+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Leilão da ANP tem apenas 5 dos 92 blocos de petróleo e gás arrematados

Polêmica em torno de Fernando de Noronha, uma das mais importantes áreas de preservação ambiental do país, afastou investidores para a 17ª rodada de Licitações da ANP

A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) insistiu em fazer, nesta quinta-feira (7/10), a 17ª rodada de Licitações para exploração de petróleo e gás, em regiões que foram alvo de crítica de ambientalistas. Com isso, o resultado foi o desinteresse dos investidores. Apenas 5 dos 92 blocos ofertados foram arrematados. Os lotes próximos a Fernando de Noronha, cuja exploração na análise de especialistas oferece riscos à fauna marinha, não receberam proposta. O leilão teve arrecadação de R$ 37 milhões em bônus de assinatura, com investimentos previstos da ordem de R$ 136 milhões.

Foram arrematados 2 blocos do setor SS-AP4, na Bacia de Santos, e 3 blocos no setor SS-AUP4, também na Bacia de Santos. As outras 3 bacias não receberam nenhuma proposta das empresas licitantes. A Shell arrematou sozinha 4 dos 5 blocos e formou consórcio com a Ecopetrol para arrematar o quinto. A petroleira anglo-holandesa ofertou bônus de assinatura de R$ 9,1 milhões pelo bloco S-M-1707, do setor SS-AP4 — o mais caro dos cinco arrematados. Pelo bloco S-M-1715, do setor SS-AUP4, ofertou R$ 6,880 milhões, enquanto para os blocos S-M-1717 e S-M-1719, do mesmo setor, ofereceu R$ 7,3 milhões cada. E pelo bloco S-M-1709, em consórcio com a Ecopetrol, foram R$ 6,560 milhões.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, não confirmou se a polêmica ambiental teria provocado o afastamento dos investidores. “Isso será avaliado, será analisado. Nós estabelecemos grupos de trabalho no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) justamente para esse tipo de análise. Evidentemente, o que se busca é criar um ambiente de negócios em que haja segurança jurídica e regulatória para os leilões de petróleo e gás no nosso país”, afirmou.

Oferta permanente

Os blocos que não foram arrematados nessa quinta-feira serão incluídos na Oferta Permanente, segundo a ANP. Significa que estarão em disponibilidade contínua, em conjunto com campos de licitações anteriores que não foram arrematados ou, então, que foram devolvidos à agência. O diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, considerou o resultado um “sucesso”, já que a licitação teve como foco novas fronteiras exploratórias, de maior “risco” para os investidores.

Saboia também avaliou que, possivelmente, o movimento global de redução do uso de energia fóssil estaria influenciando e provocando o baixo apetite das empresas por novas áreas de exploração. “A transição energética, sim, está em curso, mas o petróleo ainda terá que desenvolver um papel importante nessa transição para que não haja uma crise de energia pela redução drástica da sua produção”, disse.

De acordo com Bento Albuquerque, “provavelmente”, haverá mais dois leilões este ano, um do excedente da Cessão Onerosa, com campos de Sépia e Atapu, previsto para 17 de dezembro, e o terceiro leilão da Oferta Permanente, “dependendo do interesse da indústria para que ele se realize”. A licitação desta quinta-feira marcou a estreia da oferta de novas fronteiras exploratórias no Brasil, com blocos mais distantes da costa.

Os 92 blocos exploratórios ofertados estavam distribuídos em 11 setores das bacias Campos, Pelotas, Potiguar e Santos. Nove empresas se inscreveram para participar da disputa, mas apenas duas fizeram ofertas. Apesar de inscrita, a Petrobras não fez nenhuma proposta.

Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2021/10/4954046-leilao-da-anp-tem-apenas-5-dos-92-blocos-de-petroleo-e-gas-arrematados.html

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Mutirão TecnoClima discute papel da tecnologia na crise climática e aponta exclusões estruturais

No último domingo (15), o Instituto Internacional ARAYARA marcou presença no “Mutirão TecnoClima na COP30: Agenda de Ciência e Tecnologia”, realizado em Brasília, na sede da WWF Brasil. O encontro reuniu especialistas, organizações da sociedade civil e representantes de povos tradicionais para discutir o papel estratégico da ciência, tecnologia e inovação (CT&I) na governança climática internacional, destacando lacunas históricas que

Leia Mais »

Instituto ARAYARA integra Observatório da Governança das Águas

O Instituto Internacional ARAYARA agora compõe o Observatório da Governança das Águas (OGA Brasil), uma rede nacional dedicada a monitorar, produzir e disseminar informações sobre a gestão integrada e participativa dos recursos hídricos no país. No dia 04 de setembro, foi lançada a Plataforma de Monitoramento da Governança das Águas, ferramenta construída coletivamente pela rede de atores do OGA. O

Leia Mais »

Seminário na Câmara debate minerais críticos e riscos para a crise climática

No dia 11 de setembro, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados realizou o Seminário “Minerais Críticos e Crise Climática”, reunindo especialistas, parlamentares e representantes da sociedade civil. O encontro discutiu os impactos da corrida global pela exploração de minerais estratégicos, como lítio, cobalto e terras raras, no contexto da transição energética. O seminário foi

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Manual de Sobrevivência: BdF lança podcast que propõe caminhos para os desafios climáticos

Produção explora possibilidades de futuro sustentável em meio à crise ambiental Já está no ar o primeiro episódio do novo projeto sonoro do Brasil de Fato. O podcast Manual de Sobrevivência propõe uma jornada pelas complexidades da crise climática e pela busca de soluções viáveis para os desafios atuais. Com apresentação da ativista socioambiental Gabi Brasiliae e do historiador e cientista político Juliano Medeiros,

Leia Mais »