+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Consumidores de energia de todo Brasil discutem custo da energia e transição energética em meio às mudanças climáticas

A Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE) realizou, ontem (18/9), o 2º Seminário Nacional dos Consumidores de Energia, em Brasília. O evento reuniu governo, especialistas e sociedade civil para debater a redução do custo da energia, os desafios da transição energética e o combate às mudanças climáticas no Brasil

Durante o evento, os participantes receberam a “Conta de Luz do Consumidor Brasileiro”, com estimativas dos custos de energia para 2024. Além disso, puderam acessar o “Subsidiômetro” da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), exposto em um totem interativo. 

Painéis abordaram subsídios, custo da energia e justiça energética

De acordo com uma pesquisa encomendada pelo Instituto Pólis, 36% das famílias brasileiras gastam mais da metade do orçamento mensal com energia elétrica e gás de cozinha. “Nas regiões Norte e Nordeste, esses gastos superam até as despesas com alimentação, comprometendo a segurança alimentar das famílias”, destacou Mónica Banegas, especialista em Justiça Energética do Instituto Pólis, durante o painel sobre justiça energética. Ela também apontou que 60% das famílias das classes D e E, com renda de até um salário mínimo, estão com a conta de luz atrasada.

Rosimeire Costa, presidente do CONACEN, reforçou a necessidade de uma fiscalização firme por parte da Aneel, ressaltando a importância de uma agência reguladora forte e independente para garantir tarifas mais justas aos consumidores cativos.

Impacto da energia elétrica na vida das pessoas

No segundo painel, com foco no impacto da energia elétrica na população, o deputado federal Joaquim Passarinho (PL/PA) defendeu um ciclo completo para os subsídios, enfatizando que muitos deles não têm fim definido, o que sobrecarrega os consumidores. 

Kayo Moura, da Rede de Favela Sustentável, trouxe dados mostrando que 31% das famílias mais pobres gastam mais de 10% da renda com energia. Já Cássio Bitar, do Comitê Gestor do Pró-Amazônia Legal, destacou que 2,7 milhões de pessoas na Amazônia Legal ainda não têm acesso à energia, e que novos projetos para áreas isoladas estão previstos para serem implementados até o fim do ano.

Clima e energia: desafios da transição energética

No painel da tarde, a secretária nacional de Mudança do Clima, Ana Toni, ressaltou que o debate sobre energia precisa ser transversal e inclusivo, sem soluções simples, pois cada fonte energética traz seus desafios. Carol Marçal, do Instituto ClimaInfo, alertou para o aumento das fontes fósseis na matriz energética brasileira, o que eleva as emissões e encarece a energia. Ela criticou o lobby a favor dos combustíveis fósseis no Congresso, que insere emendas prejudiciais à transição energética.

Por outro lado, João Francisco Paiva Avelino, do MDIC, destacou que a participação da indústria brasileira nas emissões globais é relativamente pequena, enquanto Lucien Belmonte, da Abividro, defendeu a competitividade da indústria e questionou o foco em carvão nas discussões, que, segundo ele, prejudica a competitividade.

O Diretor Técnico do Instituto Internacional ARAYARA, Eng. Juliano Bueno de Araújo, Phd. em Energia, propôs a extinção da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e anunciou a intenção de entregar uma carta ao Ministro Alexandre Silveira e ao Presidente Lula, solicitando a revisão dessa política. Ele também criticou a inclusão dos chamados “jabutis” em projetos de lei, alertando que, se essas emendas continuarem sendo aprovadas, a transição energética justa estará seriamente comprometida.

Igor Britto, diretor executivo do IDEC, afirmou que a verdadeira transição energética só ocorrerá quando houver um compromisso real em beneficiar os consumidores. Ele destacou que as distribuidoras de energia são a segunda maior fonte de reclamações de consumidores no país, atrás apenas dos bancos, e que muitos consumidores não compreendem o que é cobrado nas suas contas. Britto defendeu mudanças no setor, especialmente na forma de cobrança, para garantir que as pessoas sejam informadas e se mobilizem para uma transição energética justa.

Encerramento e próximas ações

No encerramento, o presidente da FNCE, Luiz Eduardo Barata, criticou a desorganização do setor energético e propôs uma revisão do arcabouço regulatório, afirmando que esse processo será gradual e complexo. Barata também anunciou a elaboração de uma correspondência ao CNPE para revisar os subsídios da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e uma nova edição do ranking de parlamentares sobre energia elétrica, a ser publicada até o final do mês.

O seminário destacou a importância de ações coordenadas para enfrentar os desafios da transição energética e promover um sistema energético mais justo e sustentável no Brasil.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Brasilien will vor Klimakonferenz seine Ölförderung ausweiten

Im brasilianischen Belém soll der nächste Weltklimagipfel stattfinden. Vor dem Treffen will das Land nun aber neue Ölfelder versteigern. Umweltschützer kündigen rechtliche Schritte an. Zum anstehenden Weltklimagipfel in Belém gab es bereits unglückliche Schlagzeilen. Etwa, dass die Teilnehmerinnen und Teilnehmer auf Kreuzfahrtschiffen statt in Hotels übernachten sollen. Nun kommt noch eine weitere hinzu: Fünf Monate vor der Tagung in Brasilien eskaliert der Streit über

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Apesar de resultado modesto, Conferência de Nice impulsiona tratados internacionais sobre oceanos

Pela primeira-vez, um grande número de chefes de Estado e de Governo e ministros se deslocaram para uma reunião internacional para abordar a proteção dos oceanos. Se, por um lado, a 3ª Conferência da ONU em Nice sobre o tema (UNOC3) resultará “apenas” em uma declaração política de engajamento dos quase 130 países representados, por outro, o evento consolidou de

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Brazil to auction oil exploration rights months before hosting Cop30

The Brazilian government is preparing to stage an oil exploration auction months before it hosts the Cop30 UN climate summit, despite opposition from environmental campaigners and Indigenous communities worried about the environmental and climate impacts of the plans. Brazil’s oil sector regulator, ANP, will auction the exploration rights to 172 oil and gas blocks spanning 56,000 square miles (146,000 sq

Leia Mais »

Povo Haliti-Paresi denuncia ausência de consulta prévia sobre 5º leilão de Oferta Permanente de Concessão

No último dia 5/6, o Instituto Internacional ARAYARA, em parceria com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e  Kretã Kaingang, coordenador executivo da APIB/Sul, realizou a segunda oficina informativa sobre os riscos associados ao 5º Ciclo da Oferta Permanente da ANP, que acontece no próximo dia 17/6. O encontro ocorreu na Aldeia Rio Verde, no estado do Mato Grosso, e contou

Leia Mais »