+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

A receita neoliberal para privatizar florestas

Foto: Floresta Nacional de Chapecó (ICMBio)

O Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo brasileiro foi autorizado hoje a licitar a concessão de exploração das Florestas Nacionais de Três Barras e Chapecó, no Estado do Santa Catarina, e a Floresta Nacional de Irati, localizada no Estado do Paraná. O decreto que autoriza a operação foi publicado no Diário Oficial nesta terça-feira (29/6).

A licitação deve ocorrer no primeiro trimestre de 2022.

Os três novos projetos oferecerão cerca de 9,7 mil hectares de área de manejo, que se somarão aos 2,5 milhões de hectares das áreas dos projetos já qualificados, informou o PPI. Os vencedores das licitações poderão explorar os recursos de cada unidade de conservação (UC) dentro de acordo com o plano de manejo da unidade e a legislação vigente, sob a fiscalização do Serviço Florestal Brasileiro (SFB). Com a concessão, o SFB planeja elevar o nível da atividade econômica nos municípios e estados onde estão presentes.

Os projetos de licitação estão sendo modelados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que divide com o PPI o papel institucional de agência de privatizações, concessões e parcerias público-privadas (PPP) do governo federal e dos governos estaduais que estão privatizando vários ativos, como empresas de saneamento, aeroportos, rodovias e outros.

O BNDES avalia que a privatização da gestão das florestas vai garantir o aumento da biodiversidade da floresta por meio da substituição das espécies exóticas por nativas; a proteção de espécies ameaçadas por meio da instalação de bancos de sementes; e um modelo de concessão que concilie a atratividade comercial com a garantia da recomposição da vegetação nativa, reduzindo os impactos à fauna local.

Esse é discurso neoliberal sobre a natureza. A forma de Primeiro, exime-se o Estado de se dedicar à proteção, regulação e aproveitamento economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente equilibrado – tudo que ecologistas dizem há décadas.

Depois relega-se o patrimônio público ao abandono e, no caso de unidades de conservação, como as florestas nacionais, deixando-as à indigência e colocando em risco a vida de seres humanos que nelas ou em seu entorno vivem, além de empurrar várias espécies à indigência – algumas, à extinção.

Por fim, voilá – a saída neoliberal para todos os males: entregar o bem comum os apaniguados do poder, sob o argumento de que eles seriam melhores “gestores” do que o Estado.

De quebra, ainda se coloca um agente financeiro público – o BNDES – para modelar essa destruição e presentear os vencedores das licitações com as mais baixas taxas do mercado, com as quais eles poderão auferir lucros altíssimos.

Está assim completa a receita neoliberal, da qual esse governo se alimenta.

A seguir, as características de cada floresta.

Floresta Nacional de Três Barras – Com área de 4,3 mil hectares, está localizada no município de Três Barras, em Santa Catarina, e apresenta característica da “mata de araucárias”, com potencial de produção de produtos não madeireiros, tais como o pinhão e a erva-mate, além de possuir plantios de Pinus e Araucária.

Floresta Nacional de Chapecó – Também em Santa Catarina, nos municípios de Guatambu e Chapecó, tem área aproximada de 1,6 mil hectares. Além dos plantios de Araucária, Pinus e Eucalyptus, apresenta potencial para a produção de produtos não madeireiros, como pinhão, erva-mate e sementes.

Floresta Nacional de Irati – Localizada entre os municípios de Fernandes Pinheiro, Imbituva e Teixeira Soares, no Estado do Paraná. Tem área de 3,8 mil hectares e é coberta com reflorestamento de Araucária, Pinus e Eucalyptus.

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Sob críticas de ambientalistas, Lula pede que ministérios elaborem ‘mapa do caminho’ nacional para transição energética

Medida que fala em ‘redução gradativa dos combustíveis fósseis’ vem em meio às repercussões sobre exploração na Margem Equatorial e três semanas após o fim da COP30, quando elaboração de documento semelhante para o mundo foi prometida pela presidência brasileira Por Lucas Altino e Luis Felipe Azevedo — Rio e Belém 08/12/2025 12h57 O presidente Lula determinou que ministérios elaborem,

Leia Mais »

POSICIONAMENTO: Não se financia solução ampliando o problema

O Instituto Internacional ARAYARA vê com profunda preocupação o fato de o despacho presidencial propor que a transição energética brasileira seja financiada justamente pelas receitas provenientes da exploração continuada de petróleo e gás. Trata-se de uma contradição estrutural: não é coerente — nem sustentável — financiar a superação dos combustíveis fósseis com a ampliação da sua própria extração. Essa lógica

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Congresso inclui em MP brecha para asfaltamento da BR-319, via na Amazônia que gerou bate-boca de senadores com Marina

A Licença Ambiental Especial (LAE), aprovada pelo Senado anteontem, contém uma brecha para a liberação da pavimentação da rodovia BR-319 em até 90 dias. A obra, que corta o coração da Amazônia, é apoiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e está no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ao mesmo tempo em que é criticada por ambientalistas,

Leia Mais »

URGENTE | Leilão do Pré-Sal: ARAYARA cobra governança pública e popular e defesa da soberania energética e climática

O Instituto Internacional ARAYARA vem a público manifestar profunda preocupação com a atual estratégia da Petrobras e a Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), que insiste na entrega de seus ativos para acionistas privados e estrangeiros, em flagrante contradição com a emergência climática e a própria abundância de reservas nacionais já conhecidas. Esse contra senso é agravado diante da necessidade de que

Leia Mais »