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Conferência Livre: resíduos sólidos e emergência climática são debatidos em Porto Alegre

 

Na última sexta-feira(17), o Centro Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, foi palco da Conferência Livre “Resíduos Sólidos e a Emergência Climática: O que queremos para Porto Alegre?”. O evento, organizado pela comunidade, buscou fomentar o debate sobre a gestão de resíduos na cidade, incentivando a participação popular na formulação de políticas públicas voltadas ao tema.

 

A Conferência destacou a importância de uma gestão democrática e colaborativa, comprometida com o bem-estar da população e a preservação ambiental do município. A iniciativa também se propôs a articular propostas e monitorar a aplicação de direitos civis e ambientais.

 

O evento integra uma das etapas iniciais da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, onde municípios de todo o país têm a oportunidade de propor soluções e eleger delegados para representar suas demandas na instância nacional. 

 

A 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente se apresenta como um marco no cenário climático nacional, sobretudo no ano em que o Brasil será o anfitrião da COP 30,em Belém. 

Com foco em mitigação, adaptação, justiça climática e transformação ecológica, a expectativa é que o evento  promova um diálogo inclusivo e avance em ações concretas para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU.

Destaques da programação

 

A abertura do evento contou com  a participação da reitora da UFRGS, Márcia Barbosa, que enfatizou a relevância de unir academia, comunidade e organizações para enfrentar os desafios climáticos atuais. 

 

Na ocasião, o engenheiro ambiental e gerente de Transição Energética do Instituto Internacional ARAYARA, John Wurdig, entregou à reitora um exemplar do estudo UTE Candiota 2050 – O futuro insustentável da produção de energia elétrica a partir do carvão mineral subsidiado. Ele também destacou a importância de discutir a transição energética e a emergência climática no estado do Rio Grande do Sul.

 

O Rio Grande do Sul detém 90% das reservas de carvão mineral do Brasil, e a cidade de Candiota possui 40% destas reservas. A UTE (Usina Termelétrica) Candiota III já emitiu 21,5 milhões de toneladas de CO2 equivalente (tCO2e). As duas estão nas primeiras posições no ranking das 10 usinas que mais emitem gases de efeito estufa do Sistema Interligado Nacional de energia elétrica (SIN).

 

Participação da comunidade

 

Ana Paula Medeiros, presidente da Cooperativa Centro de Triagem da Vila Pinto e coordenadora do Fórum Municipal de Catadoras/es de Porto Alegre, destacou o caráter inclusivo do evento:

 

“Foi uma das melhores conferências em que já participei, especialmente pela presença dos catadores de materiais recicláveis. Espero que as demandas aqui elencadas possam ser levadas às etapas municipal, estadual e federal, valorizando quem está na base da gestão solidária e sustentável dos resíduos.”


Medeiros também ressaltou a necessidade de maior apoio público para a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, melhores condições de trabalho nos galpões de reciclagem e campanhas de educação ambiental para incentivar a separação correta dos resíduos.

 

Descarte irregular de resíduos

 

Porto Alegre é considerada a capital do descarte irregular de resíduos sólidos. Conforme levantamentos efetuados anualmente pelas Zonais de Limpeza e Coleta do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), em média são recolhidas 8.000 toneladas por mês de resíduos descartados irregularmente, a um custo mensal aproximado de R$ 1.200.000,00.

 

Durante o evento, foram apresentados dados do Plano de Ação Climática de Porto Alegre, que revelou que 67,7% das emissões de gases de efeito estufa no município provêm do transporte, seguidos por 23% de fontes estacionárias e 8,8% do manejo de resíduos.“Esses números reforçam a urgência de políticas integradas que abordem tanto a questão dos resíduos sólidos quanto o impacto climático”, ressaltou Wurdig.

 

O engenheiro pontuou que a conferência marcou o início de uma mobilização contínua para construir soluções conjuntas e promover uma gestão de resíduos que alie sustentabilidade, inclusão social e responsabilidade ambiental.

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