+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Comunidade de Samambaia debate impactos da UTE Brasília em encontro no CRAS da Expansão

Projeto da usina ameaça escola pública, meio ambiente e segurança alimentar da população local, alertam organizações

Na semana passada (01/4),  o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da Expansão da Samambaia foi palco de um encontro promovido pela Rede Social Samambaia, que reuniu servidores públicos e membros da sociedade civil para discutir os impactos socioambientais da proposta de construção da Usina Termelétrica (UTE) Brasília.

Localizado a apenas 4,8 km da Escola Classe Guariroba — que pode ser removida caso o projeto avance — o CRAS recebeu representantes do Instituto Internacional ARAYARA, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e do Movimento Salve o Rio Melchior, além de profissionais da saúde, assistência social e educação.

A mobilizadora socioambiental da ARAYARA, Raíssa Fellipe, apontou a forte participação da comunidade, especialmente de mulheres preocupadas com o futuro da educação pública local. Ela denunciou que a possível remoção da única escola rural da região em favor da construção da UTE Brasília representa um grave retrocesso. “As participantes se mostraram indignadas com um projeto que ameaça o bem-estar da população sem sequer atender a uma demanda energética local clara. Não há falta de energia que justifique esse empreendimento”, afirmou.

Raíssa também alertou para os diversos impactos da usina termoelétrica na região, como a poluição do ar, o risco de crise hídrica, a formação de chuva ácida e a perda da produção agrícola familiar — que atualmente abastece escolas e restaurantes comunitários, incluindo um ao lado do próprio CRAS.

“Com a queda na produção de alimentos, a renda dos agricultores diminui, gerando mais empobrecimento e maior demanda por apoio social. É um efeito dominó. Além disso, as escolas são espaços fundamentais de segurança alimentar. Remover a única escola rural agrava ainda mais esse cenário”, completou.

Outro ponto de destaque foi o impacto à saúde pública: a poluição atmosférica causada pela usina poderá sobrecarregar o Sistema Único de Saúde (SUS), aumentando os casos de doenças respiratórias e crônicas.

Se instalada, a usina a gás fóssil da Termo Norte Energia, com capacidade de 1.470 MW, poderá emitir cerca de 4,7 milhões de toneladas de CO₂ por ano — agravando ainda mais a crise climática.

O engenheiro ambiental e gerente de Transição Energética do Instituto ARAYARA, John Wurdig,  alerta que o projeto também pode intensificar a crise hídrica no Distrito Federal, já pressionada pelo desmatamento e pelas mudanças climáticas.

Outro ponto crítico levantado é o impacto econômico: segundo a Frente Nacional dos Consumidores de Energia, a instalação da usina pode provocar um aumento de até 17% nas contas de luz da população.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) também apresentou dados técnicos sobre a UTE Brasília, enquanto Newton Vieira, presidente do Movimento  Salve o Rio Melchior, defendeu a urgente necessidade de recuperação do rio como medida essencial para a saúde ambiental e da população.

Durante o encontro, a equipe do CRAS apresentou os serviços ofertados à comunidade, como o Prato Cheio, o Bolsa Família, o programa Pé de Meia e auxílios em situações de calamidade pública. Foi destacada a importância do CRAS como ponte entre a população vulnerável e os benefícios garantidos pelo Estado.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Oficina debate impactos da mineração oceânica e infraestrutura costeira no Sudeste brasileiro

Evento reúne especialistas, comunidades tradicionais e ambientalistas para discutir ameaças socioambientais e geopolíticas no contexto da mineração marinha e da COP30 Pesquisadores, ativistas, comunidades tradicionais e representantes da sociedade civil se reuniram na última quarta-feira (21) para discutir os impactos da mineração oceânica e dos grandes empreendimentos de infraestrutura sobre os territórios costeiros. A oficina integrou o Projeto Conexões Costeiras

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Especialista ambiental expressa preocupação com “PL da Devastação”

Projeto deve retornar à Câmara para nova votação Por Valentina Rocha O Senado Federal aprovou, na última quarta-feira, 21, com 54 votos favoráveis e 13 contra, o Projeto de Lei (PL) 2.159/2021, que propõe mudanças nas regras do licenciamento ambiental no país. Se aprovado quando retornar à Câmara e for sancionado, a proposta, que ficou popularmente conhecida como “PL da

Leia Mais »

PL da Devastação: governo libera bancada no Senado

Sob a justificativa de simplificar o conjunto de normas ambientais, ontem (21), o Projeto de Lei nº 2.159/2021 foi aprovado nesta noite no Senado Federal, apesar da intensa mobilização entre ambientalistas, especialistas e organizações da sociedade civil. Apelidado de “PL da Devastação” e “mãe de todas as boiadas”, o projeto agora retorna à Câmara para nova votação. Foram 54 votos

Leia Mais »