+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Estudo aponta forte aumento de emissões de metano no mundo

As emissões globais de metano, um gás de efeito estufa muito mais potente do que o CO2, aumentaram 9% entre 2006 e 2017, devido sobretudo ao setores energético e agrícola, segundo um estudo que será publicado nesta quarta-feira (15).

Quarenta por cento destas emissões têm origem natural (áreas pantanosas sobretudo) e cerca de 60% se devem a atividades humanas, segundo este estudo realizado por mais de 100 pesquisadores internacionais sob a égide do Projeto Global do Carbono.

O metano é o segundo maior gás de efeito estufa de origem antrópica (relacionada com as atividades humanas), depois do dióxido de carbono (CO2), mas seu efeito no aquecimento global é 28 vezes maior por quilograma do que o do CO2 em um prazo de 100 anos.

Suas concentrações atmosféricas mais que dobraram desde o começo da era industrial, até representar 23% do aquecimento global provocado pelos gases de efeito estufa.

O aumento calculado pelos pesquisadores (a partir das atividades produtivas observadas e as medidas atmosféricas) corresponde a cenários climáticos com um aquecimento elevado, entre 3 e 4 graus centígrados em 2100.

Esses valores estão acima dos objetivos do Acordo de Paris de 2015 de manter a elevação da temperatura global “consideravelmente abaixo dos 2°C com relação aos níveis pré-industriais, continuando com as ações para limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau centígrado”. Para alcançar este último objetivo, as emissões de gases estufa deveriam diminuir 7,6% por ano, segundo a ONU.

“Se quisermos responder ao Acordo de Paris, não devemos nos contentar em limitar as emissões de dióxido de carbono, é preciso reduzir também as de metano”, adverte Marielle Saunois, do Laboratório de Ciências Climáticas e Ambientais, que coordenou o estudo.

A cientista defende uma quantificação mais regular (este é o segundo estudo do tipo) das emissões de metano, como se faz com o CO2, “porque a diminuição das emissões pode ser rapidamente benéfica para o clima”, especialmente devido à sua duração mais curta na atmosfera em relação ao CO2.

No período estudado, segundo os pesquisadores, a agricultura foi responsável pela maioria das emissões antrópicas de metano, sendo 30% provenientes dos rebanhos (fermentação digestiva e esterco) e 8% do cultivo de arroz.

Quanto às energias fósseis, a exploração de petróleo e gás representa 22% das emissões antrópicas e a extração de carvão, 11%.

A gestão de resíduos sólidos e líquidos representa 18% das emissões, a queima de biomassa e biocombustível, 8%, e o restante está relacionado com o transporte e a indústria.

As regiões tropicais são as que mais emitem (64% do total, principalmente devido às regiões pantanosas).

As emissões aumentam em todas as regiões do mundo, exceto na Europa. As que têm as maiores emissões são América do Sul, África, sudeste asiático e China.

Os pesquisadores também se preocupam com a possibilidade de as emissões aumentarem muito nas áreas de permafrost (solos congelados por longos períodos), devido ao aquecimento, mas “por enquanto não há sinais” de que esteja ocorrendo.

Fonte: AFP

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Usina Termelétrica em Brasília ameaça colapsar abastecimento de água e piorar qualidade do ar na capital do Brasil

No próximo dia 12 de março , às 18h, acontecerá a audiência pública para discussão do licenciamento ambiental da Usina Termelétrica (UTE) Brasília dentro do rito do processo de licenciamento ambiental junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).  Durante o evento, a empresa Termo Norte Energia apresentará o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e

Leia Mais »

Encontro do Observatório do Clima reúne mais de 100 organizações

Assembleia anual foi a maior já realizada pela rede e preparou atuação para a COP30, em Belém DO OC – O Observatório do Clima (OC) realizou nesta semana, em São Paulo, o encontro anual da rede com a participação de quase 200 representantes de 103 organizações. Foi a maior assembleia desde a fundação do OC, em 2002. Em meio à

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Projeto de usina termoelétrica em Caçapava não obtém licença ambiental e fica fora de leilão de reserva de capacidade

O projeto da Usina Termoelétrica (UTE) São Paulo, planejado para se instalar em Caçapava-SP, não obteve licença prévia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e, por isso, não poderá participar do leilão de reserva de capacidade deste ano. Segundo o Instituto Arayara, uma ong que acompanha essas questões ambientais, o Ibama apontou que o

Leia Mais »

Estado do petróleo sofre com onda de calor extremo

A população do estado do Rio de Janeiro, maior produtor de petróleo do Brasil, tem sofrido como poucos as consequências do aquecimento global. Na segunda-feira 17 de fevereiro, a capital do estado chegou a registrar 44ºC, a maior marca desde o início do sistema de alerta climático, há mais de uma década. O petróleo explorado no Rio de Janeiro, naturalmente,

Leia Mais »