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Pesquisa internacional aponta pane em ciclo hídrico global

Pesquisa internacional aponta pane em ciclo hídrico global

Desde o início do século 20, o padrão de chuva no mundo está cada vez mais imprevisível, com aumento de secas ou tempestades extremas. Aumento na variabilidade da precipitação coloca em risco os ecossistemas e a existência humana

Precipitação de Cumulonimbus arcus sobre Zhuhai, China - (crédito: GAO Si)
Precipitação de Cumulonimbus arcus sobre Zhuhai, China – (crédito: GAO Si)

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Academia Chinesa de Ciências (Ucas) e do Met Office, no Reino Unido, revelou que a variabilidade diária da precipitação global cresceu 1,2% por década desde 1900. As análises mostraram que, atualmente, mais de 75% das áreas terrestres sofreram com esse aumento. Os impactos foram mais acentuados na Europa, Austrália e leste da América do Norte.

A variabilidade da precipitação se refere à irregularidade temporal e na quantidade de chuva. Isso resulta em períodos de seca mais prolongados e intensos e tempestades torrenciais mais frequentes.

Zhang Wenxia, autor principal do estudo, detalhou que a atmosfera mais quente e úmida devido às emissões de gases de efeito estufa está provocando eventos de chuva mais fortes e flutuações mais drásticas entre períodos secos e úmidos. Isso torna a previsão e a gestão das águas pluviais cada vez mais complexas e desafiadoras.

Desmatamento

Marcelo Seluchi, especialista do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), sublinha que a mudança do uso do solo é um problema. “Desmatar para produzir modifica o solo e o balanço da umidade. Se troca floresta por pastagem, diminui a evaporação do solo, que é muito importante para provocar chuva, especialmente em países muito grandes, como o Brasil. Se é uma área costeira, o oceano tem grande influência, mas, por exemplo, a região Centro-Oeste está muito longe da água, então essas áreas dependem bastante da umidade evaporada pelas florestas.”

Além da variabilidade da precipitação, a segurança hídrica global enfrenta novos desafios. Uma pesquisa da Universidade de Estocolmo, publicada na Nature Water, destacou a importância de considerar a origem da umidade que gera a chuva ao avaliar o risco de escassez de água.

Tradicionalmente, a segurança hídrica tem sido avaliada com base na quantidade de água armazenada em aquíferos, lagos e rios. No entanto, o novo estudo revela que os riscos são significativamente maiores ao considerar a umidade a favor do vento — aquela evaporada de outras áreas, que contribui para a precipitação.

Demanda

Os cientistas estudaram 379 grandes áreas hídricas ao redor do mundo e descobriram que a demanda por água, que chega a 32,9 mil quilômetros cúbicos por ano, está ainda mais ameaçada do que se pensava. O risco de o recurso faltar é de quase 50% maior do que o calculado usando métodos tradicionais que só consideram a área acima das bacias.

A pesquisa também destaca a influência da governança e das mudanças no uso da terra nas áreas a favor do vento. Se o desmatamento e o desenvolvimento agrícola forem predominantes em regiões onde a umidade evapora, a quantidade de precipitação pode diminuir, aumentando os riscos à segurança hídrica.

Conforme José Marín, doutor pela Universidade de Estocolmo e principal autor do estudo, os impactos das mudanças no uso da terra na disponibilidade de água em áreas a jusante dependem das transições de uso da terra e mudanças na evaporação. “Por exemplo, a substituição de florestas por pastagens reduz tanto a evaporação quanto a disponibilidade de água em áreas desmatadas e a favor do vento, respectivamente. Por outro lado, a conversão de terra seca em terras de cultivo irrigadas aumenta a evaporação e a disponibilidade de água”, afirmou, ao Correio.

Integração

O artigo reforça ainda a interdependência entre países e a importância de uma gestão integrada dos recursos. Como exemplo, existe a bacia do Rio Congo, na África, que enfrenta riscos consideráveis devido à falta de regulamentação ambiental e desmatamento em países vizinhos.

