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A ‘lenga-lenga’ e o cavalo de Troia de Lula para a Amazônia

Em uma declaração que ofende as autoridades ambientais do país e todos os que lutam contra o aquecimento global, o presidente Lula chamou hoje de “lenga-lenga” o comportamento do Ibama por não acelerar a autorização de estudos sobre a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas. “O que não pode é ficar nesse lenga-lenga, com o Ibama sendo um órgão do governo e parecendo ser contra o governo”, declarou o presidente. Ele disse ainda que o estudo não significa que haverá exploração, uma declaração dúbia, para não dizer que o mandatário falta com a verdade.

O pedido de licença não pode ser resumido em um “estudo”. O Bloco 59 representa uma nova fronteira exploratória, onde só a Petrobrás possui mais de uma dezena de blocos propostos na costa Amazônica, que tem na ANP 328 blocos possiveis de exploração. Como o próprio setor afirma, é o novo pré-sal, uma nova e grande fronteira da indústria petrolífera que se instala no coração de um dos biomas mais sensíveis do mundo. O presidente sabe que aquilo que ele chama eufemisticamente de “estudo” será um passo dado sem volta, um cavalo de Tróia de presente para uma das regiões mais ameaçadas pelo aquecimento global.

O Instituto Internacional ARAYARA lamenta o posicionamento do presidente da República. Para usarmos a expressão adotada pela maior autoridade do país, lenga-lenga é a postura dúbia de governantes que se dizem preocupados com o aquecimento mas não resistem ao canto da sereia do poderoso setor de combustíveis fósseis, causa maior das mudanças climáticas que ameaçam o planeta.

Os incentivos aos combustíveis fósseis e a defesa da multiplicação de poços de petróleo no Brasil são particularmente graves por estarmos à véspera de sediar a COP 30. Este é o maior evento mundial em defesa do clima e dos esforços para evitar que a temperatura na Terra suba para níveis ameaçadores para a sobrevivência humana, especialmente nos países mais pobres.

A ARAYARA espera que o presidente Lula reveja seu posicionamento e chegue à COP 30 como um protagonista da diplomacia climática, alinhado com os esforços para evitar a aceleração do aquecimento global.

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