+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Novo estudo do Inesc aponta queda nos subsídios aos fósseis, mas Brasil ainda privilegia combustíveis poluentes

Na tarde desta quinta-feira (23), diretores do Instituto Internacional ARAYARA participaram do lançamento da oitava edição do Monitoramento dos Subsídios às Fontes de Energia no Brasil (2023-2024), realizado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).

O estudo revela que, pela primeira vez em oito anos, os subsídios aos combustíveis fósseis caíram 42% em 2024. Apesar da redução, o Brasil ainda mantém uma grande desigualdade nos incentivos: para cada R$ 1 destinado a fontes renováveis, R$ 2,52 foram direcionados a fósseis. Somente em 2024, os subsídios federais ao petróleo, carvão e gás natural somaram R$ 47,06 bilhões, enquanto as energias renováveis receberam R$ 18,55 bilhões.

Alessandra Cardoso, do Inesc, destacou que a Reforma Tributária de 2025, com a criação do Imposto Seletivo e a avaliação periódica dos regimes especiais de tributação, representa um avanço institucional para corrigir distorções e alinhar a política fiscal à transição energética. Segundo ela, a redução dos subsídios aos fósseis, combinada com essas medidas, sinaliza progresso e reforça a necessidade de o Brasil assumir papel mais assertivo na COP30, incluindo ações no multilateralismo climático.

O diretor técnico da ARAYARA e conselheiro do CONAMA, Juliano Bueno, destacou que, apesar de alguns avanços, ainda há muito a ser feito para que o Brasil alinhe sua política fiscal à transição energética justa.

“Estamos a menos de 15 dias da COP30 em Belém, e o Ibama autorizou a perfuração de um poço de petróleo na foz do rio Amazonas — decisão que fere a coerência climática do país, aumenta a dependência do petróleo e agrava ainda mais a crise climática”, afirmou Bueno.

Já a diretora executiva, Nicole Figueiredo, apontou outros retrocessos recentes, como o subsídio de R$ 50 bilhões à queima de carvão mineral e o novo leilão de blocos do pré-sal, no qual 5 dos 7 blocos ofertados foram arrematados, reforçando a preocupação com a expansão de combustíveis fósseis no Brasil.

 

A diretora executiva da ARAYARA, Nicole Figueiredo, durante o lançamento da oitava edição do Monitoramento dos Subsídios às Fontes de Energia no Brasil (2023-2024)

 

O Inesc reforça recomendações para acelerar a transição energética:

-Garantir transparência e avaliações criteriosas para identificar subsídios ineficientes.

-Eliminar incentivos prejudiciais ao meio ambiente, ao clima, às finanças públicas e à redução de desigualdades.

-Promover isenções fiscais a projetos de energia renovável, incorporando a defesa dos direitos humanos.

-Avançar em acordos multilaterais para a transição efetiva dos fósseis para as fontes renováveis.

O estudo alerta que, enquanto os subsídios continuarem favorecendo os combustíveis fósseis em detrimento das renováveis, o Brasil corre o risco de não cumprir suas metas climáticas e atrasar o objetivo de zerar as emissões, passo fundamental para a preservação do futuro do planeta.

 

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Congresso ‘enterrou’ de vez as medidas ambientais que protegem os biomas brasileiros

Em vez de alinhar o Brasil a uma trajetória real de transição energética justa, o cenário interno aponta para o contrário: flexibilização normativa prejudicial, criação de atalhos para megaprojetos fósseis e minerários e, agora, a tentativa de consolidar a Licença Ambiental Especial (LAE) como um instrumento de exceção. __ Passados 10 dias do término da COP30, em Belém, o Congresso

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Petróleo em Alta Reacende Alerta Ambiental

O Brasil quebrou novamente o próprio recorde de produção de petróleo. Em outubro, o país extraiu 4,03 milhões de barris de petróleo por dia e 5,255 milhões de barris de óleo equivalente (incluindo gás natural), segundo dados oficiais divulgados ontem pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). O aumento foi de 2,9% em relação a setembro e de 23,2% na comparação

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Valuing Nature, Empowering Action – Interactive Training with the CSF Calculator Hub

Irina Cabrerizo Suaznábar | December 3, 2025 Pictures / Fotos: Oruê Brasileiro / Odaraê Filmes On November 20, 2025, during COP30, we hosted the workshop “Valuing Nature, Empowering Action: Interactive Training with the CSF Calculator Hub” at the ARAYARA, Amazon Climate Hub in Belém, Brazil. The session brought together people working in conservation for a hands-on exploration of socio-environmental and economic

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Bahia propõe reconhecer a natureza como sujeito de direito

Estado quer seguir tendência de ‘constitucionalismo ecológico’ adotado em outros países, como Equador e Bolívia Por Maristela Crispim A COP30 tornou-se palco de um movimento inédito vindo do Nordeste brasileiro. O deputado Marcelino Galo (PT-BA) apresentou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Direitos da Natureza, iniciativa que pretende inserir no texto constitucional baiano o reconhecimento da natureza como sujeito

Leia Mais »