Além disso, as secas prolongadas são consideradas um grande desafio. Ao contrário de desastres naturais repentinos, como terremotos ou furacões, elas se desenvolvem lentamente, o que as torna mais difíceis de gerenciar.

A conscientização global sobre o problema tem aumentado, em parte devido ao acesso à informação pela internet. No entanto, conforme aponta um estudo recente, divulgado na revista Clean Water, há uma grande disparidade na capacidade de resposta entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Nações com alta renda per capita têm mais recursos para gerenciar os impactos da seca, enquanto aqueles com menos infraestrutura enfrentam maiores dificuldades.

Ao Correio, Jonghun Kam, coautor do estudo e cientista da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pohang, na Coreia do Sul, ressaltou que muitas nações não estão prontas para uma seca severa. “Esses países precisam de ajudas e doações internacionais. As descobertas do nosso estudo sobre análise multidimensional da conscientização global sobre a seca dão ideias sobre como construir um roteiro eficiente e eficaz para ajudas e doações internacionais para os países que têm lutado contra secas.”

Três perguntas para…

Juliano Bueno

Juliano Bueno de Araujo, diretor técnico do Instituto Internacional Arayara, acredita que a população não compreende a crise hídrica iminente(foto: Arquivo cedido) 

Estudos mostram que os padrões pluviométricos estão se alterando no mundo todo. Qual a situação do Brasil nesse cenário?

Diversos estudos têm demonstrado que o aumento da temperatura média do planeta causa uma intensificação do ciclo hidrológico, o que poderá ocasionar mudanças nos regimes das chuvas, como o aumento da ocorrência de eventos hidrológicos extremos, alterando fortemente a disponibilidade hídrica de uma região e a qualidade de vida da população. A análise da tendência de séries históricas de precipitação pluviométrica é uma das maneiras de se inferir a ocorrência de mudança climática brasileira. Já estamos convivendo com extremos climáticos. Houve três enchentes no Rio Grande do Sul em 18 meses, vemos agora regiões com mais de 100 dias sem chuvas, com queimadas, fumaça tóxica e devastação de territórios que equivalem ao tamanho de Portugal incinerado em semanas.

É possível reverter a situação atual?

É possível e necessário, para mantermos nossa existência da forma que conhecemos hoje. A restauração ecológica inclui mecanismos como a recuperação acelerada de áreas e biomas degradados e a transição energética, que reduzirá pela metade as emissões de gases de efeito estufa. Temos como exemplo Brasília, que está há mais de 130 dias sem chuvas e teve episódios de 7% de umidade do ar, pior que o deserto do Saara. Essa conjuntura mostra que temos que agir, e isso não deve ser protelado, pois pontos de não retorno de biomas e regiões podem nos colocar em circunstâncias ainda piores. Portanto, devemos associar novas políticas públicas e ações do setor privado e da sociedade para agir em prol de um objetivo principal: manter nossa existência e a dos biomas.

A população compreende a crise hídrica iminente?

Infelizmente, acredito que não. Sou conselheiro do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) e cientista em riscos e emergências ambientais. O que assisto é um conjunto de desinformações e pessoas acreditarem que estamos com a mesma abundância de água que o Brasil tinha 30 anos atrás. Nesse curto período, eliminamos 7,5% de todos nossos recursos hídricos — isso é o equivalente ao que a França tem de água. As projeções não são boas, o que significará o encarecimento da água, de alimentos e de todas as atividades que demandam esse elemento central na vida humana.

