+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Copelmi: mineradora terá que prestar esclarecimentos sobre o impacto da Mina do Cerro nas comunidades indígenas da região

O Instituto Internacional Arayara protocolou na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM), na semana passada, um pedido formal de esclarecimentos sobre a ausência de detalhes cruciais sobre o componente indígena no Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) do projeto de mineração de carvão da Mina do Cerro, da mineradora Copelmi.

O empreendimento, situado no município de Cachoeira do Sul (RS), visa o fornecimento de carvão à petroquímica Braskem, mas enfrenta questionamentos sobre a falta de consideração sobre todas as comunidades indígenas na área de influência do projeto.

Em análise ao documento público do EIA-Rima, o Instituto Internacional Arayara identificou que o Acampamento Indígena Papagaio, localizado em Cachoeira do Sul, não foi mencionado nos estudos ambientais, apesar de registros da presença indígena nesta área. “A ausência do acampamento no relatório é grave e levanta preocupações sobre o histórico de omissões em empreendimentos da Copelmi”, diz Juliano Bueno de Araújo, diretor-presidente do Instituto Internacional Arayara. 

Araújo destaca que, em 2022, um processo anterior de licenciamento da Mina Guaíba foi arquivado após determinação da Justiça Federal, devido à falta de consideração da Aldeia Guajayvi, situada próxima ao projeto, fato que comprometeu a transparência do processo.

A ARAYARA solicitou à FEPAM a atualização e inclusão de informações sobre os territórios indígenas impactados, destacando a necessidade de novos estudos e consultas à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para verificar e validar a presença dessas comunidades. 

Segundo Araújo, o EIA-Rima atual omite o envolvimento direto das lideranças indígenas no processo, apesar da proximidade de várias aldeias, como a Tekoa Guabiju, a Terra Indígena Irapuá e o Acampamento Irapuá, localizadas a menos de 11 km do empreendimento.

Divergências e omissões no relatório ambiental

O Engenheiro Ambiental, John Wurdig, explica que o relatório do EIA-Rima não inclui entrevistas com membros das comunidades indígenas próximas, uma etapa essencial para captar a percepção local sobre o impacto do projeto. 

“Durante audiência pública realizada no dia 31 de outubro de 2024, técnicos da Copelmi e da consultoria Profill afirmaram que o meio socioeconômico e as comunidades tradicionais foram considerados, mas não apresentaram detalhes sobre a identificação e o reconhecimento dessas comunidades, o que para o Instituto Internacional Arayara configura uma omissão de informações relevantes”, pontua.

Wurdig enfatiza ainda  a urgência de inclusão do Acampamento Indígena Papagaio no EIA-Rima, criticando a identificação apenas como uma “comunidade indígena sem nome” no relatório. 

“O uso inadequado de terminologias e a falta de identificação precisa demonstram negligência no processo. Além disso, reforça que a Emater/RS-Ascar, mencionada no EIA-Rima como fonte de localização das aldeias, não possui competência para a delimitação e identificação de territórios indígenas, função que é exclusiva da Funai”, ressalta o engenheiro.

Histórico de problemas com a Copelmi

A Copelmi já enfrenta um histórico de questionamentos e problemas jurídicos envolvendo a consideração das comunidades indígenas em estudos de impacto ambiental. No caso da Mina Guaíba, na cidade de Charqueadas, a omissão da Aldeia Guajayvi resultou no arquivamento do processo de licenciamento por decisão da Justiça Federal. O Instituto Internacional Arayara, portanto, exige maior transparência e adequação legal no processo de licenciamento da Mina do Cerro.

“Buscamos garantir o cumprimento dos direitos das comunidades indígenas e a transparência necessária nos processos de licenciamento de grandes empreendimentos”, declarou o diretor-presidente da ARAYARA. 

Araújo também pontuou que a resposta da FEPAM será fundamental para esclarecer a responsabilidade da mineradora Copelmi e assegurar que as comunidades indígenas afetadas sejam devidamente ouvidas e consideradas nas decisões ambientais sobre a Mina do Cerro.

Foto: Guilherme Santos/Sul21

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Ondas de calor em 2024 interferiram no ciclo global da água

A elevação das temperaturas da superfície do mar intensificou os ciclones tropicais e as secas na Bacia Amazônica e no sul da África, por exemplo As ondas de calor e chuvas torrenciais de 2024 interferiram fortemente no ciclo global da água. Os extremos climáticos, que contribuíram para inundações violentas e secas devastadoras, mostram um novo relatório liderado pela Universidade Nacional

Leia Mais »

CRM estende contrato de carvão para Candiota 3 até 28 de fevereiro

Ato em defesa da continuidade da usina foi realizado nesta segunda-feira (6)   Por Jefferson Klein – Jornal do Comércio  Mesmo com a termelétrica Candiota 3 tendo sido desligada em 1º de janeiro, depois do término do seu acordo de comercialização de energia, a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) formalizou a prorrogação do contrato de fornecimento de carvão para a

Leia Mais »