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Copelmi: mineradora terá que prestar esclarecimentos sobre o impacto da Mina do Cerro nas comunidades indígenas da região

O Instituto Internacional Arayara protocolou na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (FEPAM), na semana passada, um pedido formal de esclarecimentos sobre a ausência de detalhes cruciais sobre o componente indígena no Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) do projeto de mineração de carvão da Mina do Cerro, da mineradora Copelmi.

O empreendimento, situado no município de Cachoeira do Sul (RS), visa o fornecimento de carvão à petroquímica Braskem, mas enfrenta questionamentos sobre a falta de consideração sobre todas as comunidades indígenas na área de influência do projeto.

Em análise ao documento público do EIA-Rima, o Instituto Internacional Arayara identificou que o Acampamento Indígena Papagaio, localizado em Cachoeira do Sul, não foi mencionado nos estudos ambientais, apesar de registros da presença indígena nesta área. “A ausência do acampamento no relatório é grave e levanta preocupações sobre o histórico de omissões em empreendimentos da Copelmi”, diz Juliano Bueno de Araújo, diretor-presidente do Instituto Internacional Arayara. 

Araújo destaca que, em 2022, um processo anterior de licenciamento da Mina Guaíba foi arquivado após determinação da Justiça Federal, devido à falta de consideração da Aldeia Guajayvi, situada próxima ao projeto, fato que comprometeu a transparência do processo.

A ARAYARA solicitou à FEPAM a atualização e inclusão de informações sobre os territórios indígenas impactados, destacando a necessidade de novos estudos e consultas à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para verificar e validar a presença dessas comunidades. 

Segundo Araújo, o EIA-Rima atual omite o envolvimento direto das lideranças indígenas no processo, apesar da proximidade de várias aldeias, como a Tekoa Guabiju, a Terra Indígena Irapuá e o Acampamento Irapuá, localizadas a menos de 11 km do empreendimento.

Divergências e omissões no relatório ambiental

O Engenheiro Ambiental, John Wurdig, explica que o relatório do EIA-Rima não inclui entrevistas com membros das comunidades indígenas próximas, uma etapa essencial para captar a percepção local sobre o impacto do projeto. 

“Durante audiência pública realizada no dia 31 de outubro de 2024, técnicos da Copelmi e da consultoria Profill afirmaram que o meio socioeconômico e as comunidades tradicionais foram considerados, mas não apresentaram detalhes sobre a identificação e o reconhecimento dessas comunidades, o que para o Instituto Internacional Arayara configura uma omissão de informações relevantes”, pontua.

Wurdig enfatiza ainda  a urgência de inclusão do Acampamento Indígena Papagaio no EIA-Rima, criticando a identificação apenas como uma “comunidade indígena sem nome” no relatório. 

“O uso inadequado de terminologias e a falta de identificação precisa demonstram negligência no processo. Além disso, reforça que a Emater/RS-Ascar, mencionada no EIA-Rima como fonte de localização das aldeias, não possui competência para a delimitação e identificação de territórios indígenas, função que é exclusiva da Funai”, ressalta o engenheiro.

Histórico de problemas com a Copelmi

A Copelmi já enfrenta um histórico de questionamentos e problemas jurídicos envolvendo a consideração das comunidades indígenas em estudos de impacto ambiental. No caso da Mina Guaíba, na cidade de Charqueadas, a omissão da Aldeia Guajayvi resultou no arquivamento do processo de licenciamento por decisão da Justiça Federal. O Instituto Internacional Arayara, portanto, exige maior transparência e adequação legal no processo de licenciamento da Mina do Cerro.

“Buscamos garantir o cumprimento dos direitos das comunidades indígenas e a transparência necessária nos processos de licenciamento de grandes empreendimentos”, declarou o diretor-presidente da ARAYARA. 

Araújo também pontuou que a resposta da FEPAM será fundamental para esclarecer a responsabilidade da mineradora Copelmi e assegurar que as comunidades indígenas afetadas sejam devidamente ouvidas e consideradas nas decisões ambientais sobre a Mina do Cerro.

Foto: Guilherme Santos/Sul21

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