Organização acusa Copel de omitir R$ 1 bi em passivos ambientais antes da privatização

Organização acusa Copel de omitir R$ 1 bi em passivos ambientais antes da privatização

Instituto Internacional Arayara abriu uma Ação Civil Pública denunciando irregularidades na Usina Termelétrica de Figueira, incluindo o depósito inadequado de rejeitos radioativos

BERLIM — O Instituto Internacional Arayara entrou com uma Ação Civil Pública contra o estado do Paraná e a Companhia Paranaense de Energia (Copel) acusando as partes de negligência e irregularidades na operação da única usina termelétrica a carvão do Paraná, a UTE Figueira, localizada no município de Figueira, divisa com a cidade de Ibaiti, às margens do Rio Laranjinha.

A ação protocolada na terça (20/8) também denuncia a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por emitir a autorização da operação comercial da UTE Figueira sem exigência de licenciamento ambiental.

Segundo Juliano Bueno de Araújo, diretor técnico da organização ambiental, a usina apresenta um histórico de acúmulo de rejeitos tóxicos e radioativos, cuja disposição inadequada jamais teria sido devidamente fiscalizada pelas autoridades competentes.

“São verdadeiras montanhas de rejeitos tóxicos e radioativos que nunca foram fiscalizados. Pesquisadores da Arayara conduziram investigações durante nove meses, coletando amostras em dois municípios afetados, Ibaiti e Figueira” afirmou Araújo à agência epbr.

Os dados contidos na ação são de fontes secundárias, obtidos a partir de pesquisas realizadas ao longo das últimas sete décadas. Contudo, Araújo afirma que o próprio instituto realizou análises de campo e coletas, que “estão guardadas atendendo normas técnicas para fins de prova material”.

O Instituto Arayara pede que a Copel, o IAT (Instituto Água e Terra – antigo Instituto Ambiental do Paraná) e o Estado do Paraná sejam condenados a arcar com os custos de recuperação ambiental, estimados em R$ 1,1 bilhão.

O diretor da organização aponta que o governo do Paraná omitiu as informações do passivo ambiental nos relatórios de sustentabilidade e de venda da Copel, ocorrida através da oferta de ações na bolsa, que movimentou R$ 5,2 bilhões.

“Se o passivo ambiental da UTE Figueira tivesse sido corretamente revelado, o valor das ações seria significativamente menor, prejudicando o êxito do leilão e o processo de privatização”

A venda das ações resultou na redução da participação do Governo do Paraná no controle da empresa, que passou a deter apenas 15,65% do controle acionário.

Procurada pela agência epbr, a Copel respondeu que ainda não tem conhecimento da Ação Civil Pública. Já o Governo do Paraná optou por não responder às denúncias. O espaço segue aberto.

Histórico de irregularidades

A UTE Figueira é a usina termelétrica mais antiga em operação no Brasil. Segundo a ação, desde 1956 já se tinham evidências da presença de urânio e tório no carvão extraído na região, elementos altamente radioativos e perigosos.

Estudo de 2013 indicou que o carvão utilizado pela UTE Figueira possui a maior concentração de urânio (U) e tório (Th) entre os carvões brasileiros, tornando-o o mais radioativo.

Outros elementos perigosos como arsênio (As), cádmio (Cd) e chumbo (Pb) também foram encontrados em concentrações elevadas, representando um risco significativo à saúde pública e ao meio ambiente.

A ACP indica que os habitantes dos municípios de Figueira e Ibaiti podem ter sido contaminados pela disposição inadequada de resíduos radioativos e tóxicos, que teriam poluído o Rio Laranjinha e se dispersado pela atmosfera.

“Estes resíduos, lançados a céu aberto e alguns depositados a poucos metros do rio, representam um perigo imenso. A contaminação pode alcançar um raio de até 150 km, afetando toda a região,” afirma.

Segundo Araújo, os dois municípios afetados apresentam índices maiores de doenças neurológicas, como Parkinson, além de uma elevada taxa de abortos espontâneos, quando comparados a outros.

A exposição contínua a substâncias radioativas, tanto por inalação quanto por contato com água e solos contaminados, é apontada como a provável causa desses problemas.

Trabalhadores expostos à radiação

Os trabalhadores da usina também estariam expostos a gases radioativos durante o processo de queima do carvão, aponta a organização.

