+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Mais de mil pessoas cobram garantias socioambientais em audiência final sobre revisão do PDOT no DF 

Mais de mil pessoas se reuniram no último sábado (28) na audiência pública final da revisão do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (PDOT) do Distrito Federal, realizada no auditório da Câmara Legislativa do DF (CLDF).

Organizado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), o evento marcou a apresentação da versão final da minuta do Projeto de Lei Complementar (PLC) que propõe a atualização da lei que define o uso e a ocupação do território no DF.

Com atraso e mais de seis horas de duração, a audiência contou com participação expressiva de movimentos sociais, parlamentares e representantes do Governo do DF (GDF), e também foi transmitida ao vivo pelo canal Conexão Seduh no YouTube. O auditório, com capacidade para 400 pessoas, ficou superlotado — centenas de participantes permaneceram de pé, enquanto cerca de 400 outras acompanharam do lado de fora, por meio de telões improvisados e insuficientes. Na ocasião, o Instituto Internacional ARAYARA denunciou a incoerência do Artigo 30 da minuta do PDOT, que propõe incentivos ao uso de gás natural como matriz energética.

Apresentação e críticas à proposta

A equipe técnica da Seduh iniciou os trabalhos apresentando os princípios e objetivos estratégicos da proposta, composta por mais de 300 artigos. Em seguida, abriram-se as falas ao público. Ao todo, mais de 80 manifestações presenciais foram registradas, abordando temas como a regularização de lotes ocupados, promessas não cumpridas de não remoção de moradias feitas pelo governador Ibaneis Rocha e preocupações ambientais.

Movimentos como o Fórum em Defesa das Águas e a Associação Preserva Serrinha/Paranoá criticaram a falta de tempo hábil para análise do texto final e solicitaram, sem sucesso, uma prorrogação de 20 dias para debater os quatro anos de trabalho da revisão do plano. Também defenderam que áreas com características rurais em regiões urbanas sejam reconhecidas como zonas rurais, por seu papel na preservação do Cerrado e das fontes hídricas do DF.

Confira audiência

Críticas à proposta de termelétrica e à política energética

Entre as falas de destaque, o Instituto Internacional ARAYARA denunciou a incoerência do Artigo 30 da minuta do PDOT, que propõe incentivos ao uso de gás natural como matriz energética*. Segundo a mobilizadora Raíssa Felippe, essa diretriz contraria o Decreto Distrital nº 43.413/2022, que instituiu o Plano Carbono Neutro, com metas de redução de gases de efeito estufa. “A instalação de uma usina termelétrica na Zona Rural de Uso Controlado IV é incompatível com os objetivos do plano. O projeto prevê aumento de 65% nas emissões anuais, o que fere diretamente a legislação climática do DF”, afirmou.

Atualmente, tramita na Seduh um pedido de emissão de Certidão de Uso e Ocupação do Solo pela Termo Norte, empresa responsável pela usina termelétrica planejada para a região da Fazenda Guariroba, em Samambaia. Especialistas apontam que a localização proposta fere as diretrizes do PDOT vigente, por estar em área rural que exige restauração de vegetação nativa e proteção de encostas. Os movimentos exigem que a Seduh negue a certidão e impeça a instalação do empreendimento.

“O Plano Carbono Neutro estabelece metas de redução de emissões, mas o incentivo ao gás natural no PDOT e a possível instalação de uma usina termelétrica vão na contramão da legislação distrital e dos compromissos ambientais do DF e do Brasil”, afirmou a mobilizadora da ARAYARA.

A audiência também teve momentos de apoio público aos mandatos da CLDF que vêm se posicionando contra a UTE, à CPI do Rio Melchior e aos movimentos que participaram da audiência pública do Ibama, suspensa no último dia 17 após intensa mobilização popular.

Próximos passos

O atual PDOT está em vigor desde 2009 e deveria ter sido revisado em 2019, mas o processo foi interrompido pela pandemia. 

Após a consolidação das sugestões recebidas na audiência, a minuta será analisada pela Câmara Técnica e, posteriormente, pelo Conselho de Planejamento Territorial e Urbano do DF (Conplan). Depois disso, será enviada para deliberação na Câmara Legislativa.

A Seduh também publicou a série Entendendo o PDOT, com materiais explicativos sobre as diretrizes do plano, disponível em seu site oficial.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA assume cadeira no Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima durante seminário em Brasília

O Instituto Internacional ARAYARA participou do Seminário de Governança Climática, que integrou a programação do 2º Encontro Cidades Verdes Resilientes, realizado na última quarta-feira (10), no Auditório da Procuradoria Geral da República, em Brasília (DF). O evento reuniu representantes dos governos federal, estaduais e municipais, além de organizações da sociedade civil e instituições internacionais, e destacou a importância da integração

Leia Mais »

Governo contradiz compromissos climáticos e tenta ressuscitar UTEs carvão às vésperas da COP30

Organização exige a retirada imediata do carvão mineral do Leilão LRCAP 2026 Às vésperas da COP30, que será realizada em Belém, o governo federal se distancia dos compromissos assumidos no Acordo de Paris ao manter o apoio à indústria fóssil, em especial ao carvão mineral. O Instituto Internacional ARAYARA denuncia que o Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP 2026), lançado

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: O Cerrado comemora seu dia, mas o Bioma está ameaçado por quatro termelétricas à gás e um mega gasoduto (por Instituto Arayara)

Há um ano, o Arayara vem denunciando os impactos e os riscos de quatro usinas térmicas a gás que pretendem se instalar em Goiás e no Distrito Federal Por Instituto Arayara  O Cerrado é uma das regiões de maior biodiversidade do mundo, e estima-se que possua mais de 6 mil espécies de árvores e 800 espécies de aves. Acredita-se que mais

Leia Mais »

ARAYARA participa da Pré-COP RS em Porto Alegre

Nos dias 12 e 13 de setembro, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, sediou a Pré-COP RS: Conferência de Organização Popular sobre o Clima e a Cúpula dos Povos. Ambas as atividades são preparatórias para a COP30, que será realizada em novembro em Belém (PA). O evento reuniu movimentos sociais, povos do território, pesquisadores

Leia Mais »