+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Importação de gás de fracking começa a ser descartada

Mais uma vitória em direção ao fim do fracking no mundo. Essa semana a Irlanda – que baniu o fraturamento hidráulico em 2017 – se tornou o primeiro país com um plano para proibir a importação de gás de fracking.

O gás originado do fracking não deve mais ter papel no atendimento às necessidades de energia da Irlanda, de acordo com o Green Party (Partido Verde irlandês). Eles confirmaram que os planos de importação de gás de fracking dos Estados Unidos para a Irlanda através do Porto de Cork foram cancelados.

Em 2017, o Porto de Cork e a empresa norte-americana NextDecade, com sede em Houston, Texas, assinaram um memorando de entendimento para importar gás de fracking através do porto.

No entando, este memorando expirou a 31 de dezembro de 2020 e o Porto de Cork não tem nenhuma intenção de renovar.

Sabemos que temos que fazer a transição para uma economia de baixo carbono, mas o fracking e todas as suas consequências não têm lugar nessa agenda. Nem aqui, nem em lugar nenhum”, ressaltou Oliver Moran, membro do partido, ao The Irish Times.

De uma das principais portas de entrada desse gás para a Europa, a Irlanda passa a liderar a agenda ambiental que atinge a indústria de fracking em todo o mundo.

Esta vitória terá um impacto importante na redução das operações globais de fracking, servindo como inspiração para que o resto da Europa siga este exemplo até fechar completamente as portas deste mercado tão prejudicial para as terras e as pessoas.

No Brasil, estamos fazendo a nossa parte de conscientizar e lutar para que essa prática seja extinta. Três estados já proibiram o fracking, salvando mais de 50 milhões de pessoas, após campanha realizada pela Coalizão Não Fracking Brasil (COESUS) e o Instituto Internacional Arayara.

Hoje, por conta dos inúmeros riscos e consequências, o fracking é proibido no Paraná, em Santa Catarina e em mais de 400 cidades de todo o país.

Essa decisão do governo irlandês só aponta para o caminho que temos lutado para seguir. O fracking é um mal que precisa ser discutido e combatido. Vemos, cada vez mais, países optarem pela proibição e pela busca de outras alternativas de energia, que não proporcionam as consequências devastadoras do fraturamento hidráulico. Que essa pequena vitória na Irlanda sirva de exemplo para outros países – para o nosso país”, destaca o fundador da COESUS, o engenheiro Juliano Bueno de Araújo.

Veja só alguns exemplos de como a prática do fracking pode prejudicar tantos territórios e populações:

Consumo e contaminação da água pelo fracking

Cada poço de fracking utiliza aproximadamente de 7,8 a 15,1 milhões de litros de água. Geralmente, essa grande quantia é transportada para o local do fraturamento por vias terrestres, em caminhões movidos à diesel, representando um custo ambiental significativo – visto que vivemos em meio a uma crise hídrica.

Em West Virginia (EUA), são injetados aproximadamente 19 milhões de litros de fluido em cada poço fraturado e, de toda a água utilizada, apenas 8% retorna à superfície.

A água utilizada no procedimento é misturada com areia e cerca de 150 mil litros de até 600 produtos químicos, incluindo substâncias cancerígenas e toxinas conhecidas, tais como urânio, mercúrio, metanol, rádio, ácido hidroclorídrico, formaldeído, entre outras.

Esses produtos podem escapar e contaminar as águas subterrâneas em torno do local. Para se defender, a indústria sugere que os incidentes de poluição são resultados de má prática, em vez de se tratar de uma técnica inerentemente arriscada.

Mudanças Climáticas

Além de distrair a indústria geradora de energia e o governo da necessidade do investimento em fontes renováveis de energia, o processo de exploração por meio do fracking emite metano — gás 25 vezes mais potente que o dióxido de carbono (CO2), contribuindo cada vez mais para o agravamento das mudanças climáticas.

Terremotos

O fracking provoca, habitualmente, microssismos que podem desencadear em tremores maiores, sentidos pelas populações locais. Por vezes, estes eventos são aproveitados para obter um registro vertical e horizontal da extensão da fratura.

Embora esses terremotos sejam crônicos, a injeção de água proveniente das operações de fracking pode causar tremores maiores, tendo-se registrado magnitudes de até 5,7 (Mw).

Fonte: Não Fracking Brasil

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

“Sem Mulher Não Tem Clima”: mulheres lideram debate sobre justiça climática na COP 30

O ARAYARA Amazon Climate Hub sediou na tarde desta segunda-feira (17/11) o painel “Sem Mulher Não Tem Clima”, que discutiu o papel central das mulheres na construção de soluções para a crise climática.  O evento reuniu ativistas indígenas, negras, quilombolas, periféricas e representantes institucionais, destacando como meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade são desproporcionalmente afetadas pelas mudanças climáticas. A

Leia Mais »

Tecendo a Justiça: Diálogo Latino-Americano Discute Salvaguardas Comunitárias para Autonomia Energética na COP30

A transição energética na América Latina corre o risco de reproduzir o extrativismo histórico, aprofundando a invisibilidade e a opressão contra mulheres e comunidades. Essa foi a linha de discussão do encontro “Tejiendo Justicia Energética: Salvaguardas Comunitarias para Cuidar los Territorios”, realizado no domingo, 16 de novembro, no ARAYARA Amazon Climate Hub. O evento, promovido pelo Fondo Socioambiental Emerger, reuniu

Leia Mais »

Encontro Multirreligioso no ARAYARA Hub Pede o Fim Imediato dos Fósseis e Apoia o Tratado Global

A crise climática é, fundamentalmente, uma crise moral e espiritual que exige o abandono urgente dos combustíveis fósseis. Essa foi a mensagem central do encontro “Faiths for Fossil Free Future”, realizado no domingo, 16 de novembro, no ARAYARA Amazon Climate Hub, durante a COP30. O painel reuniu lideranças de diversas tradições – incluindo cristãos, muçulmanos, judeus, anglicanos, quakers, católicos e

Leia Mais »

Conexão Amazônia-Indonésia: Cinema e Sabedoria Ancestral Unem o Sul Global Contra a Crise Climática

A experiência de comunidades tradicionais do Brasil e da Indonésia converge na luta pela justiça climática. Essa foi a força motriz do evento “Vozes da Indonésia: Conhecimento Indígena, Alimentos Azuis e Narrativas Climáticas”, que transformou o ARAYARA Amazon Climate Hub em um palco de intercâmbio Sul-Sul na noite de sábado, 15 de novembro. Promovido pelo The Climate Reality Project Indonesia,

Leia Mais »