Escola será demolida para instalação de Termelétrica a Gás no DF
Entre os dias 5 e 10 de maio de 2025, a Escola Classe Guariroba, localizada na Samambaia (DF), promoveu a Semana do Campo, uma iniciativa pedagógica voltada para o fortalecimento da relação dos estudantes com o território onde vivem e estudam.
A programação incluiu filmes, documentários e atividades educativas sobre temas como a preservação da natureza, a saúde dos rios e os impactos ambientais das ações humanas.
Na sexta-feira (9), o destaque foi uma manifestação simbólica realizada pelos alunos do ensino fundamental I: um abraço coletivo em torno da escola marcou o protesto contra a possível construção de uma usina termelétrica no local da escola. “Com cartazes e falas contundentes, as crianças defenderam a permanência da escola no local e denunciaram os riscos ambientais do empreendimento”, relatou Raissa Felippe, mobilizadora do Instituto Internacional ARAYARA que esteve presente no ato.
Segundo a mobilizadora da ARAYARA, a preocupação da comunidade escolar não é apenas simbólica. Em 2015, a Escola Guariroba passou por um processo de remoção e teve que funcionar por dois anos em um espaço improvisado.Nesse período, de acordo com a diretora da escola, Nathália Pacheco, p Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) caiu de 5,5 (2015) para 4,6 (2017).Após a inauguração da nova sede, em 2018, o índice subiu novamente, chegando a 5,9 em 2019. Mesmo durante a pandemia de COVID-19, o impacto no IDEB foi menor do que no período em que a escola operava sem estrutura adequada, com nota de 5,2 em 2021.
Além dos dados de desempenho, a escola se destaca por iniciativas de educação ambiental. Desde 2022, mantém um projeto de horta com o cultivo de hortaliças e frutíferas, promovendo segurança alimentar, educação nutricional e consciência ecológica entre os alunos. Raíssa destaca que , para a direção e os educadores, as propostas de compensação ambiental apresentadas pela empresa Termo Norte — responsável pelo projeto da termelétrica Brasília na região— como hortas e ações de educação ambiental, não se justificam, já que essas práticas já são desenvolvidas com sucesso no espaço atual da escola.
“Os estudantes demonstram um forte vínculo com o território e uma notável consciência sobre os impactos ambientais locais”, observou Larissa Cordeiro. “Durante as atividades, eles falaram com clareza sobre questões como a poluição do Rio Melchior e os riscos que a instalação de uma usina termelétrica pode trazer à qualidade do ar e à saúde da população”, observou Larissa Cordeiro.
A mobilização contra a instalação da UTE Brasília, usina termelétrica prevista para a região, vem ganhando força. O Instituto Internacional ARAYARA, o Movimento Salve o Rio Melchior, o Fórum de Defesa das Águas do DF, além de representantes da sociedade civil, ambientalistas, educadores, alunos e especialistas, seguem articulados contra o empreendimento. As críticas apontam que o projeto ameaça diretamente a permanência da Escola Classe Guariroba — que atende mais de 365 crianças —, além de comprometer a qualidade do ar no Distrito Federal e colocar em risco a segurança hídrica da bacia do Rio Melchior.
“A mobilização da Escola Classe Guariroba revela o protagonismo das crianças na defesa do meio ambiente e da educação pública de qualidade, mostrando que a comunidade escolar tem voz e participa ativamente de decisões que impactam seu território e seu futuro”, afirma Cordeiro.
Sobre a UTE Brasília
Inicialmente marcada para 12 de março, a audiência pública sobre o projeto foi adiada por decisão da 9ª Vara Federal Cível do Distrito Federal. A medida atendeu a uma ação do Instituto Internacional ARAYARA, que denunciou falhas na divulgação do evento e o curto prazo entre o anúncio e sua realização, comprometendo a participação popular.
A resistência ao empreendimento tem se intensificado. Uma petição online contrária à instalação da usina já ultrapassou 500 mil assinaturas, e uma moção de repúdio ao projeto foi aprovada durante a 5ª Conferência Distrital do Meio Ambiente, demonstrando o crescente engajamento da sociedade civil.
A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados realizará, nesta terça-feira (13), às 10h, um seminário para discutir os impactos socioambientais da instalação da Usina Termelétrica de Brasília (UTE Brasília). O evento acontecerá no Plenário 2, Anexo II, da Câmara dos Deputados, com transmissão ao vivo, por meio do YouTube da Câmara.