+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: Ibama barra usina que ameaçava escola rural e rio no DF

Parecer aponta inviabilidade ambiental do projeto da UTE Brasília

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgou um parecer nesta quarta-feira (15) indeferindo a licença prévia para a instalação da Usina Termelétrica de Brasília (UTE). A decisão reconheceu a inviabilidade ambiental e locacional do empreendimento.

O projeto previa a construção da UTE  na Fazenda Guariroba, localizada entre as regiões administrativas de Samambaia e Recanto das Emas. Para a viabilidade do empreendimento, seria necessário o deslocamento da Escola Guariroba, única unidade que atende a população rural do local, com cerca de 400 estudantes.

Além da própria usina, seriam realizadas outras duas obras: a construção do gasoduto Brasil Central, sob responsabilidade da Transportadora de Gás Brasil Central (TGBC), e um ramal de distribuição de energia da Companhia Brasiliense de Gás (Cebgás). O empreendimento também iria captar os recursos hídricos e fariam um despejo de resíduos no Rio Melchior.

O parecer reconheceu que, caso a licença fosse deferida, o impacto na vida dos estudantes devido à remoção da escola, representaria grave prejuízo pedagógico, social e cultural, contrariando o interesse público e o direito fundamental à educação.

A decisão também levou em conta a sensibilidade ambiental sobre o Rio Melchior, que é descrito como um dos cursos d’água mais poluídos do Distrito Federal e avaliado na categoria mais crítica de contaminação (Classe 4), proibindo qualquer contato humano, atividade de pesca ou irrigação.

Pressão popular

Movimentos ambientalistas comemoram a negativa do Ibama. O Instituto Internacional Arayara e o Movimento Salve o Rio Melchior atuaram nas mobilizações para barrar o projeto. O gerente de Transição Energética da Arayara, John Wurdig, acredita que a Termo Norte Energia, empresa responsável pelo empreendimento, não consiga uma reversão judicial.

“É um indeferimento de um longo processo de análise. Os pontos trazidos pelo Ibama são incontestáveis. Dificilmente a empresa vai conseguir obter na justiça essa reversão, porque é um um parecer muito bem fundamentado”, declarou.

Em março, Ibama havia convocado uma audiência pública para discutir a viabilização da proposta. No entanto, integrantes do Instituto se reuniram em frente ao local da reunião e pediram o adiamento da discussão, questionando a transparência do processo e a falha na divulgação do debate público. Porém, a audiência nunca foi realizada.

Integrante do movimento Salve o Rio Melchior, Newton Vieira classificou a decisão do do órgão como “acertada” e uma “vitória para a humanidade”.

“O Ibama acertou em cassar essa autorização e principalmente neste ano da COP 30, onde o mundo todo vai estar olhando para o Brasil. Não faria nenhum sentido ter uma termelétrica na capital do país neste ano”, comemora.

Para Elisa Mergulhão dirigente do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) a decisão do Ibama comprova que a termelétrica não tem viabilidade ambiental e nem social.

“Esse tipo de usina só serve para poluir o ar, aumentar a falta de água e encarecer ainda mais nossa conta de luz. A negativa da licença é resultado de uma análise técnica, mas também é uma vitória da luta popular, pois houve um amplo processo de mobilização que mostrou que a população do distrito federal rejeita esse projeto de energia suja e cara”, destaca.

Fonte: Brasil de Fato

Foto: ARAYARA.org

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

POSICIONAMENTO: TFFF, uma das iniciativas mais ambiciosas e controversas no financiamento climático global

Proposto pelo Brasil e lançado oficialmente durante a COP 30 em Belém. Este mecanismo busca mobilizar recursos permanentes para conservação de florestas tropicais através de um modelo financeiro que combina capital público e privado. O atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, apresentou essa iniciativa pela primeira vez durante a COP 28 em Dubai (2023). Liderado pelo Brasil

Leia Mais »

Especialistas discutem o avanço da litigância climática na  defesa povos e meio ambiente

A independência do judiciário e o livre exercício da profissão jurídica continuam sob ameaça em muitos países. Juízes, promotores e advogados enfrentam ataques, intimidações, detenções arbitrárias e até assassinatos. A declaração de Margaret Satterthwaite, Relatora Especial da ONU, abriu a “Oficina de Litigância Climática: da Investigação aos Casos Práticos”, realizada nesta terça-feira (18/11) no Amazon Climate Hub, marcando um debate

Leia Mais »

Quem Paga a Conta da Crise Climática? pesquisa evidencia peso da crise climática sobre mulheres

Para revelar o trabalho feito pelas mulheres e traduzir em números e propostas de políticas públicas, a Hivos, em parceria com o WRI e com pesquisadores da Rede Vozes pela Ação Climática (VAC), lançou os resultados da pesquisa “Custos Sociais e Econômicos da Mudança do Clima sobre Domicílios liderados por mulheres: Evidências do Brasil e da Zâmbia (2022–2025)”. A apresentação

Leia Mais »

Além da Impunidade: COP30 Debate Responsabilidade Estatal e Reparação Climática na Amazônia

A crise climática na Amazônia não é apenas uma questão de desmatamento, mas um resultado direto da impunidade empresarial e da omissão estatal frente à expansão extrativista. O evento “Responsabilidades de los Estados frente a la impunidad de las empresas para garantizar un clima seguro y una transición justa fuera de fósiles y con justas reparaciones para países amazónicos”, realizado

Leia Mais »