+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ACP que denuncia maior ilícito de contaminação radioativa do país é destaque na Plataforma de Litigância Climática no Brasil

A Juma, Plataforma de Litigância Climática no Brasil, cadastrou no seu banco de dados a ação civil pública que o Instituto Internacional Arayara protocolou, em agosto deste ano, contra a Usina Termelétrica (UTE) Figueira, uma das mais antigas do Brasil. A ação denuncia irregularidades no licenciamento ambiental da usina e possíveis impactos à saúde pública e ao meio ambiente após mais de seis décadas de operação.

A base de dados da plataforma reúne informações sobre litígios climáticos nos tribunais brasileiros e a ACP contra a UTE Figueira é a primeira na Plataforma a abordar a reparação e valoração dos danos climáticos no contexto do setor de energia.

Entenda o caso

A UTE Figueira operou de 2002 a 2019 com uma licença com validade prevista para o ano de 2001, evidenciando possíveis falhas do Instituto Água e Terra (IAT), que não emitiu um parecer final sobre a renovação durante quase duas décadas. Em 2019, a usina recebeu uma nova licença de operação durante um período de “modernização”, que na prática, envolveu a construção de uma nova. Esta nova instalação foi realizada a partir de autorizações ambientais, ao invés de passar por todas as etapas exigidas de licenciamento (LP, LI e LO) e realização de EIA/RIMA, como deveria ocorrer legalmente, o que levanta questões sobre a regularidade do processo.

Apesar da outorga da UTE ter vencido em 2019, a ANEEL autorizou sua operação por meio de despachos, enquanto a COPEL, responsável pela usina, não cumpriu integralmente os requisitos para restabelecer a operação comercial, incluindo a obtenção de uma licença de operação válida. Em particular, a COPEL não atendeu a condicionante 7 da licença, que exigia a comunicação ao IAT sobre a finalização da obra. O não cumprimento das condicionantes, conforme estabelecido na condicionante 2, poderia resultar no cancelamento da licença e, consequentemente, na operação ilegal da usina.

O Instituto Arayara, maior ONG de litigância técnica ambiental do Brasil, exige que a Companhia Paranaense de Energia (COPEL), responsável pela UTE Figueira, compense os danos causados à saúde da população e ao meio ambiente. A organização também defende a criação de um fundo para apoiar a transição econômica do município de forma justa e planejada, preparando a região para um futuro sem a dependência das atividades carboníferas.

A diretora executiva do Instituto ARAYARA, Nicole Oliveira, destaca que o carvão utilizado na UTE Figueira apresenta uma elevada concentração de urânio, o que agrava os impactos ambientais. “Além dos danos climáticos, há um alto risco de exposição à radiação, especialmente para os trabalhadores que manuseiam esse carvão na usina”, alerta Oliveira, ressaltando a gravidade dos riscos tanto para a saúde humana quanto para o meio ambiente.

Processo destaca a necessidade de reparação e valoração dos danos climáticos gerados pelo setor energético, algo inédito na Justiça brasileira

De acordo com publicação da JUMA, o litígio da UTE Figueira se diferencia dos demais casos climáticos relacionados ao setor de energia que, tradicionalmente, discutem licenciamentos ambientais ainda em fase de autorização. “Neste caso, a ação surge após a denúncia de operação irregular da usina, levantando o debate sobre a valoração dos danos climáticos já causados, tornando o caso único na história jurídica ambiental brasileira”.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Gerente de Transição Energética do Instituto Internacional Arayara lembra momentos de desespero durante as enchentes que atingiram a região em 2024

“Era dia 29 de abril, eu estava na casa da minha vó, no município de Guaíba, e comecei a ficar muito impressionado com o volume de chuvas”, essa é a memória que o gerente de transição energética do Instituto Internacional Arayara, o técnico em Meio Ambiente e Engenharia Ambiental John Würdig, tem do início das enchentes no Rio Grande do

Leia Mais »

ARAYARA disputa vaga no Conama e fortalece a voz da sociedade civil

Instituição se destaca por sua atuação técnica e histórica em defesa do meio ambiente, dos biomas e das comunidades brasileiras O Instituto Internacional ARAYARA foi oficialmente homologado para disputar uma vaga no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), conforme edital publicado nesta quarta-feira (30). A eleição, válida para o biênio 2025–2027, ocorrerá entre os dias 2 e 9 de maio

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Apagão na Europa vira guerra de versões em busca de motivo para queda de energia elétrica

Uma reportagem exibida pelo Jornal da Cultura ontem (29/4) abordou os apagões que afetaram Portugal e partes da Espanha, cujas causas ainda não foram oficialmente esclarecidas. Inicialmente, veículos da imprensa europeia noticiaram que a fornecedora de energia elétrica em Portugal teria atribuído o incidente a um “raro fenômeno atmosférico”. No entanto, essa explicação foi posteriormente descartada. O primeiro-ministro português afirmou

Leia Mais »

ACP do Carvão: Grupo técnico reforça papel da sociedade civil para o cumprimento de legislação ambiental em SC

Nos dias 23 e 24 de abril de 2025, o Instituto Internacional ARAYARA participou das reuniões do Grupo Técnico de Assessoramento da Área de Recuperação Ambiental do Carvão (GTA), realizadas em Criciúma (SC). O encontro integra os trabalhos da Ação Civil Pública nº 93.8000533-4, que trata da recuperação dos passivos ambientais causados pela mineração de carvão na região Sul de

Leia Mais »