira tem como objetivo, segundo os ativistas, alertar a população dos impactos sociais e ambientais da atividade econômica.

– Falta um choque de realidade. Talvez eles nunca tenham visto uma pessoa toda suja de petróleo e não tem ideia do que é isso. Talvez eles nem imaginem que os indígenas saibam o que e petróleo. Também temos que ter a nossa opinião em um processo como esse – comenta a indígena Andrea Takua.

Fonte: Jornal O Globo

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Midia: Projeto de Termelétrica em Brasília e PL da Devastação colocam o Cerrado em risco

Enquanto o Brasil reforça compromissos internacionais de combate à crise climática, o Distrito Federal se torna cenário de contradições ambientais e violações de direitos. De um lado, a tentativa de instalação da Usina Termelétrica (UTE) Brasília, em Samambaia, enfrenta resistência popular e judicial devido aos impactos no Cerrado e nas comunidades locais.   De outro, avança no Congresso Nacional o

Leia Mais »

Comunidade escolar reage à instalação de usina termoelétrica no Distrito Federal 

Diretora da Escola Classe Guariroba envia carta ao Ibama e denuncia risco de remoção da única escola rural da região A possível instalação da Usina Termoelétrica (UTE) Brasília, prevista para a região de Samambaia e Recanto das Emas, no Distrito Federal, segue gerando forte reação da comunidade local — especialmente da Escola Classe Guariroba, única instituição de ensino da zona

Leia Mais »

Contradições e colapso: o que a Guiana ensina para o Brasil?

A InfoAmazonia, em parceria com o Instituto Internacional ARAYARA, realizou uma importante expedição à Guiana em dezembro de 2024. Durante a viagem, diversas contradições foram testemunhadas de perto pelo engenheiro climático e de geociências Joubert Marques, que compartilha sua experiência e reflete sobre como a Guiana pode servir de exemplo do que não fazer na condução das políticas ambientais e

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Leilão tem 19 blocos arrematados

O leilão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na última semana terminou com 34 blocos de exploração de petróleo arrematados nas bacias do Parecis, Foz do Amazonas, Santos e Pelotas: uma área de 28.359,55 quilômetros quadrados. No total, 172 áreas de exploração foram colocadas em leilão. Nove empresas vencedoras — duas nacionais e sete estrangeiras —

Leia Mais »