Araújo disse que o Arayara também fará uma denúncia ao Ministério Público do Trabalho para que uma investigação seja aberta.

“Os trabalhadores foram submetidos a um ambiente insalubre e perigoso, sem o devido conhecimento dos riscos envolvidos”, enfatizou.

O estudo citado na ação constatou uma concentração de radônio resultante das cinzas do carvão e nos processos da UTE-FRA pode extrapolar o máximo da dose anual de exposição à radiação ionizante permitida aos trabalhadores.

Operação sem EIA/Rima

Outro ponto da denúncia é a operação, por quase duas décadas, sem um licenciamento ambiental adequado, beneficiando-se apenas de autorizações que não exigiram estudos de impacto ambiental (EIA/Rima).

A licença ambiental, cujo pedido de renovação foi feito em 2001, foi prorrogada até 2022, mas só foi deferida em 2019, muito além do prazo máximo de seis meses estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Durante esse período, a usina continuou a operar “à revelia dos padrões de emissões e dispensando os efluentes,” aponta a ação, observando ainda que mesmo com essas irregularidades, foram concedidas sete autorizações ambientais para a “modernização da usina,” sem que houvesse a devida fiscalização ou cumprimento dos requisitos ambientais.

Reparação de danos

Na ACP, o Arayara pede a reparação de danos ao solo, ar e água causados pela operação irregular da UTE Figueira e que as condenações sejam convertidas em indenizações, a serem destinadas à população de Figueira e Ibaiti.

Além disso, a ação exige que a Copel forneça todos os dados de monitoramento de emissões e efluentes gerados pela UTE Figueira entre 2002 e 2024, e que seja realizada uma perícia técnica in loco para avaliar a extensão dos danos ambientais.

A organização ambiental também solicita que as autoridades responsáveis sejam obrigadas a adotar medidas de transição energética justa na região, promovendo a capacitação da população local para empregos sustentáveis e mitigando os impactos sociais e econômicos da desativação da usina.

Fonte: EPRB

Vazamento de petróleo no Rio Napo: comunidades da região amazônica em alerta

Vazamento de petróleo no Rio Napo: comunidades da região amazônica em alerta

Especialistas temem contaminação de áreas sensíveis aos povos indígenas que dependem desses ecossistemas para sua subsistência.

No dia 27 de junho, o Equador confirmou o vazamento de óleo no rio Napo, um importante afluente do rio Amazonas, conectando o Equador ao Peru. O derramamento ocorreu na região da maior reserva de petróleo do país, no Bloco 16, localizado na Província de Orellana, região leste do país. 

Ainda não se sabe se foram feitos os reparos necessários na tubulação, se o vazamento continua, e ainda, se este problema é exclusivo do bloco 16, ou ocorre também nas obras do bloco 43 e em outros empreendimentos do Equador. 

Detalhes cruciais como a quantidade exata do vazamento e a data do incidente foram omitidos pelas autoridades equatorianas. Isso deixou comunidades locais em pânico e em alerta diante de um possível desastre ambiental de proporções catastróficas, que pode atingir demais países da Pan-Amazônia.

“Evidências mostram o surgimento de efeitos físicos, psicológicos, genotóxicos e endócrinos nos indivíduos expostos para a saúde das populações que vivem em regiões expostas a derramamentos de petróleo.Em relação aos impactos ambientais, são listadas contaminações do solo, flora, fauna e água”. É o que diz  estudo apresentado na Revista Brasileira de Ciências Ambientais.

 

Perigo além das fronteiras

As poucas informações sobre o vazamento do rio Napo dificultam medidas de proteção em caso de contaminação, sobretudo para os países vizinhos. Não se sabe se o problema pode vir a atingir no Peru, na Colômbia, na Bolívia, em outros países, e também acarretar em riscos para o Brasil, que já protagonizou desastres como o derramamento da Baía de Guanabara (2000) e na costa do Nordeste (2019).

