+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

No dia nacional da Mata Atlântica, o melhor presente é conter a expansão do petróleo e gás

Decisões políticas por novas termoelétricas e blocos de exploração aumentam o desmatamento, crise hídrica e põe em risco os remanescentes da floresta

Hoje é o dia Nacional da Mata Atlântica (27 de maio), originada há cerca de 70 milhões de anos, a segunda maior floresta tropical do continente americano, que chegou a ocupar 92% da costa brasileira, leste do Paraguai e nordeste da Argentina. Hoje, seus remanescentes respiram por aparelho e são, cada vez mais, ameaçados por projetos de termoelétricas no litoral brasileiro. 

 

De acordo com novas investidas do governo, os projetos de termoelétricas devem seguir nos próximos anos. Acordado como condição para a privatização da Eletrobrás está a contratação de energia provinda de usinas térmicas e nucleares, o que deve elevar a conta de luz pelos próximos anos. Mas não só a população paga essa conta, a Mata Atlântica também é prejudicada. 

 

Nas últimas décadas vemos exemplos claros desses conflitos, como o processo de licenciamento ambiental do Projeto Mexilhão da Petrobrás, no litoral norte de São Paulo, e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), ambos instalados em áreas do bioma. Apesar de, no Brasil, grande parte da exploração e produção de petróleo e gás serem feitas em alto mar, é na costa litorânea que ficam as atividades de tratamento e transporte. É aí que o desmatamento acontece. 

 

Com a descoberta e exploração das reservas do pré-sal, a Mata Atlântica, em especial, tem sido ameaçada pela expansão da infraestrutura petrolífera. Considerado um setor estratégico para o país, o setor de petróleo e gás passa por cima das políticas de conservação. É o que ocorre com a concessão histórica da UTE Rio de Janeiro, na Baía de Sepetiba, que está habilitada a desmatar mais de 7 hectares de Mata Atlântica em estágio avançado de regeneração, sem a necessidade de um estudo de impacto ambiental. 

 

Dentro das concessões públicas, o setor energético, em especial o de petróleo e gás, é o que leva a maior fatia. Logo, grandes interesses, não só de corporações, mas do governo, passam em cima de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e em Unidades de Conservação (UCs) de proteção integral, dispostas na lei. O que tais interesses não contam, porém, é que ao aumentar o desmatamento, diminuem-se as chuvas, e o desequilíbrio ambiental que culmina em uma crise hídrica, alimentar, social e climática. 

 

Os danos à Mata Atlântica também se estendem à extinção da biota. Estima-se que 60% dos animais em risco de extinção no Brasil dependam da Mata Atlântica para sobreviverem. 

 

O dia nacional da Mata Atlântica foi escolhido em 27 de maio em homenagem à famosa “Carta de São Vicente”, escrita pelo Padre Anchieta, em 1560, na qual ele destacou as belezas das florestas tropicais do país. O Instituto Internacional Arayara busca ressoar essa beleza secular, preservando o bosque Gutierrez, que contém o memorial Chico Mendes, onde fica a sede da organização. O bosque é um dos espaços de preservação da Mata Atlântica em meio urbano na cidade de Curitiba.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Congresso ‘enterrou’ de vez as medidas ambientais que protegem os biomas brasileiros

Em vez de alinhar o Brasil a uma trajetória real de transição energética justa, o cenário interno aponta para o contrário: flexibilização normativa prejudicial, criação de atalhos para megaprojetos fósseis e minerários e, agora, a tentativa de consolidar a Licença Ambiental Especial (LAE) como um instrumento de exceção. __ Passados 10 dias do término da COP30, em Belém, o Congresso

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Petróleo em Alta Reacende Alerta Ambiental

O Brasil quebrou novamente o próprio recorde de produção de petróleo. Em outubro, o país extraiu 4,03 milhões de barris de petróleo por dia e 5,255 milhões de barris de óleo equivalente (incluindo gás natural), segundo dados oficiais divulgados ontem pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). O aumento foi de 2,9% em relação a setembro e de 23,2% na comparação

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Valuing Nature, Empowering Action – Interactive Training with the CSF Calculator Hub

Irina Cabrerizo Suaznábar | December 3, 2025 Pictures / Fotos: Oruê Brasileiro / Odaraê Filmes On November 20, 2025, during COP30, we hosted the workshop “Valuing Nature, Empowering Action: Interactive Training with the CSF Calculator Hub” at the ARAYARA, Amazon Climate Hub in Belém, Brazil. The session brought together people working in conservation for a hands-on exploration of socio-environmental and economic

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Bahia propõe reconhecer a natureza como sujeito de direito

Estado quer seguir tendência de ‘constitucionalismo ecológico’ adotado em outros países, como Equador e Bolívia Por Maristela Crispim A COP30 tornou-se palco de um movimento inédito vindo do Nordeste brasileiro. O deputado Marcelino Galo (PT-BA) apresentou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Direitos da Natureza, iniciativa que pretende inserir no texto constitucional baiano o reconhecimento da natureza como sujeito

Leia Mais »