+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

Fortuna em risco

Cidade maranhense passa por pesquisas para possível exploração de gás natural em seus territórios

 

O que é o fracking?

O fracking – também chamado de fraturamento hidráulico – é um processo que envolve a injeção de grandes volumes de água, produtos químicos e areia, a alta pressão, em camadas de rocha do subsolo para liberar o gás natural que está preso. Apesar de ser uma técnica já utilizada em vários países, ela é controversa por causar danos ambientais e ecológicos, incluindo contaminação da água subterrânea, liberação de gases de efeito estufa, terremotos induzidos etc.

 

O município de Fortuna, Maranhão, recebeu a visita da equipe da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pela Água e Vida, uma campanha do Instituto Internacional Arayara, em 09 de setembro de 2022. Foi realizada uma vistoria técnica a dois blocos onde a empresa petrolífera ENEVA está conduzindo pesquisas de exploração de gás. Não foi possível identificar o modelo de extração utilizado pela empresa, mas se verificou que a extração de gás não traz riqueza para o município.

 

Cabeças de poços de pesquisa para extração do gás de xisto em Fortuna/MA.

A Não Fracking Brasil foi recebida pelo assessor da presidência da câmara, Tonni Rodrigues, que recebeu o material da campanha e um projeto de lei contra o fracking. Ao ser questionado se o município sabia de locais de exploração de gás de xisto, Rodrigues afirmou que sim e indicou para a equipe o local de pesquisa.

A COESUS foi até a Câmara Municipal, onde constatou a falta de manutenção do local. O estado da “casa do povo” mostra a ausência de desenvolvimento causada pela exploração de gás na cidade.

Ao percorrer as ruas, praças e demais locais do município, é possível observar placas brancas com numerações, que identificam os blocos de exploração da empresa petrolífera. Essa prática também é comum na Argentina, país que já adota a técnica de fraturamento hidráulico, conhecido como fracking.

Um fenômeno pouco conhecido, chamado “racismo ambiental”, afeta diversas cidades do Maranhão, inclusive Fortuna. As empresas petrolíferas têm preferência por realizar suas operações em municípios que sofrem com esse tipo de racismo, pois isso facilita o uso de estratégias sedutoras e promessas enganosas para iludir a população, contribuindo ainda mais para a marginalização dessas localidades.

Placas brancas com numerações identificando os blocos de exploração de gás.

O racismo ambiental ocorre quando a população de determinada região é prejudicada desproporcionalmente pela instalação de indústrias poluentes ou por atividades extrativistas que comprometem o meio ambiente. Essas comunidades, geralmente compostas por pessoas de baixa renda e grupos étnicos minoritários, enfrentam impactos ambientais negativos em suas vidas diárias, desde a contaminação da água e do solo até a degradação da saúde e qualidade de vida.

 

No caso de Fortuna, a extração de gás não está trazendo os benefícios econômicos prometidos para a cidade. A falta de manutenção na câmara municipal é apenas um exemplo visível do descaso e da falta de investimento na infraestrutura local. Enquanto a empresa petrolífera busca lucrar com a exploração de gás, a população de Fortuna sofre com as consequências negativas dessa atividade.

 

Ambiente dentro da Câmara Municipal de Fortuna/MA.

A visita técnica da COESUS levanta questionamentos importantes sobre o modelo de desenvolvimento adotado no município. É fundamental que haja um debate amplo e inclusivo sobre os impactos sociais e ambientais causados pela exploração de gás e outras atividades extrativistas na região. É necessário buscar alternativas sustentáveis e que valorizem o bem-estar das comunidades locais, promovendo o desenvolvimento de forma justa e equitativa.

A COESUS tem o trabalho de conscientização e mobilização contra o fracking e outras práticas extrativistas prejudiciais ao meio ambiente e às comunidades. A coalizão busca ampliar o debate e promover ações que visem a preservação dos recursos naturais e a proteção das populações afetadas por essas atividades.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Consórcio Santa Quitéria: aldeias temem contaminação por mina de urânio

Na tarde da última sexta-feira (6), a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) realizou uma audiência pública para discutir o Protocolo de Consulta dos Povos Indígenas do Movimento Potigatapuia, composto pelas etnias Tabajara, Potiguara, Tubiba-Tapuia e Gavião. O debate, solicitado pelo deputado Renato Roseno (PSOL), aconteceu no Complexo de Comissões Técnicas da Alece, e

Leia Mais »

Future of LNG

technical brief THE FUTURE OF LNG IN BRAZIL DOWNLOAD here A mapping by ARAYARA identified 29 LNG terminals in different stages of development. Of these, 7 are already operational, and another 8 are undergoing environmental licensing. An alarming number: almost one-third of the planned terminals are in the Legal Amazon, a region already saturated with socio-environmental impacts. Study Highlights 1.

Leia Mais »