+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: O Cerrado comemora seu dia, mas o Bioma está ameaçado por quatro termelétricas à gás e um mega gasoduto

Há um ano, o Arayara vem denunciando os impactos e os riscos de quatro usinas térmicas a gás que pretendem se instalar em Goiás e no Distrito Federal

 

Por Instituto ARAYARA

O Cerrado é uma das regiões de maior biodiversidade do mundo, e estima-se que possua mais de 6 mil espécies de árvores e 800 espécies de aves. Acredita-se que mais de 40% das espécies de plantas lenhosas e 50% das abelhas sejam endêmicas, ou seja, somente ocorrem neste Bioma que através do decreto de 20 de agosto de 2003 teve o seu dia instituído, o Dia Nacional do Cerrado é comemorado anualmente em 11 de setembro.

Apesar de ser responsável pela água de quase 70% das bacias hidrográficas do Brasil, o que faz do Cerrado o coração das águas em nosso país, este bioma enfrenta inúmeros impactos ambientais, que classificaram o Cerrado brasileiro em 2024 como o segundo bioma mais ameaçado em relação a perda de biodiversidade e serviços ecossistêmicos, onde nos últimos 39 anos foram suprimidos 27% de sua vegetação nativa, ou seja, 38 milhões de hectares, conforme o estudo do Mapbiomas.

No ano da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada no mês de novembro em Belém (PA), o Instituto Internacional ARAYARA identificou através da sua Plataforma Monitor Energia mais uma ameaça da indústria fóssil ao Cerrado, que ocupa 23% do território do país, com mais de 200 milhões de km2, estendendo-se pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal.

Denunciamos que o Bioma Cerrado virou alvo da indústria fóssil do gás natural que pretende instalar o Gasoduto Brasil Central da Transportadora de gás do Brasil Central S/A – TGBC, com mais de 900 km ligando São Carlos (São Paulo) até Brasília (Distrito Federal), visando assim o fornecimento de gás para quatro usinas termelétricas (ver mapa imagem 01):

  • UTE Brasília da Termo Norte Energia com 1.470 MW, a ser instalada na Região Administrativa de Samambaia no Distrito Federal (DF), distante apenas 35 Km da Praça dos Três Poderes e da Esplanada dos Ministérios.
  • UTE Bonfinópolis, também do empreendedor Termo Norte Energia, com 299 MW localizada no município de Bonfinópolis-GO;
  • UTE Centro Oeste com 1.250 MW a ser instalada no município de Bonfinópolis-GO;
  • UTE Brasil Central também com 1.250 MW na qual visa a instalação em Abadiânia – GO, as duas últimas usinas são do empreendedor Eletricidade do Brasil S.A. (EBRASIL).

 

Mapa do gasoduto Brasil-Central e das quatro termelétricas a serem instaladas no Bioma Cerrado

Todos estes empreendimentos fósseis tramitam os seus processos de licenciamento ambiental junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas a UTE Bonfinópolis reduziu a potência deste empreendimento de 1.476,04 MW para 299 MW e em setembro de 2023 transferiu o processo para a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (SEMAD-GO). Destacamos que o somatório das áreas destes cinco empreendimentos (4 UTEs e o gasoduto) totalizam mais de 2 mil hectares no Bioma Cerrado, ou seja, 2 mil campos de futebol. O processo SEI do Gasoduto Brasil Central da TGBC tramita desde 2019 no IBAMA, em 2013 foi emitida para este empreendimento a sua licença de instalação n° 982 e a última movimentação deste expediente ocorreu em dezembro de 2024, onde o IBAMA manifestou-se pelo arquivamento do processo na Unidade da Superintendência no Estado do Mato Grosso. 

Já as quatro usinas térmicas a gás estão em fase de licenciamento ambiental prévio junto ao Ibama e na SEMAD-GO, onde já foram apresentados pelos empreendedores e pelas consultorias de licenciamento ambiental os Estudos de Impacto Ambiental e seus respectivos Relatórios de Meio Ambiente (EIA-RIMA) e nas análises do Ibama há inúmeras solicitações de complementação de estudos, documentação e lacunas especialmente na questão do uso dos recursos hídricos especialmente em virtude do contexto de escassez hídrica das regiões onde as térmicas visam instalação e operação.

 

Foto: reprodução/ Sul 21/ Marcelo Camargo/Agência Brasil

Publicação: Sul 21

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Sob críticas de ambientalistas, Lula pede que ministérios elaborem ‘mapa do caminho’ nacional para transição energética

Medida que fala em ‘redução gradativa dos combustíveis fósseis’ vem em meio às repercussões sobre exploração na Margem Equatorial e três semanas após o fim da COP30, quando elaboração de documento semelhante para o mundo foi prometida pela presidência brasileira Por Lucas Altino e Luis Felipe Azevedo — Rio e Belém 08/12/2025 12h57 O presidente Lula determinou que ministérios elaborem,

Leia Mais »

POSICIONAMENTO: Não se financia solução ampliando o problema

O Instituto Internacional ARAYARA vê com profunda preocupação o fato de o despacho presidencial propor que a transição energética brasileira seja financiada justamente pelas receitas provenientes da exploração continuada de petróleo e gás. Trata-se de uma contradição estrutural: não é coerente — nem sustentável — financiar a superação dos combustíveis fósseis com a ampliação da sua própria extração. Essa lógica

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Congresso inclui em MP brecha para asfaltamento da BR-319, via na Amazônia que gerou bate-boca de senadores com Marina

A Licença Ambiental Especial (LAE), aprovada pelo Senado anteontem, contém uma brecha para a liberação da pavimentação da rodovia BR-319 em até 90 dias. A obra, que corta o coração da Amazônia, é apoiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e está no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ao mesmo tempo em que é criticada por ambientalistas,

Leia Mais »

URGENTE | Leilão do Pré-Sal: ARAYARA cobra governança pública e popular e defesa da soberania energética e climática

O Instituto Internacional ARAYARA vem a público manifestar profunda preocupação com a atual estratégia da Petrobras e a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), que insiste na entrega de seus ativos para acionistas privados e estrangeiros, em flagrante contradição com a emergência climática e a própria abundância de reservas nacionais já conhecidas. Esse contra senso é agravado diante da necessidade de que

Leia Mais »