+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Instituto Arayara ingressa com nova ação para barrar termelétricas da Karpowership

Anúncio foi feito durante audiência pública articulada pela ONG e promovida pelas comissões de Direitos Humanos e Minorias e de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira

Ong apontou uma série de irregularidades na contratação das usinas e no processo de licenciamento ambiental, solicitando diversas providências aos parlamentares 

O Instituto Internacional Arayara propôs nova ação civil pública junto à Justiça Estadual do Rio de Janeiro, pedindo a suspensão da deliberação da Comissão Estadual de Controle Ambiental (CECA) pela inexigibilidade de EIA-RIMA e o impedimento da Karpowership para a instalação de um complexo termoelétrico flutuante na Baía de Sepetiba – área de relevante interesse ecológico e um dos últimos refúgios do boto cinza, espécie ameaçada de extinção. Além da empresa turca, a ação envolve o Estado do Rio de Janeiro e o Instituto Estadual do Ambiente (INEA). 

A principal alegação apresentada pela Arayara é o descumprimento da Instrução Normativa n.º 16/2013, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que regulamenta os procedimentos técnicos e administrativos para a emissão da autorização ambiental para a realização de operações ship-to-ship (STS), de transferência de carga de petróleo e seus derivados, em águas jurisdicionais brasileiras.

A norma estabelece que essas operações não podem acontecer a menos de 50 quilômetros de unidades de conservação marinhas (federais, estaduais ou municipais). As embarcações da Karpowership estão a 3 km da costa, dentro da Área de Proteção Ambiental da Orla da Baía de Sepetiba.

De acordo com a área técnica da Arayara.org, o INEA apresentou documentos à presidência da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), alegando que as operações da Karpowership para transbordo do gás entre embarcações não se enquadram no conceito Ship To Ship, quando a própria empresa descreve em seu portfólio que o sistema de descarregamento do gás se dá dessa forma. O próprio órgão estadual se contradisse, emitindo laudo técnico para embasar a licença de operação desse empreendimento, citando ser uma operação Ship To Ship. 

 

Debate público

O anúncio sobre a nova ação foi feito durante a audiência pública articulada pela Arayara e promovida pelas comissões de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) e de Minas e Energia (CME) da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (3/8), sob a liderança da deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) e do deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP).

Outra medida do Instituto Arayara foi formalizar junto às comissões da Câmara e junto à presidência do INEA, propostas de encaminhamentos a serem tomados em relação às inconsistências no processo de contratação e instalação do empreendimento da Karpowership assim como as violações à legislação ambiental, à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e ao Acordo de Paris provocadas pelo empreendimento. Um dos questionamentos levantados pela organização é o alto custo ao consumidor final de energia, em razão da contratação emergencial a valores elevadíssimos.

Entre os encaminhamentos, a Arayara.org solicita à CME que notifique a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), requerendo a imediata rescisão do contrato, tendo em vista o descumprimento dos prazos estipulados para início da operação das térmicas, além de pedir esclarecimentos de quais procedimentos estão sendo tomados contra as empresas que vêm descumprindo os prazos contratuais estabelecidos no âmbito do Procedimento Competitivo Simplificado (PCS) 2021.

Os parlamentares que presidiram a audiência também propuseram uma denúncia internacional de violação da Convenção 169 da OIT, além de sindicâncias no local de instalação do empreendimento.

Participaram da audiência pública, o coordenador técnico da Arayara.org, John Würdig, o diretor do OPG – Observatório do Petróleo e Gás, Juliano Bueno de Araújo, a professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Helena de Godoy Bergallo, o representante da Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e dos Povos e Comunidades Tradicionais Extrativistas Costeiros e Marinhos – CONFREM Brasil, Flávio Lontro, e o procurador da República do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, Jaime Mitropoulos. Representantes do INEA e Ibama foram convidados, mas não compareceram à audiência.

Assista a íntegra da audiência:

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

A duas semanas da COP29, o alerta: emissões máximas, esforços mínimos

A liberação de gases de efeito estufa nunca foi tão alta. Ao mesmo tempo, avaliação das contribuições nacionais para contê-los aponta uma redução de apenas 2,6% até 2026, colocando a meta principal do Acordo de Paris em risco   A duas semanas da Conferência do Clima de Baku, no Azerbaijão (COP29), que começa em 11 de novembro, dois documentos da

Leia Mais »

COP16: Brasil apoia frente parlamentar em defesa de um futuro livre dos combustíveis fósseis

Na manhã desta sexta-feira (25), o Instituto Internacional Arayara uniu-se a uma coalizão de parlamentares latino-americanos para conter a expansão da exploração de petróleo na Amazônia, durante a primeira audiência pública da Frente Parlamentar Global pelo Futuro Livre de Combustíveis Fósseis. O evento faz parte da programação da COP16, que acontece até o dia 1º de novembro em Cali, na

Leia Mais »

Arayara na Mídia | Terra deve chegar ao fim do século 3,1ºC mais quente

O aumento de temperatura esperado para o fim do século será de 3,1°C caso as contribuições nacionais para reduzir emissões de CO2 não atinjam níveis mais ambiciosos   Por Paloma Oliveto para o Correio Braziliense    O planeta se aproxima de chegar ao fim do século 3,1°C mais quente do que na era pré-industrial, alcançando temperaturas incompatíveis com a vida.

Leia Mais »
Foto: creative commons

Coalizão ambientalista ganha força no Conselho Estadual de Mudanças Climáticas de SP

O Instituto Internacional Arayara foi eleito membro do Conselho Estadual de Mudanças Climáticas de São Paulo, em uma votação realizada na segunda-feira (21), que contou com a participação de diversas organizações socioambientais. A eleição ocorreu no formato híbrido e marcou a escolha das entidades da sociedade civil que irão compor o Conselho, cuja função é monitorar a implementação da Política

Leia Mais »