+55 (41) 9 8445 0000 arayara@arayara.org

ARAYARA na Mídia: Arayara move ação civil pedindo suspensão da UTE Candiota

Usina à carvão no Rio Grande do Sul retomou operações em abril e é questionada por ambientalistas, que alegam infrações ambientais e emissões de gases fora dos padrões

BRASÍLIA — O Instituto Arayara entrou com uma ação civil pública (ACP) contra a Âmbar Sul Energia alegando irregularidades na UTE Candiota III e pedindo a suspensão imediata das atividades.

Na ação, o instituto alega histórico de infrações ambientais, irregularidade em relatórios de monitoramento e emissões de gases poluentes fora dos padrões estabelecidos.

A usina a carvão de Candiota III retomou as operações em abril deste ano, após uma paralisação de 90 dias, promovida pela Âmbar Energia, devido à indefinição de novos contratos no setor elétrico.

Com a volta ao funcionamento, a Companhia Riograndense de Mineração (CRM),  retomou o fornecimento de carvão mineral para a usina.

Por meio de nota, a Âmbar — braço do setor energético do grupo J&F — informou que a usina opera em total conformidade com a legislação e possui todas as licenças exigidas, inclusive as ambientais.

“A usina é fundamental para a segurança energética do país, com capacidade equivalente a 9% do consumo do Rio Grande do Sul e posição estratégica no centro das maiores reservas de carvão mineral do país”, disse a empresa.

Na ACP, os ambientalistas se baseiam em relatório de fiscalização de 2017, onde constam 11 autos de infração, com valores corrigidos superiores a R$ 200 milhões, para justificar o pedido de suspensão, entre outros argumentos.

As infrações elencadas no processo incluem estocagem inadequada de óleos combustíveis na planta; não conformidade na gestão e tratamento de resíduos e efluentes; e armazenamento de produto perigoso em desacordo com as exigências.

Parte das alegações incluídas na ação são anteriores à aquisição da termelétrica de Candiota pela Âmbar. A Eletrobras concluiu a venda da usina em janeiro de 2024, ao custo de R$ 72 milhões.

Candiota era o último ativo a carvão da Eletrobras e foi vendida como parte do plano de descarbonização da companhia, que tem a meta de alcançar emissão zero de CO2 em 2030. Sozinha, a usina respondia por um terço das emissões da empresa.

Qualidade do carvão e emissões

A Arayara também sustenta um desafio técnico para a usina: “o caráter abrasivo das cinzas geradas por carvão de baixa qualidade têm causado desgaste acentuado nos equipamentos, fornecidos por empresa chinesa”.

De acordo com o instituto, essa incompatibilidade entre o combustível utilizado e a tecnologia empregada comprometeu o desempenho da usina, gerando produção abaixo do esperado e exigindo paralisações frequentes para manutenção.

A ação cita os extremos climáticos enfrentados em todo o país e alega que a operação da usina fere compromissos firmados no Acordo de Paris.

“No Rio Grande do Sul, ocorrem cheias, enquanto o Sudeste enfrenta ondas de calor. Na Amazônia, experimentamos secas e enchentes totalmente incomuns. Esses fenômenos estão ocorrendo em todos os biomas e infelizmente, fenômenos como esses vão se intensificar e ocorrer de forma mais recorrente, sendo urgente a mitigação das emissões, para atenuar os efeitos das mudanças climáticas”, argumentou.

O grupo ambientalista também pede à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a imposição de “obrigação de não fazer”, para que o órgão regulador se abstenha de conceder qualquer autorização de funcionamento à UTE Candiota III enquanto não forem comprovadamente sanadas as supostas irregularidades ambientais apontadas no autos.

Fonte: Eixos

Compartilhe

Share on whatsapp
WhatsApp
Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn

Enviar Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Redes Sociais

Posts Recentes

Receba as atualizações mais recentes

Faça parte da nossa rede

Sem spam, notificações apenas sobre novidades, campanhas, atualizações.

Leia também

Posts relacionados

ARAYARA na Mídia: Ministério ignora críticas no próprio governo e mantém carvão em leilão de energia

O Ministério de Minas e Energia manteve a possibilidade de usinas a carvão participarem do próximo leilão de reserva de capacidade de energia. A decisão, às vésperas da COP30 (conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas), foi tomada sob críticas de ambientalistas, entidades de defesa do consumidor e de outras pastas do governo. O carvão desperta preocupação por ser uma

Leia Mais »

Nota de Distrato sobre Subsídios a Termelétricas a Carvão na MP nº 1.304/2025

Manifestação contrária à inclusão de incentivos financeiros a usinas poluentes em tramitação na Comissão de Medidas Provisórias do Senado Federal, em defesa da transição energética justa e da sustentabilidade ambiental O Instituto Internacional ARAYARA e o Observatório do Carvão Mineral manifestam seu mais veemente repúdio a possibilidade dos Senadores da República incluírem na  Medida Provisória n° 1304, de 2025 subsídios

Leia Mais »

LRCAP 2026: nota de desagravo é emitida contra a portaria do MME que prevê leilão de usinas a carvão 

O Instituto Internacional ARAYARA, organização dedicada à justiça climática e à transição energética justa e sustentável, divulgou, ontem (27), uma nota de desagravo contra a Portaria Normativa nº 118/2025 do Ministério de Minas e Energia (MME), publicada em 23 de outubro. A medida estabelece as diretrizes e sistemáticas para o Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) 2026, que inclui a

Leia Mais »

ARAYARA apresenta contribuições à Carta do Bioma Pampa e crítica retrocessos ambientais no Rio Grande do Sul

Organização cobra coerência climática do governo estadual, denuncia arquivamento do Zoneamento Ecológico-Econômico e propõe inclusão de medidas sobre mineração do carvão, emergência climática e povos indígenas O Instituto Internacional ARAYARA, referência em justiça climática e transição energética justa, apresentou suas contribuições à consulta pública da Carta do Bioma Pampa, promovida pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, por

Leia Mais »