Outros incidentes causados pelos combustíveis fósseis já ocorreram na Amazônia Equatoriana. Em 2022, o rompimento de um oleoduto derramou 6.300 barris de petróleo no Parque Nacional Cayambe-Coca, afetando os rios Quijos e Coca. Neste último, ocorreu outro derramamento em 2020, com 15.000 barris de petróleo.

Apesar dos riscos conhecidos, o governo equatoriano continua promovendo projetos de exploração de petróleo na região, inclusive, na área interna do Parque Nacional Yasuní, uma reserva da biosfera reconhecida pela UNESCO. Esses empreendimentos não só colocam em risco a biodiversidade única da Amazônia, mas também ameaçam a vida de povos indígenas.

Biodiversidade e comunidades indígenas em perigo

1.  Pelo censo de 2022, Orellana abriga 86.166 habitantes;

2.  Na província também se encontra um dos símbolos do Equador, o Parque Nacional de Yasuní, reconhecido como Reserva da Biosfera pela Unesco, em 1989, e como uma das áreas mais biodiversas do planeta;

3.  A região  abriga povos Tagaeri e Taromenane, com indígenas em isolamento voluntário;

4. Há também a Reserva de Produção de Fauna Cuyabeno, conhecida pela sua grande diversidade biológica, mas também cultural, graças aos povos Siona, Secoya, Cofán, Kichwa e Shuar, que vivem na área mais central da reserva, especialmente, na comunidade Cofán de Sábalo.

Exploração de petróleo e desastres ambientais

O Brasil, que já enfrentou desastres ambientais como os vazamentos na Baía de Guanabara e na costa do Nordeste, está agora em alerta. A possível contaminação do rio Napo poderia afetar diretamente regiões como a Foz do Amazonas, onde o governo brasileiro enfrenta feroz oposição em relação à exploração de petróleo.

A disputa sobre exploração de petróleo na região é fervorosa e as posições do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e da pasta de Minas e Energia e da Petrobras divergem. A licença da empresa estatal para explorar petróleo na bacia marítima, a 500 km da foz do Rio Amazonas, foi negada em maio deste ano, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas o governo insiste na questão.

E qual a consequência disso? Mais derramamentos de petróleo e impactos indiretos desses grandes empreendimentos.  Desde a fase de estudo, perfuração, extração e produção, até o consumo, o petróleo emite diversos gases poluentes e é um dos grandes responsáveis pela crise climática que vivemos. 

“A decisão de promover a exploração e venda de mais combustíveis fósseis contrasta drasticamente com a realidade climática global e os eventos recentes que atestam sua severidade”, diz Juliano Bueno Araújo, diretor presidente do Instituto Internacional Arayara e da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida (COESUS).

Araújo explica que a projeção é que a curva de produção de petróleo e gás natural da União dê um salto nos próximos anos, com a produção de petróleo esperada para aumentar de 50 mil barris por dia atualmente para 564 mil barris por dia em 2029

 

 

Matriz Energética: Priorizando Fontes Sustentáveis

A matriz energética atual depende excessivamente de combustíveis fósseis, cuja extração e queima contribuem significativamente para o aquecimento global e a degradação ambiental. A mudança para fontes renováveis como solar, eólica, hidrelétrica e biomassa não apenas reduzirá drasticamente as emissões de carbono, mas também diminuirá nossa vulnerabilidade a flutuações nos preços de energia e aos impactos das mudanças climáticas.

Combustíveis  fósseis e mudanças climáticas

Nicole Figueiredo de Oliveira explica que o aumento de 204,6% nos processos de licenciamento para exploração de petróleo e gás nos últimos dez anos refletem uma tendência preocupante de priorizar ganhos econômicos imediatos em detrimento da sustentabilidade e segurança ambiental, indo na contramão da transição energética tão necessária para o equilíbrio climático do planeta.

