+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: Fracking: A ameaça silenciosa à Amazônia e ao agronegócio brasileiro

Uma reportagem recente revela fatos preocupantes sobre a expansão do gás fóssil no Brasil e sua ligação com o fracking — uma técnica altamente poluente e banida em diversas regiões do país.

No centro da polêmica, estão a construção de duas usinas termelétricas em Barcarena (PA) e o leilão de um bloco para exploração de gás em Mato Grosso.

Segundo levantamento do Instituto Arayara, a empresa norte-americana New Fortress Energy, responsável pelas usinas em Barcarena, importou 233 mil toneladas de gás natural líquido apenas em 2024.

A maior parte desse combustível teve como destino a Amazônia, vindo principalmente dos Estados Unidos e da Jamaica.

O problema? Grande parte desse gás é proveniente de fracking, ou fraturamento hidráulico — um método extremamente agressivo para o meio ambiente.

Empresas fornecedoras como Cheniere e Total Energies, que exportam o gás para o Brasil, reconhecem em seus relatórios o uso da técnica.

O fracking consiste em injetar milhões de litros de água com produtos químicos no subsolo para fraturar rochas e liberar o gás.

Essa prática está associada à contaminação de aquíferos, risco de terremotos, consumo excessivo de água, degradação de ecossistemas e emissões elevadas de metano, um dos gases mais potentes do efeito estufa.

Barcarena: Amazônia ameaçada

As termelétricas que estão sendo construídas em Barcarena, com financiamento de R$ 5,6 bilhões do BNDES, receberão gás importado em um terminal no Porto de Vila do Conde.

O destino do combustível inclui, por exemplo, a refinaria Alunorte, da empresa norueguesa Hydro, que já o utiliza para substituir óleo combustível.

Embora haja promessas de redução de CO₂, não se pode ignorar que o gás natural continua sendo um combustível fóssil.

E, neste caso, a origem do gás é ainda mais polêmica: ele vem de uma técnica proibida em estados como Paraná e Santa Catarina por seus riscos ambientais.

Fracking no Brasil? Mato Grosso é alvo

Outro ponto de alerta é o leilão de blocos para exploração de gás natural na bacia Parecis, em Mato Grosso — estado que é o maior produtor de soja do Brasil.

Um dos blocos foi arrematado por uma empresa ligada ao agronegócio, e segundo o próprio Ministério de Minas e Energia, o gás existente na região só é viável por meio do fracking.

Apesar de a Assembleia Legislativa do estado ter aprovado uma lei para proibir essa técnica, o projeto foi vetado pelo governador Mauro Mendes (União Brasil), sob a justificativa de que o tema é de competência da União.

O Instituto Arayara aponta que esses blocos estão sobre aquíferos, terras indígenas, assentamentos rurais e áreas de produção agrícola, colocando em risco a segurança hídrica e alimentar do país.

E a COP30?

A cidade de Belém (PA), próxima a Barcarena, será sede da COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas, em novembro deste ano.

Uma das metas acordadas na COP28 foi a transição energética e o fim gradual dos combustíveis fósseis.

Diante disso, é no mínimo contraditório o Brasil estimular a importação e a exploração nacional de gás natural por meio do fracking — especialmente na Amazônia e em regiões de extrema importância para a produção de alimentos e preservação de aquíferos.

A posição da FUNVERDE

A FUNVERDE alerta que não há nada de “sustentável” em expandir o uso de combustíveis fósseis, sobretudo com técnicas danosas como o fracking.

É fundamental que a sociedade civil, os parlamentares, as comunidades tradicionais e o setor científico se unam para impedir retrocessos ambientais travestidos de desenvolvimento econômico.

Precisamos de transparência, responsabilidade ambiental e compromisso real com as metas climáticas.

O futuro da Amazônia — e do planeta — não pode ser sacrificado por interesses imediatistas.

Fonte: Funverde

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

Câmara debate fim dos subsídios ao carvão mineral em audiência pública

Pela primeira vez na história do Legislativo federal, a necessidade de encerrar os subsídios fósseis foi discutida em audiência pública nesta quinta-feira (18), na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados. O debate, solicitado pela deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ), ocorre em um momento decisivo, com a análise do veto à Lei das Eólicas Offshore e a tramitação do Projeto

Leia Mais »

Estudos revelam que menos de 10% dos investimentos da Petrobrás são direcionados para energias limpas

Instituto Internacional ARAYARA participa de coalizão que propõe rota concreta de descarbonização da estatal Dois estudos divulgados nesta semana apontam caminhos para que a Petrobras assuma um papel de liderança na transição energética brasileira, mas alertam que os investimentos da companhia em fontes de energia de baixo carbono ainda são insuficientes. O documento “Questões‑Chave e Alternativas para a Descarbonização do

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia:Deputado Matheus Gomes realiza audiência pública em Pelotas sobre transição energética justa no Rio Grande do Sul

O objetivo é criar um espaço de escuta e troca de experiências sobre as perspectivas ambientais, econômicas e trabalhistas relacionadas à transição energética no estado Nesta quinta-feira (18), às 18h, Pelotas recebe audiência pública para debater os “Caminhos e desafios para a Transição Energética Justa no Rio Grande do Sul”. O evento, proposto pelo parlamentar Matheus Gomes, ocorrerá no Auditório

Leia Mais »

Mutirão TecnoClima discute papel da tecnologia na crise climática e aponta exclusões estruturais

No último domingo (15), o Instituto Internacional ARAYARA marcou presença no “Mutirão TecnoClima na COP30: Agenda de Ciência e Tecnologia”, realizado em Brasília, na sede da WWF Brasil. O encontro reuniu especialistas, organizações da sociedade civil e representantes de povos tradicionais para discutir o papel estratégico da ciência, tecnologia e inovação (CT&I) na governança climática internacional, destacando lacunas históricas que

Leia Mais »