Com a proximidade da COP30, que será realizada em novembro de 2025, em Belém, cresce a busca por informações sobre o evento que deve reunir líderes de quase 200 países para discutir o futuro das políticas climáticas globais. O tema da conferência é complexo e decisivo para o futuro do nosso planeta, e entender seu funcionamento ajuda a assimilar melhor as discussões.
Acompanhar a COP será uma oportunidade de compreender como decisões internacionais podem impactar a política climática brasileira e a transição energética no mundo inteiro. Para acompanhar negociações e debates, há diversas fontes oficiais e especializadas que oferecem informação qualificada. Mas além das salas oficiais de negociação, há muitos saberes e soluções climáticas surgindo em todos os cantos da capital paraense.
Canais oficiais
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) mantém uma página dedicada à COP 30 com agenda, documentos de negociação, comunicados e instruções para participantes. Também já está no ar o site oficial da COP 30 no Brasil, que reúne informações sobre logística, credenciamento, hospedagem e programação de eventos paralelos. A Secretaria Extraordinária da Presidência da República para a COP 30, criada para coordenar a preparação do país, divulga nesses canais atualizações sobre infraestrutura e articulações institucionais.
Veículos de comunicação nacionais e internacionais dedicam seções especiais ao tema. No Brasil, jornais como O Globo, Folha de S.Paulo e Valor Econômico devem enviar correspondentes, assim como outros veículos que acompanham tanto as negociações oficiais quanto as atividades paralelas. Durante o evento, as redes sociais da COP 30, da UNFCCC e de organizações parceiras serão constantemente atualizadas, permitindo que o público acompanhe de perto os desdobramentos.
Blue Zone e Green Zone
Os espaços oficiais da UNFCCC nas COPs se dividem entre a Blue Zone (Área Azul) e a Green Zone (Área Verde). A primeira concentra as negociações oficiais, onde os textos de acordo são debatidos e definidos. O acesso é restrito a negociadores das delegações dos países, imprensa e organizações da sociedade civil credenciadas como observadoras.
A imprensa não pode entrar nas salas de negociação, mas organizações observadoras têm esse acesso garantido. É o caso do Instituto Internacional ARAYARA, que há anos acompanha as COPs como representante da sociedade civil, publicando análises, relatórios e balanços diários. Além de comunicação e análise, a organização exerce papel de monitoramento para garantir que as decisões se alinhem às metas climáticas necessárias para assegurar a justiça climática.
Para Sara Ribeiro, Gerente Especial COP 30 do Instituto, a agenda principal defendida neste ano é a da transição justa: “Precisamos garantir que seja em todos os âmbitos, principalmente a energética, como forma de mitigação de emissões mundiais. Os direitos territoriais de povos tradicionais também são essenciais, e para isso é necessário que estas comunidades tenham maior participação e protagonismo social nas negociações”, afirma.
A presença de representantes da indústria fóssil e de outros setores poluidores é cada vez mais marcante nas negociações. Até agora, o texto-base da conferência incluiu a menção à necessidade do “afastamento gradual dos combustíveis fósseis”, mas sem prazos ou caminhos definidos. Nessa disputa, a presença da sociedade civil é essencial para pressionar pela inclusão do tema na agenda oficial e pela construção de uma transição energética justa.
Na Green Zone, o acesso é aberto a todos, mesmo sem credenciamento. Esse espaço reúne estandes e eventos paralelos organizados por países, instituições e movimentos, promovendo um ambiente mais democrático para o debate das políticas climáticas.
O clima em toda a cidade
Além dos espaços oficiais, iniciativas autônomas ocuparão diversos pontos de Belém, aproximando os debates da população mais afetada pela crise climática e valorizando a sabedoria tradicional como chave para soluções. O Comitê COP30 e organizações socioambientais têm se destacado como vozes importantes na mobilização local. Nesse contexto, a Cúpula dos Povos se consolida como espaço tradicional de resistência, reunindo movimentos sociais, povos indígenas, comunidades tradicionais e organizações ambientalistas em defesa da justiça climática. A ARAYARA marcará presença na programação, reforçando a luta contra os combustíveis fósseis e pela transição energética.
Para a sociedade civil, um dos espaços de maior relevância será o Amazon Climate Hub, iniciativa do Instituto Internacional ARAYARA. Localizado no bairro Reduto, de Belém, o Hub funcionará como um ponto de encontro e um laboratório vivo de inovação climática e tecnologia ancestral. O espaço vai abrigar debates, exposições artísticas e intervenções culturais, funcionando como uma “embaixada” das comunidades amazônicas. O objetivo é discutir a transição energética, a proteção da floresta e os direitos dos povos tradicionais, oferecendo ao público uma perspectiva local do evento e fortalecendo redes de articulação socioambiental.
Belém além da COP
Belém, cidade profundamente impactada pela crise climática, também se revela pela sua cultura, gastronomia e território. Visitar o tradicional Mercado Ver-o-Peso é mergulhar em uma diversidade única de frutas como açaí, cupuaçu e bacuri, além de peixes e ervas que expressam a riqueza da floresta e dos rios. A culinária paraense, com pratos típicos como pato no tucupi, maniçoba e tacacá, traduz a identidade local. Restaurantes renomados como Remanso do Bosque e Remanso do Peixe reinventam essa tradição. O açaí, consumido de forma autêntica, sem açúcar e acompanhado de peixe frito ou camarão, é uma verdadeira paixão da região.
Com toda essa diversidade, a COP 30 em Belém será mais que um encontro para discutir o futuro climático do planeta. Será também a oportunidade de vivenciar a cultura amazônica e reforçar a urgência de proteger seus territórios e comunidades.