O leilão brasileiro de direitos de exploração para quatro bacias de petróleo atingiu decepcionantes US$ 17 bilhões na quarta-feira, 6, muito aquém das expectativas para a megavenda, que era muito aguardada.
O governo esperava arrecadar mais de US$ 26 bilhões no leilão das chamadas reservas do pré-sal presas no fundo do oceano, na costa sudeste do Brasil.
Uma dezena de empresas petrolíferas se inscreveu para licitar os blocos que estimam conter até 15 bilhões de barris de petróleo – quase o dobro do tamanho das reservas da Noruega.
No final, apenas duas empresas chinesas assumiram participações menores em uma das áreas. Dois dos quatro blocos não receberam uma oferta.
Apesar da falta de interesse estrangeiro, o leilão ainda foi “um sucesso”, disse aos jornalistas Decio Oddone, presidente da Agência Nacional do Petróleo.
Oddone descreveu a venda como “a maior já alcançada no mundo”.
Ivan Cima, diretor da Welligence Energy Analytics em Houston, descreveu o leilão como um “desastre”.
“Não houve uma grande participação, é um fracasso evidente”, disse em um email, criticando os altos preços e a falta de transparência.
O leilão ocorre após o recente impulso do presidente Jair Bolsonaro na Arábia Saudita para que o país latino-americano seja incluído no cartel de produção de petróleo da OPEP.
O governo esperava que a venda pudesse transformar o país no quinto maior produtor mundial nos próximos 10 anos.
Ele ficou em nono lugar em 2018, de acordo com a US Energy Information Administration.
A gigante petrolífera estatal brasileira estava entre os licitantes listados que também incluíam ExxonMobil e Shell.
A Petrobras adquiriu 90% do campo mais caro, Búzios. O CNOOC e o CNODC da China compartilharam os 10% restantes.
A Petrobras também conquistou os direitos do bloco Itapu. Os campos Sépia e Atapu não receberam nenhuma oferta.
O ministro da Energia, Bento Albuquerque, disse que Sépia e Atapu poderão ser leiloados novamente no próximo ano.
Diferentemente das vendas anteriores de campos de petróleo, as áreas em disputa já haviam sido exploradas pela Petrobras, reduzindo o risco para os compradores.
Os preços foram fixos e os vencedores foram as empresas que ofereciam o maior corte de petróleo ao governo.
A Petrobras já havia dito que planejava exercer seus direitos preferenciais para dois dos quatro blocos. Esperava-se parceria com exploradores estrangeiros.
Se os direitos sobre as quatro áreas tivessem sido vendidos, teria captado R$ 106 bilhões, ou mais de US$ 26 bilhões.
Quase R$ 70 bilhões foram ofertados, de acordo com oficiais do governo no leilão. A maior parte foi para o campo de Búzios, que é o segundo maior do Brasil em termos de produção, com 424.000 barris por dia.
O lucro inesperado, no entanto, seria um benefício para o governo de extrema-direita de Bolsonaro, que luta para reviver o crescimento econômico, reduzir o desemprego e pagar um fardo da dívida.
Os depósitos do pré-sal representam mais de 60% da produção de petróleo do Brasil.
Ativistas ambientais fizeram um protesto em frente ao hotel de luxo no Rio, onde o leilão estava sendo realizado, exigindo “mar sem petróleo”.
Descrevendo o leilão como “ridículo”, o grupo de ação da 350.org disse que os brasileiros “querem um mar livre de derramamentos de petróleo devastadores e a ganância das empresas de combustíveis fósseis”.
A venda chega às batalhas no Brasil para limpar um grande derramamento de óleo, que afetou centenas de praias ao longo de mais de 2.000 quilômetros (1.250 milhas) da costa atlântica.
Fonte: Daily Sabah