“A exploração de petróleo e gás segue acelerada no bioma amazônico e os projetos de expansão em curso de petroleiras e de governos como Brasil, Peru, Equador, Colômbia e Guiana têm sido danosos. Há uma expansão de emissões de GEE (gases de efeito estufa) e o consequente aceleramento da crise climática. E somamos isso ao não cumprimento dos compromissos climáticos destes países, além dos danos ao meio ambiente e aos povos indígenas, incluindo os isolados”, alerta a ativista e diretora-executiva do Instituto Internacional Arayara.

Monitor da Amazônia Livre de Petróleo e Gás

O Monitor da Amazônia Livre de Petróleo e Gás foi lançado com o objetivo de centralizar e facilitar o acesso a informações detalhadas sobre a exploração de petróleo nos nove países amazônicos: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. A ferramenta interativa permite a geração de mapas e planilhas que cruzam dados sobre país, empresa, fase exploratória e detalhes específicos de localização, como terras indígenas e territórios quilombolas. 

A ferramenta foi desenvolvida pelo Instituto Internacional ARAYARA, com apoio do Observatório do Clima, Coalizão Não Fracking Brasil pela Água, Clima e Vida – COESUS, Frente Nacional dos Consumidores de Energia, Observatório do Petróleo e Gás, dentre outros.

 

 

Foto: Cedida pelo Ministério do Meio Ambiente das consequências do derramamento de petróleo no rio Piedra Fina, na Amazônia equatoriana. Indígenas e ativistas ecológicos alertaram sobre a chegada de traços de contaminação petrolífera às margens do rio Napo após o rompimento do Oleoduto de Petróleo Pesado (OCP), em uma área montanhosa afetada pela erosão do solo. Foto: EFE / DIVULGAÇÃO EL UNIVERSO

 

Protocolo de Adaptação, Resposta e Recuperação em Situações de Risco e Desastres Ambientais, Climáticos e Sanitários é apresentado no MPI

Protocolo de Adaptação, Resposta e Recuperação em Situações de Risco e Desastres Ambientais, Climáticos e Sanitários é apresentado no MPI

Em reunião com a ministra Sônia Guajajara, lideranças indígenas do Levante Pela Terra buscam apoio para levar documento ao Congresso 

Na última sexta-feira (5/7), representantes do movimento Levante Pela Terra estiveram no Ministério dos Povos Indígenas (MPI) para apresentar um importante documento: o Protocolo de Adaptação, Resposta e Recuperação em Situações de Risco e Desastres Ambientais, Climáticos e Sanitários.

Em uma audiência com a Ministra Sônia Guajajara, um dos coordenadores do Levante Pela Terra, acompanhado por líderes indígenas de diversas regiões, destacou as dificuldades enfrentadas pelos povos indígenas para acessar políticas públicas em situações emergenciais. Estiveram presentes também os indígenas Diego Lima Karaiju e Eloy Nhandewa; o assessor da Ministra, Jacinaldo Saterê, a consultora jurídica do MPI, Alessandra Vanessa Alves, e representantes do Instituto Internacional Arayara.

Durante a reunião, Kretã Kaingang compartilhou experiências cruciais vividas pelos povos durante a catástrofe no Rio Grande do Sul, onde comunidades inteiras perderam seus lares e encontraram obstáculos significativos para participar dos programas governamentais, devido a barreiras como a linguagem, a falta de conectividade digital e o preconceito cultural.

“A mídia repercutiu amplamente o resgate do cavalo caramelo, enquanto nossas comunidades indígenas foram negligenciadas e invisibilizadas diante da mesma tragédia”, lamentou o Coordenador do Levante pela Terra.

Este protocolo foi uma das principais demandas levantadas pelos 20 povos indígenas participantes da segunda edição do Levante Pela Terra, representando um esforço conjunto para garantir a inclusão e a proteção dos direitos indígenas em face dos desafios climáticos e sanitários. O documento foi elaborado com a colaboração não apenas de líderes indígenas de todo o país, mas também do Instituto Internacional Arayara.

