+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: Licenciamento ambiental: Congresso se prepara para julgar vetos de Lula

Parlamentares tentam acordo sobre os 63 dispositivos barrados pelo Planalto na Lei nº 15.190/2025, enquanto frentes empresariais pressionam pela derrubada das restrições

O Congresso deve analisar nesta quinta-feira o veto parcial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Lei Geral do Licenciamento Ambiental (Lei nº 15.190/2025), sancionada em agosto. O texto, originado do PL 2.159/2021, foi aprovado pelo Legislativo com mais de 400 dispositivos, dos quais 63 foram vetados pelo Executivo. Entre os pontos rejeitados, está a possibilidade de que o Licenciamento Ambiental Especial (LAE) fosse realizado em fase única, mecanismo que visava acelerar a liberação de empreendimentos considerados estratégicos.

O governo justificou os vetos por razões técnicas e ambientais, argumentando que o modelo monofásico poderia fragilizar o controle e comprometer a segurança jurídica do processo de licenciamento. O Ministério do Meio Ambiente defende que a LAE deve manter o formato trifásico, com análise prévia, licença de instalação e licença de operação, de modo a garantir a integridade socioambiental.

A Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE) recebeu, nesta terça-feira, representantes de diversas frentes parlamentares e entidades do setor produtivo para discutir o veto presidencial.

O objetivo, segundo os organizadores, foi buscar uma posição unificada antes da votação. “Vamos tentar essa conversa com o governo até o fim. Ainda não há decisão final sobre o posicionamento das frentes”, afirmou Passarinho.

Representando o PT, o deputado Zé Neto (PT-BA) defendeu um debate técnico e sem extremismos. “A questão ambiental é uma preocupação real do planeta, e não podemos nos afastar desse debate internacional. É possível modernizar, dar mais eficiência e celeridade, sem abrir mão do equilíbrio”, disse. Para ele, o diálogo entre governo e setor produtivo é essencial: “Aqui não há adversários. Nenhum setor produtivo pode dizer que o nosso governo foi danoso — ao contrário, muitos avanços ocorreram justamente nos nossos mandatos”.

Entre os vetos, um dos pontos mais controversos foi a exclusão da possibilidade de tramitação em fase única para o Licenciamento Ambiental Especial (LAE), proposta vista como estratégica para destravar investimentos em infraestrutura e energia.

Nesta terça-feira, o Instituto Livre Mercado (ILM) e mais de 80 entidades — entre elas CNI, CNA, Fiesp e Única — divulgaram um manifesto pedindo a derrubada integral dos vetos. Segundo o documento, as mudanças reintroduzem burocracia e comprometem a segurança jurídica. “O Brasil precisa de regras claras e proporcionais, que assegurem previsibilidade e estimulem o investimento sem comprometer a preservação ambiental”, diz o texto.

O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) reforçou que o objetivo não é confrontar o governo, mas restabelecer o consenso construído ao longo de duas décadas de debate. “Queremos recuperar a lei de licenciamento ambiental, destravar investimentos e promover o desenvolvimento sustentável. São 88 entidades dos mais diversos setores representadas aqui — do agro à energia, do saneamento ao comércio. […] O clima é de unidade e uma disposição de construção”, afirmou.

O senador Beto Faro (PT-PA) defendeu os vetos do presidente. Segundo ele, o texto aprovado pelo Congresso “era permissivo e inconsequente” e colocaria o Brasil em posição vulnerável às vésperas da COP30, que será realizada em Belém (PA). “Os vetos do presidente Lula foram absolutamente necessários. Caso contrário, o país estaria declarando ao mundo que não tem compromisso com o meio ambiente e a sustentabilidade. A manutenção dos vetos evita um dano extremo à imagem e à credibilidade do país”, afirmou.

Para o especialista John Wurdig, gerente de transição energética do Instituto Internacional Arayara, o governo ainda não apresentou, com clareza, as diretrizes da nova LAE. “O cenário sobre as diretrizes da Licença Ambiental Especial ainda não foi apresentado pelo governo federal à sociedade brasileira. Como estamos a menos de 30 dias da COP30, talvez seja estratégico para o governo esperar o término da conferência mundial do clima e somente depois passar a ‘boiada de projetos’ que serão contemplados pela LAE”, avaliou.

Segundo ele, a nova modalidade pode acabar “contemplando a expansão da indústria fóssil”, especialmente “a exploração de petróleo na foz do Amazonas e a inclusão de novas usinas termelétricas a gás e óleo”.

A coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo, também expressou preocupação com a possível derrubada dos vetos. “Se os vetos da Lei Geral do Licenciamento Ambiental entrarem em pauta, a tendência é a derrubada. Ou seja, o retorno de retrocessos muito sérios na nossa legislação. Vão voltar inconstitucionalidades e insegurança jurídica”, afirmou.

Segundo Suely, os trechos originalmente vetados incluem medidas que “facilitam o autolicenciamento com larga aplicação, criam conflito com direitos indígenas e quilombolas e reduzem o controle ambiental sobre empreendimentos financeiros e petroleiros”. Para ela, o risco maior é o de “voltar a um modelo de licenciamento marcado por interferências políticas e fragilização dos mecanismos de proteção ambiental”, finalizou.

Fonte: Correio Braziliense

Foto: Reprodução – Eduarda Esposito / CB / DA Press

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA toma posse no FONTE e cobra urgência e coerência na transição energética às vésperas da COP30

Ao longo desta segunda-feira (03), em Brasília, ocorreu a reunião de instalação do Plenário do Fórum Nacional de Transição Energética (FONTE), mecanismo consultivo da Política Nacional de Transição Energética (PNTE). Após mais de sete meses desde o processo eleitoral, o FONTE iniciou efetivamente suas atividades, em um encontro que reuniu representantes do governo federal, iniciativa privada e sociedade civil. Entre

Leia Mais »

ARAYARA é premiada em congresso internacional por estudo sobre financiamento halal para energia limpa

Pesquisa destaca o Green Sukuk como modelo ético e sustentável para viabilizar a transição energética, unindo princípios islâmicos e compromissos climáticos globais O Instituto Internacional ARAYARA conquistou reconhecimento internacional no Congresso Técnico-Científico Halal (CETEC Halal 2025), realizado nos dias 27 e 28 de outubro, durante o Global Halal Business Forum. O trabalho intitulado “Green Sukuk: Financiamento Halal para Projetos de

Leia Mais »

ARAYARA na Mídia: Ministério ignora críticas no próprio governo e mantém carvão em leilão de energia

O Ministério de Minas e Energia manteve a possibilidade de usinas a carvão participarem do próximo leilão de reserva de capacidade de energia. A decisão, às vésperas da COP30 (conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas), foi tomada sob críticas de ambientalistas, entidades de defesa do consumidor e de outras pastas do governo. O carvão desperta preocupação por ser uma

Leia Mais »