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Comunidade de Samambaia debate impactos da UTE Brasília em encontro no CRAS da Expansão

Projeto da usina ameaça escola pública, meio ambiente e segurança alimentar da população local, alertam organizações

Na semana passada (01/4),  o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da Expansão da Samambaia foi palco de um encontro promovido pela Rede Social Samambaia, que reuniu servidores públicos e membros da sociedade civil para discutir os impactos socioambientais da proposta de construção da Usina Termelétrica (UTE) Brasília.

Localizado a apenas 4,8 km da Escola Classe Guariroba — que pode ser removida caso o projeto avance — o CRAS recebeu representantes do Instituto Internacional ARAYARA, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e do Movimento Salve o Rio Melchior, além de profissionais da saúde, assistência social e educação.

A mobilizadora socioambiental da ARAYARA, Raíssa Fellipe, apontou a forte participação da comunidade, especialmente de mulheres preocupadas com o futuro da educação pública local. Ela denunciou que a possível remoção da única escola rural da região em favor da construção da UTE Brasília representa um grave retrocesso. “As participantes se mostraram indignadas com um projeto que ameaça o bem-estar da população sem sequer atender a uma demanda energética local clara. Não há falta de energia que justifique esse empreendimento”, afirmou.

Raíssa também alertou para os diversos impactos da usina termoelétrica na região, como a poluição do ar, o risco de crise hídrica, a formação de chuva ácida e a perda da produção agrícola familiar — que atualmente abastece escolas e restaurantes comunitários, incluindo um ao lado do próprio CRAS.

“Com a queda na produção de alimentos, a renda dos agricultores diminui, gerando mais empobrecimento e maior demanda por apoio social. É um efeito dominó. Além disso, as escolas são espaços fundamentais de segurança alimentar. Remover a única escola rural agrava ainda mais esse cenário”, completou.

Outro ponto de destaque foi o impacto à saúde pública: a poluição atmosférica causada pela usina poderá sobrecarregar o Sistema Único de Saúde (SUS), aumentando os casos de doenças respiratórias e crônicas.

Se instalada, a usina a gás fóssil da Termo Norte Energia, com capacidade de 1.470 MW, poderá emitir cerca de 4,7 milhões de toneladas de CO₂ por ano — agravando ainda mais a crise climática.

O engenheiro ambiental e gerente de Transição Energética do Instituto ARAYARA, John Wurdig,  alerta que o projeto também pode intensificar a crise hídrica no Distrito Federal, já pressionada pelo desmatamento e pelas mudanças climáticas.

Outro ponto crítico levantado é o impacto econômico: segundo a Frente Nacional dos Consumidores de Energia, a instalação da usina pode provocar um aumento de até 17% nas contas de luz da população.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) também apresentou dados técnicos sobre a UTE Brasília, enquanto Newton Vieira, presidente do Movimento  Salve o Rio Melchior, defendeu a urgente necessidade de recuperação do rio como medida essencial para a saúde ambiental e da população.

Durante o encontro, a equipe do CRAS apresentou os serviços ofertados à comunidade, como o Prato Cheio, o Bolsa Família, o programa Pé de Meia e auxílios em situações de calamidade pública. Foi destacada a importância do CRAS como ponte entre a população vulnerável e os benefícios garantidos pelo Estado.

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