O protocolo representa um legado significativo do Levante Pela Terra, e nossa meta agora é transformá-lo em um Projeto de Lei, visando estabelecer uma política nacional inclusiva para enfrentar as mudanças climáticas, com enfoque nos povos indígenas”, afirmou Kretã.

Após análise detalhada do documento, a Ministra Sônia Guajajara informou que o MPI foi convidado a contribuir na elaboração do Plano de Prevenção ao Desastre do Ministério do Meio Ambiente, reconhecendo que o protocolo poderá subsidiar estratégias específicas para assegurar a proteção e a adaptação dos povos indígenas diante dos desastres ambientais.

Guajajara ressaltou a importância de termos um governo democrático com representação indígena no executivo – um marco histórico – capaz de sensibilizar e evidenciar as causas dos povos indígenas no Congresso.

“Estamos apenas começando a escrever a história dos povos indígenas na institucionalidade brasileira, e isso é um processo que demanda tempo. No entanto, comprometemo-nos a articular para que este protocolo alcance outras esferas e sirva como base para políticas públicas que garantam os direitos dos povos indígenas”, frisou a Ministra.

 

 

 

 

Juventud de Loreto se une en la lucha contra el fracking

Juventud de Loreto se une en la lucha contra el fracking

Se llevaron a cabo dos capacitaciones por parte de COESUS en una escuela de Loreto, Maranhão

¿Qué es el fracking?

 

El fracking, también conocido como fracturamiento hidráulico, es un proceso que implica la inyección a alta presión de grandes volúmenes de agua, productos químicos y arena en capas de roca subterránea para liberar el gas natural atrapado. Aunque es una técnica utilizada en varios países, es controvertida debido a los daños ambientales y ecológicos que causa, incluyendo la contaminación del agua subterránea, la emisión de gases de efecto invernadero, los terremotos inducidos, entre otros.

La historia demuestra que la juventud brasileña siempre ha estado presente en los momentos más importantes de lucha y transformación del país. Ya sea en las manifestaciones por las “Diretas Já”, en las ocupaciones de 2016 o en las recientes huelgas globales por el clima, los jóvenes han sido protagonistas en la búsqueda de un futuro mejor.

El 26 de septiembre de 2022, COESUS – Coalición No al Fracking Brasil por el Agua y la Vida, una campaña del Instituto Internacional Arayara, llevó a cabo dos capacitaciones en la Escuela Paulo Freire, en la ciudad de Loreto, Maranhão. La acción contó con la participación de más de 200 estudiantes. Los analistas técnicos Helena, Dalcio y Esmeralda estuvieron presentes y aprovecharon la oportunidad para difundir información sobre el fracking e involucrar a los jóvenes en la causa climática.

Cada capacitación tuvo una duración aproximada de dos horas y contó con la participación interesada de los estudiantes. Entre los temas abordados se encontraba la relevancia de la juventud en la construcción de un futuro justo y sostenible. Esto se refleja en el hecho de que estas personas serán las más afectadas por los cambios climáticos en un futuro cercano.

 

Estudiantes de la Escuela Paulo Freire al finalizar la capacitación.

 

Dalcio Costa, activista de COESUS, destacó la importancia de concientizar y empoderar a los jóvenes sobre el futuro que desean. Según Dalcio:

“Concientizar es empoderar a los jóvenes acerca del futuro que desean. Es garantizar el futuro de la vida”.

COESUS y los analistas técnicos resaltaron la importancia de fomentar la participación de la juventud en momentos de transformación como los que se viven actualmente en cuestiones ambientales. Según la coalición, las capacitaciones y los diálogos como los llevados a cabo en la Escuela Paulo Freire son fundamentales para ampliar la conciencia y el compromiso de los jóvenes en las causas en favor del clima y el medio ambiente.