+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: Leilão de potência reacende polêmica do carvão

Organizações criticam inclusão de UTEs a carvão no LRCAP: alto impacto ambiental e baixa eficiência

A previsão de contratação de usinas a carvão no leilão de reserva de capacidade (LRCAP) reacendeu a discussão sobre o papel — e os custos — dessa fonte fóssil na matriz elétrica brasileira, que é marcada por alta renovabilidade.

Organizações da indústria e ambientais criticam a insistência política na prorrogação do prazo do carvão na geração de energia, enquanto o setor carbonífero — concentrado na região Sul — defende que a descontinuidade do fóssil depende de planos concretos para uma transição justa.

O leilão, cujo edital foi publicado para consulta pública na última sexta (22/8), vai contratar termelétricas existentes a carvão e gás natural, além de usinas novas a gás, e a ampliação de usinas hidrelétricas. Os projetos precisam entrar em operação entre 2026 e 2030.

É a segunda versão da proposta do governo. A primeira, previa a realização do certame em junho, mas foi cancelada após judicializações.

A inclusão das térmicas a carvão e retirada dos biocombustíveis da concorrência acenderam o alerta na Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Aanace).

Em nota, a organização que representa indústrias que consomem 10 mil MW médios de energia e 1 milhão de m3 por dia de gás, aponta custo elevado, alto impacto ambiental e baixa eficiência na contratação das usinas.

E questiona a flexibilidade — um dos objetivos do leilão — nesse tipo de contratação.

“As usinas a carvão mineral disponíveis para participar do leilão têm prazos de entrada e saída de operação muito longos, não atendendo o principal requisito desse processo competitivo, que é o atendimento à demanda de potência flexível”, diz em nota.

Vale dizer: o MME propõe que a flexibilidade seja tanto um critério de habilitação das térmicas, como um fator de decisão dos lances vencedores.

Ao incluir o carvão, defende se tratar de uma opção por utilizar todos os recursos disponíveis no país para atender a rampa de carga — o entra-e-sai diário das renováveis.

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) se soma às críticas à inclusão de usinas a carvão e defende prioridade para “fontes rápidas e limpas” que garantam flexibilidade e segurança ao sistema elétrico.

“O leilão deve priorizar tecnologias capazes de fornecer agilidade operacional, como hidrelétricas reversíveis, sistemas de armazenamento em baterias e programas de Resposta da Demanda (RDV). Essas soluções conseguem despachar energia em segundos, enquanto uma térmica a carvão pode levar horas ou até um dia para atingir plena operação”, diz em nota.

Transição energética

Termelétricas aumentaram emissões por GWh em 2023, com maior uso de carvão

O caso Candiota

Instalada em Candiota, no Rio Grande do Sul, com 350 MW instalados, a usina termelétrica Candiota III é uma forte candidata ao leilão.

Seu contrato para fornecimento no mercado brasileiro venceu em 31 de dezembro de 2024 e, no momento, a UTE da J&F (Âmbar Energia) está despachando no mercado spot.

Para ambientalistas, a usina gaúcha é a principal beneficiada pelo novo edital. Isso porque o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Santa Catarina, já tem contratação prevista para entrar em vigor em 1º de janeiro de 2026, no Programa de Transição Energética Justa (TEJ) sancionado por Jair Bolsonaro em 2022.

“O Brasil não tem novos projetos de licenciamento ambiental de usinas a carvão em andamento, pois a UTE Nova Seival já teve o processo encerrado pelo Ibama, e a UTE Ouro Negro está sendo arquivada. Essa inclusão parece uma manobra para contemplar a UTE Candiota III”, comenta o gerente de transição energética da Arayara, John Wurdig.

A ONG ambiental aponta que entre junho e julho deste ano, mais de R$ 26 milhões foram repassados à Âmbar Energia, responsável pela UTE, pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), paga pelos consumidores. Mas esta energia está indo para os vizinhos do Brasil.

Também na sexta, a Arayara conseguiu na Justiça a derrubada da licença de operação de Candiota e determinação de uma série de ações climáticas. Veja a sentença (.pdf). Para participar da licitação, é preciso reverter a decisão.

Apesar desse movimento, a Associação Brasileira do Carbono Sustentável (ABCS) afirma que toda a cadeia produtiva do carvão segue funcionando, com todas as suas licenças e de acordo com todos os parâmetros legais.

“A ABCS reforça também seu compromisso com uma transição energética justa, inclusiva e responsável do ponto de vista ambiental, social e econômico”, diz o presidente da associação, Fernando Luiz Zancan, em nota.

Fonte: Eixos

Foto: reprodução/ Eixos/ CGT Eletrosul

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Seminário na Câmara debate minerais críticos e riscos para a crise climática

No dia 11 de setembro, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados realizou o Seminário “Minerais Críticos e Crise Climática”, reunindo especialistas, parlamentares e representantes da sociedade civil. O encontro discutiu os impactos da corrida global pela exploração de minerais estratégicos, como lítio, cobalto e terras raras, no contexto da transição energética. O seminário foi

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Manual de Sobrevivência: BdF lança podcast que propõe caminhos para os desafios climáticos

Produção explora possibilidades de futuro sustentável em meio à crise ambiental Já está no ar o primeiro episódio do novo projeto sonoro do Brasil de Fato. O podcast Manual de Sobrevivência propõe uma jornada pelas complexidades da crise climática e pela busca de soluções viáveis para os desafios atuais. Com apresentação da ativista socioambiental Gabi Brasiliae e do historiador e cientista político Juliano Medeiros,

Leia Mais »

ARAYARA assume cadeira no Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima durante seminário em Brasília

O Instituto Internacional ARAYARA participou do Seminário de Governança Climática, que integrou a programação do 2º Encontro Cidades Verdes Resilientes, realizado na última quarta-feira (10), no Auditório da Procuradoria Geral da República, em Brasília (DF). O evento reuniu representantes dos governos federal, estaduais e municipais, além de organizações da sociedade civil e instituições internacionais, e destacou a importância da integração

Leia Mais »